Era um fato inegável e incorrigível: Bianca estava morta. Não havia muito o que ser feito. Nico não tinha forças para lidar com isso e nem tinha notícias de Thalia. A garota por quem sua irmã era apaixonada sumiu depois que ficou sabendo. Outra coisa muito difícil de não se notar era que seu pai não havia comparecido a nenhum dos enterros, no de sua mãe e de Bia, e não tinha se manisfestado ainda, deixando o ômega desconfiado.O grande evento inadiável que poderia acabar avacalhando com tudo era conhecer os pais de Will, seus sogros, e causar uma boa primeira impressão, mas como fazer isso com todo o vazio que sentia? De certa forma, tentou ao máximo ser gentil e responder a tudo que lhe foi perguntado.
Apolo foi muito compreensivo, apesar de não saber o que estava acontecendo. Lídia, por outro lado, era muito persistente, não de um jeito bom. Era invasiva na maioria das perguntas e não achava que poderia estar incomodando, o que o irritava. Odiava pessoas assim. Bryce era assim. Octavian derivava disso. Drew era assim, mas sabia que estava incomodando e gostava de incomodar.
Nico só esperava que a madrasta de Will tomasse juízo e começasse a filtrar o que dizia. Não queria mais problemas. Nem para ele, nem para o alfa. Já era difícil para ele falar sobre sua adolescência, imagine ter algum problema com seus pais agora, depois de adulto. O menor sabia que um dos maiores medos do loiro era não ter a aprovação do pai. E se ele o puxasse de canto e dissesse: "Não fique mais nem um minuto perto desse ômega. É apenas bagagem emocional pra você e pro resto da sua vida. Não vê isso?"
A possibilidade da bondade de Apolo ser uma farsa, um fingimento, o apavorava. Mas, em contrapartida, o que poderia fazer? Não conseguia controlar a visão das pessoas e nem a percepção que elas teriam de si. Precisava se recompor o quanto antes e lidar com isso, senão acabaria enlouquecendo.
Will já estava sendo gentil o suficiente estando do seu lado nesse momento difícil. Rebatia friamente cada comentário insinuoso da madrasta. Jason estava longe, ocupado com a própria vida. Leo tinha seus próprios problemas. Piper e Annabeth construíam sua vida juntas. Percy também era outro ocupado com os próprios anseios. Onde Nico se encaixava nessa confusão toda?
A culpa o atingia mais forte do que qualquer coisa. Bianca tinha morrido, indiretamente por sua causa. Se ela não tivesse planejado uma visita surpresa, não estaria a sete palmos de terra neste exato momento. Como não se culpar? Como? Di Angelo não sabia.
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Acordara de sobressalto depois de um pesadelo, mas Will o puxou para se deitar outra vez. Beijou sua têmpora e o abraçou, apertando sua cintura para que não se afastasse. Nico ficou imóvel por um instante, sentindo a respiração quente de Will contra sua nuca. O corpo dele colava-se ao seu. Pele com pele. Sem impendimentos.
Se não estivesse de luto, a sensação seria o suficiente para fazê-lo estremecer da cabeça aos pés, mas sua inquietação emocional não permitiu que se excitasse com o toque do alfa. Suspirou, corando. Ainda não conseguia se acostumar com o corpo dele com o seu depois de acordar. Era quase impossível.
Apertou um dos braços que rodeavam seu corpo com a mão fria, considerando se virar para ficar de frente com o namorado. Surpreso, sentiu a mão de Will subir até chegar ao seu ombro. O agarrou e o virou, dando de cara com seus olhos incrivelmente azuis. Contemplou-os por um tempo, sentindo o rosto esquentar.
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Nem Tão Longe (Solangelo)
FanfictionO que é um flerte em um Starbucks? Nada demais para alguém comum, mas, para Nico, tinha sido algo completamente impossível acontecendo. Ele é muito antissocial, quase uma fobia de sair de casa, e quando é forçado à ao menos ir comprar um café, se vê...