Nexus - Livro 5, Parte 1 - Ascenção (Romance Gay ABO)

17. Black

Nekomin (Lorde do Medo)

Depois do banho, me troco, janto com os demais e por fim vou para meu cantinho na caverna. Ao entrar no meu cantinho me deito sobre um tapete felpudo trazido a nós por Tris a um bom tempo e fico olhando o topo da caverna.

Devia ter segurado minha boca, acho que feri os sentimentos do Ciel jogando na cara dele sua origem - penso enquanto engulo a seco.

Sei que Ciel esta tentando seu melhor, mas tá sendo meio que estranho essa mudança repentina no comportamento dele, será que talvez, ele esteja entrando demais no conceito que rege. Lembro que Pai Enki e Orfeu me impediram de seguir em frente com meu treinamento de perpétuo, pois eu mesmo estava perdendo minha essência ao entrar no fluxo da mudança. Chamamos de Fluxo os conceitos que os Perpétuos regem, uma maneira simplificada de dizer nossas jurisdições, por exemplo o Pai Enki rege o fluxo da morte e Destruição, enquanto o Pai Orfeu rege o fluxo da vida e criação.

Tanto Pai Orfeu e Enki não são levados por seus fluxos pois ambos tem de amar a vida e a morte, mas eu que caso seguir o fluxo da mudança, me torno frio e imparcial pois, a mudança não deve pegar lados e sim agir igualmente para todos, assim como Kory e seu fluxo de sete antônimos da mudança. Conhecimento em si assim como a verdade incontestável são fluxos vindos da mudança, talvez Ciel possa estar sendo afetado pelo poder e nem percebe isso, e caso perceba esteja se deixando levar.

Me lembro que Pai Enki me disse uma vez que eu podia me perder no fluxo da mudança e seria extremamente difícil, beirando o impossível para me trazer de volta. Talvez Ciel esteja se deixando levar e sua forma de agir agora seja uma maneira de nós proteger, caso ele não consiga mais sair do fluxo. Mas pensando em um todo, será que Malkar realmente é mal, ou se deixou ser levado pelo Fluxo da maldade, se tornando oque sua jurisdição pedia dele.

Talvez Pai Kas e Kenai tenham razão em uma coisa, não existe inimigos no mundo, apenas seres que não tem a oportunidade de contar suas histórias.

Nekomin: mas, será que mesmo que Malkar tenho sido deixado levar pelo seu fluxo, eu conseguiria o perdoar ? - sussurro para mim mesmo.

Olhando para tudo de uma forma neutra agora, caso minha teoria dos fluxos seja verdade, não existe vilões e heróis nesta história, apenas seres que estão sendo levados pelo poder incontrolável que é os conceitos de um Perpétuo.

Ser um deus era muito mais simples que ser um perpétuo - penso me virando de lado, olhando a cortinha grossa que separa meu cantinho dos cantos do Dino que fica a esquerda e da Fony a direita.

Meus pensamentos são interrompidos, com Falen abrindo a cortinha do meu cantinho e entrando.

Falen: Como se sente ?

Nekomin: Bem, mas eu que devia fazer essa pergunta a você - falo me sentando e o fitando.

Falen: Tô bem.

Nekomin: Tava... - ia falar para Falen oque achava, mas meus instintos me param, como se não quisessem dar esperanças a ele.

Falen: Tava, oque ? - pergunta ele fechando a cortinha e se sentando em minha frente.

Nekomin: Tava pensando em aceitar o pedido da Tris.

Falen: De ir morar no reino dela ?

Nekomin: Bom sim, mas queria pedir uma fazenda a ela, uma onde podíamos levar uma vida normal sem ter que ficar nós deparando com outros Demi-humanos.

Falen: porque a mudança de idéia do nada ?

Nekomin: Moon, Dondon, Kurama, Kael e Elkin vão ser trazidos a nós daqui a dois anos, seria bom ter um lugar mais aconchegante para eles, Aloki e Gani - suspiro levemente ao terminar de falar.