23- Posso te pedir uma coisa?

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Bruna:

- Não, foi num dias desses depois do vôlei - Deixei elas refletivas por alguns segundos tentando lembrar do dia - Quando vocês foram tomar açaí.

- E você não contou nada pra a gente, que bela amiga hein - Jeniffer fala se levantando fazendo drama, como sempre.

- Tô falando agora - Dei um sorriso sínico.

- Mas só porque perguntarmos - Dessa vez quem fala é Raquel.

Ia me justificar mas antes que isso acontecesse a luz parou, consegui escutar meu irmão xingando do quarto dele por causa do video game.

- Será que foi geral? - Alice pergunta girando o dedo indicador de um lado para o outro.

- Não sei - Falo - Vamos descer, não tem nada pra fazer aqui no meu quarto.

Descemos e os meninos já estavam quase chorando porque estavam quase terminando a fase do jogo mais não conseguiram.

- Eu pensava que esses jogos fossem só uma fase - Raquel disse rindo se jogando na poltrona que meu pai costuma sentar - Meu irmão de nove anos joga esses troços.

- Chorem não babys - Alice fala irônica - Daqui a pouco a luz volta e vocês terminam essa tal fase. Enquanto isso... O que vamos fazer?

Histórias de terror - Lucas sugere levantando o braço - Tenho uma.

- Nem vem - Jeniffer fala tampando os ouvidos.

- Tá com medo de ter pesadelo e fazer xixi na cama neném - Meu irmão falou brincando, ou não.

- Como a sabia Bruna diz você é um 𝘪𝘥𝘪𝘰𝘵𝘢 - Jeniffer aponta para mim.

- Acho que a melhor opção é irmos dormir logo - Opinei mas Quel foi a única que concordou.

Lucas acabou contando sua história: - Um parente velho muito distante de uma família pobre morre e deixa a herança para essa família - Começou a contar com a luz da lanterna do celular ligada - Quando eles vão para casa que fazia parte da herança já tinha os funcionários, entre eles os que cuidariam das crianças.

Mesmo olhando para meu irmão consegui ver Jeniffer tampando os ouvidos com as próprias mãos. Nem me preocupei porque conheço bem Lucas, as histórias que ele conta são sempre chatas e não assustam ninguém.

- Um dia o menino mais novo foi jogar futebol dentro do quarto quando os pais tinham saído para trabalhar, mesmo que a mãe não tinha deixado. Abola bateu no teto e descascou um pouco do gesso e deu para ver uma passagem para o provável porão, ele e o irmão mais velho que também estava no quarto resolvem subir lá pra explorar mais da casa.Quando eles chegam lá tem um monte de fotos de pessoas antigas, entre elas tinham das pessoas que trabalhavam lá e nas fotos diziam que todos tinham morrido a mais de cem anos - Lucas parou para chamar a atenção de Raquel que não estava prestando atenção em sua história e mexendo no celular.

- Mas os funcionários descobriram que acharam as tals fotos, para mais ninguém saber da existência das fotos porque se não eles ficariam presos nelas para sempre - Pausa dramática de alguns segundos - Os funcionários trocaram de corpo com as crianças e as crianças ficaram presas na foto no lugar deles, e os funcionários que estavam no corpo das crianças mataram os pais deles e ficaram com a herança.

- Era pra dar medo? - A mesma menina que tinha tampado os ouvidos perguntou.

- Alguém tem algo melhor pra fazer? Por que não dá pra ficar escutando essas histórias do Lucas não - Raquel falou mexendo no celular.

- Eu opino por jogos de tabuleiro - Enzo levantou a mão como se estivesse numa sala de aula pedindo para ir ao banheiro.

- Eu acho uma boa ideia - Alice foi a primeira a concordar mas não demorou muito para todos menos Lucas concordarem também.

- Tem alguns jogos lá no meu quarto - Me levantei mas esbarrei na mesa de centro por causa da escuridão e quase caí.

