Capítulo XII

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Cappincur, Irlanda 1870

Annelise se cansou de caminhar e decidiu que iríamos até Daingean de cabriolé, eu tinha um em Dublin então sabia conduzi-lo, porém Annelise não confiava tanto assim nas minhas habilidades.
- Brendon, você tem certeza de que sabe fazer isso? Eu sou jovem demais para morrer em uma vala na estrada. Está anoitecendo é perigoso. Ah meu Deus, quer saber foi uma péssima ideia. Vamos a pé mesmo - e fez menção de sair do cabriolé, não tive muito tempo para pensar em algo para impedi-la, e acredite eu não iria andar mais nenhum minuto, como uma atitude desesperada a puxei pelo braço e a beijei, foi rápido mas o suficiente para deixá-la perplexa e fazê-la ficar no cabriolé. A sensação foi ainda melhor do que a da primeira vez, confesso, mas vê-la desconcerta foi cruelmente divertido.
- Não acredito que fez isso! - foi aí que soube que ela já havia saído de seu transe. - Ontem mesmo disse que isso nunca mais se repetiria e hoje me beija só para me impedir de sair de uma "máquina assassina"? - máquina assassina? De onde as mulheres tiram essas coisas? - Quer saber você é mesmo um canalha!
- Posso falar agora? Se me permite realmente foi uma canalhice da minha parte, mas vai me agradece assim que chegarmos a Daingean com a metade do tempo. - falei de forma pragmática incorporando um verdadeiro canalha que não se importa com as consequências, mas no fundo o medo de tê-la magoado se tornou incessante em minha mente. 

Como esperado chegamos em Daingean com uma hora e meia, porém a dama ao meu lado ainda parecia muito descontente. Já estava a noite e o céu estava incrivelmente estrelado, a lua estava cheia no céu e o vento mesmo que frio era acolhedor. A pousada que o dono do cabriolé nos indicou estava incrivelmente iluminada e era possível ouvir a música que vinha de lá. Descemos do cabriolé e o deixamos com um criado e fomos até a recepção. Pegamos a chave do quarto e como de costume nos deparamos com um mais inferior que o anterior. Dessa vez Annelise não foi direto para o banho como de costume, pelo contrario ela foi até a janela e ficou lá fitando as estrelas. A luta contra os sentimentos tem sido difícil, não é exagero dizer impossível. Mas tenho que lembrar de tudo o que o amor já fez em minha vida, ele destruiu e devastou.
   Annelise que até então estava focada em admirar o céu se virou e me encarou de forma determinada o que deixou claro que ela queria respostas e que ela as teria. Não se moveu ao começar a falar, mas seu olhar era penetrante e de certa forma letal.
- Eu não posso continuar assim, não podemos continuar assim, essa situação está ridícula! -
- Do que esta falando?
- De nós, se é que é certo usar esse termo para nos definir. Brendon, uma hora você simplesmente me beija e na outra diz que isso é um erro. Eu não sei mais o que pensar e acredite eu não deixei tudo para trás para chegar até aqui e me sentir a mesma garota ingênua de antes.
- Eu sinto muito por fazê-la se sentir assim, mas quanto a nós isso é impossível... -
- Tudo bem, já tenho minha primeira resposta, agora vem a segunda, porque acha que um relacionamento que não deu certo define todos os outros? -
- Annelise, será que não percebe? O amor é uma mentira que contamos para nós mesmos e quando a verdade vem, ela dói, eu só estou tentado te poupar da dor que vai ser a decepção de perceber que nós nunca vamos dar certo, porque nada dura para sempre, principalmente o amor.
- O que você sente por mim Brendon? - e dessa vez ela chegou mais perto, bem perto, mesmo com seus 1,75 de altura perto dos meus 1,90 ela conseguiu me fazer recuar.
- Annelise... -
- Me responda, por favor Brendon, eu preciso que isso termine, já que não tem futuro me deixe seguir em frente! Porque eu não sei nem quando isso começou. -
- Eu...eu...eu não sei o que sinto por você. - ela passou a mão pelos cabelos e fechou os olhos como quem está clamando para que suas preces sejam ouvidas.
- Então me diz do que você tem medo, é de compromisso? É de que tudo acabe? É de amar? Porque nesse caso saiba que da mesma forma que você tem medo pois já passou por isso eu tenho medo porque nunca senti isso...antes. - e voltou seus olhos aos meus.
- Eu não tenho medo de compromisso, eu tenho medo do adeus. Eu não tenho medo do primeiro eu te amo, eu tenho medo do último. O amor dói, mas só sabe disso quem ama.
- Então o fato de que está doendo muito agora quer dizer que eu amo? - aquelas palavras foram como um soco no estômago.
- Eu não acredito, eu lutei tanto para que isso não acontecesse e olha está acontecendo exatamente aquilo o que eu temia, está doendo, só que dessa vez a dor começou mais cedo. -
- Já que é pra sentir dor, por que não amar de uma vez? Pelo visto a dor sempre vai vir de uma forma ou de outra. Me desculpa Brendon, pode me chamar de ingênua, inocente e estupidamente romântica, mas nesse caso eu prefiro acreditar que pode dar certo.
- Mas não pode... -
- Como vai saber se não tentar? - e se aproximou ainda mais, colocando-se na ponta dos pés e selando suas palavras com um beijo lento porém intenso.

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⏰ Última atualização: Jun 08, 2023 ⏰

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Uma Jornada em Busca da Liberdade por Milena Milão Onde histórias criam vida. Descubra agora