Fazia tempo desde a última vez que havia entrado em uma construção daquelas, e para ser sincero, me fazia lembrar bastante os momentos antes mesmo de ir morar em Nova Atlântica, momentos em que havia achado uma nova família dentro do Exército de Vera Cruz, e talvez a temática daquele andar justamente ter ligado as minhas memórias para aquela época tão passada mas que ao mesmo tempo parecia que nunca deixei o lugar para retornar a vida de civil. Não dei mais do que dez passos no interior antes de ouvir um som ao longe, era o processo de recarga da munição, com o puxar da alavanca de um fuzil. Levantei as mãos apenas para ouvir a explosão do disparo e em seguida, uma fenda no chão, poucos metros dos meus pés, um disparo luminoso do mesmo tamanho de um projétil e a julgar dos característicos sons, aquilo era um fuzil tático. O combate tinha sido iniciado e o teste para com o dever, muito provavelmente era só um palpite do cenário de base militar em que iria lutar, bem, era só um atirador, e apesar deste estar na vantagem por eu ainda não ter percebido onde exatamente estava, mas, conseguia ouvir o disparo provavelmente alguns centímetros antes de ser atingido.
— Muito bom, você realmente mudou muito desde aquela época. — Ouço uma voz assustadoramente familiar, mas não podia ser possível, se ele estava ali, muito provavelmente aquele teste ia ser um combate extremamente exaustivo. — Não se preocupe, os disparos não vão te matar, só que vai doer pra cacete. — Assegurou a voz.
Ouço passos ávidos, duas pessoas correndo em minha direção com tudo, uma vindo pelas costas e outra vindo pela minha direita, justamente as áreas que seria de mais dificuldade para desviar, o que me obrigou a fazer um salto para a esquerda, plantando os pés enquanto virei o rosto na direção dos atacantes, apenas para sentir uma dor excruciante no braço esquerdo, algo tinha cortado o local de raspão.
— Quando nos disseram que você realmente ficou desse jeito. — Disse o da esquerda, mais esguio.
— A gente queria ver até quando você estava, e melhorou bastante desde o seu serviço. — Riu o da direita, bem mais corpulento mas, não menos ágil que sua dupla.
— Que tal a gente dar um tempo nessa história e colocar o papo em dia? — Disse o atirador, saindo de sua cobertura consistente em um tipo de "parede de escalada" — Ah e foi mal pelo tiro, ainda estou me adaptando com esse aqui. — Disse apenas travando o fuzil 762 e esticando a mão em um aperto de mão caloroso.
É, eles tinham que me explicar o que estava acontecendo. e com certeza eu também tenho que explicar umas coisinhas para vocês. Normalmente, alguns familiares da minha família tem o costume de acabar tendo com que alguém de sua respectiva geração acabe servindo à algum tipo de serviço à favor do país, seja nas forças armadas ou como forças policiais, é um lance de família mesmo, acontece que em meu ano quando servi ao exército vera-cruzense, conheci muitas pessoas lá que realmente merecem meu respeito e minha amizade, e esses três caras faziam parte justamente do setor onde fazia trabalhos mais administrativos e tudo mais, praticamente a mesma coisa que fazia no ano seguinte quando fui contratado como bibliotecário no Shopping Continental, voltando ao que importa, o trio em específico era consistente nos três amigos e os meus mentores lá dentro.
Lucas foi o primeiro que conheci, um homem na casa dos seus trinta, aparência esguia e suas feições que lembravam bastante um personagem que claramente sabe te por em armadilhas e jogos mentais nos quais com certeza você não vai notar até ser tarde demais, isso também fazia jús com seu antigo apelido "Rei do Blefe". Fernando, de estatura corpulenta como um lutador de Wrestling foi o segundo que conheci e é uma das pessoas que sempre achei o que chamam de "alma da festa". Esse cara sabia mesmo como fazer levantar o astral de todo mundo além de ter uma grande experiência com o mercado financeiro, Fernando quase sempre usava de ternos e vestimentas mais formais durante o trabalho quando não usava as fardas o que fazia se destacar bastante naquele meio. Por último mas não menos importante; Valmir, que em termos físicos parecia um meio termo entre os dois amigos, mas que transparecia o olhar sério de alguém extremamente focado. Um prodígio quando o assunto era o conhecimento bélico, sempre muito esforçado e como provado logo acima, um exímio atirador. Agora com a passagem dos anos e sinceramente a adaptação do mundo fantasioso com o que era dito normal não só em Vera Cruz como no mundo, era muito legal saber que, outras pessoas do meu círculo social mais antigo, além de Aly e Darwin, tinham ganhado esse contato e aparentemente estavam bem com isto.
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Os Contos de Nova Atlântica II: A Provação dos Sete
Fantasia"Hey, pessoal! Animados para mais uma jornada de tirar o fôlego? Depois de uma luta épica com um boneco de borracha que se achava o próprio pecado em forma de brinquedo, a gente nem teve tempo pra tomar uma coquinha gelada. A vida de caçador de mist...