- Vai com ela Enzo - Jeniffer deu a ideia - Quer dizer, meu priminho mais lindinho desse mundinho.

- Precisa mimar não! Eu já iria por conta própria.

Meu rosto corou igual a um tomate de novo, nunca fiquei tão feliz por estar escuro e ninguém conseguir ver.

Enzo pegou o celular de Raquel para acender a lanterna pois é um dos únicos com bateria, já que Lucas usou a lanterna de LED para contar a história de terror dele.

- E porque você disse que viria por conta própria? - Não sei de onde tirei coragem para perguntar isso.

- Não tá óbvio? - Parou de andar assim que chegamos no segundo andar me olhando - Eu gosto de você, pensei que tivesse ficado óbvio desde o nosso primeiro beijo mas pelo visto estava errado.

Subi os dois últimos degraus que faltavam ficando em sua frente, se eu continuasse na escada provavelmente sairia rolando até embaixo por causa da tremedeira nas minhas pernas.

Ele gosta de mim. Enzo gosta de mim mais que um amigo, tava na cara a um tempão. Amigos não se beijam.

Esse tempo todo eu também já gostava dele, meu coração acelera quando ele se aproxima, meu rosto queima quando ele fala algo vergonhoso, minhas pernas tremem igual agora, e sinto algo estranho na barriga que esse tempo todo neguei ser borboletas.

- Eu também gosto de você - Falei em voz alta pela primeira vez o fazendo sorrir, ainda estranhando esse sentimento.

- Tá zuando com a minha cara? - Perguntou em um tom fofo mesmo que a pergunta não tenho sido.

Neguei balançando a cabeça de um lado para o outro. Talvez se ele tivesse falado que gostava de mim antes eu perceberia que gosto dele.

Enzo segurou meu rosto com as duas mãos, e eu o beijei antes que ele pudesse fazer o mesmo. Esse beijo foi diferente do que os outros três que tivemos, talvez porque sabemos que tem o mesmo sentimento de ambos dos dois.

Parei o beijo antes que pudesse ficar mais intenso e segui na direção do meu quarto o puxando de um jeito engraçado entrelaçando nossas mãos.

- Vinhemos aqui para pegar os jogos não para se pegar - Falei já dentro do meu quarto soltando nossas mãos e apontando para as caixas que estão em cima do meu armário - Pega você, eu não alcanço.

Ele fez o que eu disse, colocando as duas caixas sobre minha escrivaninha e vindo na minha direção.

- Já peguei os jogos que você me pediu - Parou na minha frente - Agora posso te pedir uma coisa?

- Depende do pedido - Me aproximei mais um pouquinho quase encostando meu corpo no dele. Meu coração acelerou, acho que vou infartar, pela aproximidade ele também deve escutar meu coração igual eu escuto o dele.

- Me beija de novo - Pediu.

- Pensei que fosse pedir algo mais difícil - Fiquei na ponta dos pés para falar em seu ouvido.

- Tipo?

- Ah sei lá, você poderia me pedir conseguir acender a luz - Respondi antes que ele pudesse pensar que era em outra coisa, se é que me entendem.

Parei de enrolação e fiz logo o que Enzo pediu unindo nossos lábios, não demorou nem um segundo para ele segurar minha cintura me puxando para ele. Levei minha mão até sua nuca sentindo seu cabelo macio.

Esse beijo foi mais desesperado do que o do corredor. Enzo me arrastou até a parede imprensando minhas costas contra ela.

- Gente porque a dem... - Lucas apareceu na porta interrompendo o beijo - Não quero sobrinhos - Falou antes de fechar a porta e a abri-lá novamente.

- Eu tô falando sério, tá? Só pra garantir. E depois quero ter uma conversinha seria com você seu Enzo - Completou antes de finalmente ir embora. Meu irmão com ciúmes da irmãzinha mais nova dele? Isso é novidade.

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𝘾𝙤𝙣𝙩𝙞𝙣𝙪𝙖...

Só eu e Você (Em processo de reescrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora