As Primeiras Mensagens

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一 O que?!?


一 Não grite!


 Já fazia mais de quinze minutos que estava tentando contar todo o ocorrido do Starbucks para Jason, mas ele parecia tão incrédulo com tudo aquilo quanto Nico. O moreno precisou explicar de novo, tintim por tintim. Se lembrar daquilo uma quinta vez acabou sendo muito bom, podendo analisar melhor o tom de voz e as palavras que o tal Will utilizou para falar consigo.

 Após terminar o relato, Jason ficou estranhamente quieto, com uma expressão pensativa no rosto e o olhar perdido. Ele ponderou as informações em silêncio, fazendo sua digestão dos fatos com muita calma. Sabia que Nico é muito fechado tanto quanto podia afirmar que seu nome é Jason Grace.

 Era algo tão incrivelmente maravilhoso que ele tenha trocado mais do que simples cumprimentos com alguém. Ao mesmo tempo, estava com medo. Considera o ômega seu irmão mais novo e só queria protegê-lo de tudo o que pudesse lhe fazer mal, como sua relação com o próprio pai, Hades.

 Jason recordava do dia que seu melhor amigo veio lhe pedindo ajuda antes da aula. Ele estava com roupas sujas, olhos marejados e a voz trêmula. Não tinha levado sua mochila e nem nada que se deve usar na escola. Foi quando ele lhe contou que seu pai lhe chutou de casa pra fora sem mais nem menos.

 Após o fim do dia, tinha levado ele para seu apartamento. Ele estava muito abalado. A maior parte do dia ficava pensando. Pegava-o com frequência com lágrimas nos olhos, apertando o travesseiro e mordendo o interior da bochecha como se punisse a si mesmo com isso. O loiro, quando ouve perguntas sobre essa época, fecha a cara completamente.

 As primeiras semanas foram as piores, mas, aos poucos, foi se adaptando a morar com ele. Tinham jeitos levemente diferentes de fazer as coisas e com o tempo as rotinas deles foram se moldando uma na outra, tornando tudo mais fácil e dinâmico. Mais de seis meses de convivência constante, eles eram praticamente como irmãos. E, no fim das contas, era assim que Jason se sentia em relação à Nico: Ele era um irmãozinho que ele não teve a oportunidade de ter antes.

 E cá estamos, com um Nico muito preocupado estalando os dedos diante do nariz de Jason para que ele voltasse ao planeta Terra e pudesse interagir sem ser levado direto ao passado outra vez, em tantas que você não tem ideia. O moreno, ao perceber que tinha conseguido o que queria, se endireitou e começou a bater o pé.


一 E então?


一 E então o que?


 O ômega bufou e seguiu para a cozinha fazer sabe-se lá o que. Meio relutante, mas curioso, foi atrás. Encontrou o menor mexendo em um dos armários do balcão, visivelmente procurando por algo que deveria estar ali. Talvez uma de suas tão preciosas barras de chocolate com café que ele gostava e Jason nunca entenderia como.

 Ao ver, nas mãos dele, que era exatamente isso, o loiro ficou enjoado. Já tinha provado aquele "doce" e não tinha gostado nem um pouco. A combinação do chocolate e "alguns" grãos de café não lhe fizeram bem: Duas semanas passando mal, vomitando e com um atestado médico durante toda a quinzena.


一 Como você consegue comer isso? 一 Murmurou a pergunta, apontando o dedo trêmulo na direção do embrulho azul escuro.


 Nico lhe olhou em um sinal de advertência. Não gostava que falasse mal de qualquer que fosse a coisa que ele adora, isso incluía objetos, comidas, músicas, poetas, vídeos e pessoas. O garoto era bem abrangente em suas formas de proteção. E mesmo se Jason, que é seu melhor amigo desde o jardim de infância, criticar uma marca de chocolate duvidosa em potencial, pode-se declarar um homem cada vez mais perto da morte.

Nem Tão Longe (Solangelo)Onde histórias criam vida. Descubra agora