Você me Pertence

Capítulo 12, JIN POV.

Eram 08: 30 da manhã, quarto dia depois da festa. A mídia fervia falando do nosso namoro e do nariz quebrado de Ha-Yun.
Muitas especulações sobre isso já que a empresa conseguiu abafar a causa do soco, um pedido que SN fez, e com alívio viu ser atendido.

Ela estava dormindo profundamente, beijei seu cabelo e saí devagar da cama.
Peguei o celular e tinham algumas mensagens dos meus amigos, todas perguntando sobre nós.
Eles gostaram dela do jeito que pensei que fosse acontecer.
Mas ela não estava sendo metade do vendaval que costuma ser, e isso vem me deixando angustiado.

"Tenho a impressão que ela dirá sim pra qualquer coisa que eu propor, até acampar que eu sei que ela odeia. Isso não tá certo."

Falei pra eles quando ela pediu licença e se retirou pra dormir, no dia que todos jantaram aqui no meu apartamento.

"Hyung, ela passou por algo muito doloroso e tá reagindo muito bem. Você só precisa dar um tempo pra que ela se recupere."

Jimin argumentou comigo.

"Eu sei! Mas mesmo assim me entristeço por não poder fazer algo...."

Meu pensamento foi interrompido pelo telefone dela tocando, corri até a bancada e peguei antes que ela acordasse, era uma de suas amigas.
E agora? Eu atendo?
Resolvi atender para que elas não se preocupassem.
Três rostos conhecidos faziam uma vídeo chamada partilhada.

-Olá meninas.

Seus rostos não eram muito amistosos.

-Oi boa noite. Kd a SN?

Ela perguntou sem rodeios e também não se incomodou em corrigir o horário, aqui era dia.

-Ela tá dormindo. Se importam de ligar mais tarde? Acho que ela teve uma noite difícil.

- Como assim você acha?

- Bom! Ela claramente está tendo pesadelos, mas quando desperta diz não se lembrar de nada. Ela grita algo em português que não sei o que é, e não quero forçar nada perguntando.

Elas ficaram em silêncio como se estivessem se comunicando pelo olhar.

-Por favor, se vocês sabem de algo a respeito me digam pra que eu possa tentar ajudar. Eu estou começando a me desesperar com tudo isso.

- Tudo isso o que?

A mais alta quis saber.

-Além dos pesadelos que afirma não lembrar, ela tá sempre com o olhar distante, sempre distraída, e dizendo: "ok, tudo bem" pra tudo que eu proponho.
As vezes seus olhos enchem de lágrimas e quando eu pergunto ela sorri e diz que tá tudo bem, mas eu sei que não tá. Ela não implica, não diz "não" pra nada, não questiona...

-Não tem comido nada e tem dormido em excesso correto?

- Sim. Ela come bem pouco só pra me acompanhar, e tem se sentido indisposta com frequência.

- E lá vamos nós outra vez.

Ela observou minha expressão confusa, revirou os olhos e prosseguiu.

- Os primeiros dias depois que ela perdeu o bebê foram muito difíceis. Ela não comia nada, não bebia água, só chorava e dormia. Os pesadelos são sobre abandono, as palavras que ela grita são : "ele não é lixo", certo?

Acenti e me encolhi quando ela traduziu.

- Ela se sentiu culpada por não ter lutado pra enterrar o bebê. Mas depois de muitos dias nós convencemos ela a ser racional pq ali não tinha o que ser enterrado. Quando sua amiguinha falou a palavra aborto desencadeou tudo de novo pra ela.