39- Trouxe comida

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Bruna:

A voz, aquela voz. Que eu não ouço a muito tempo, a de Enzo.

- Oi Enzo - Falei tentando parecer que não tô surpresa, talvez emocionada, mas só um pouco - Tudo bem? - Minha voz falhou.

- Sim, e vo... - Consegui ouvir ele começar a me perguntar o mesmo, mas antes de terminar a frase Jeniffer pegou o celular da mão dele antes de completar a frase.

- Vai logo comer o seu lanche - Ela gritou com ele do outro lado da linha.

Ouvi um barulho da porta fechando.

- O que acabou de acontecer aqui? - Perguntei mesmo sabendo o que aconteceu.

- Enzo acabou de roubar meu celular pensando que você era Adam.

- Isso eu sei.

- Então porque perguntou?

- Desculpa Jeni, esqueci que você não entende ironia - Fui sarcástica.

- Me ligou pra isso? Me humilhar - Ameaçou desligar a ligação.

- Também pra isso - Falei rindo mas ela ficou quieta - Mas na verdade era só pra te chamar pra ir no parque de diversões que inaugurou esses dias.

Estamos a uns dias querendo ir lá, mas com a faculdade quase não temos tempo pra viver.

- Alice e Quel já confirmaram que vão - Completei.

- Tô tão cansada - O tradicional drama de sempre.

- Eu pago tudo que você quiser comer.

- Tá bom, eu vou, mas sabe... - Fez uma pausa - Eu não posso deixar meu querido primo sozinho com minha mãe aqui em casa coitado.

Ela não precisa nem terminar pra eu saber o que tá falando.

- Ele pode ir também.

- Nossa, sei como isso deixa você 𝘮𝘶𝘪𝘵𝘰 triste - Dessa vez ela que foi sarcástica - Você sabe que é só porque ele não pode ficar sozinho né? - Não pode ficar sozinho com 20 anos na cara.

- Claro que sei - Entrei na brincadeira.

- A minha mãe ia ficar perturbando o coitado.

- Sei.

Jeniffer desligou a ligação antes que eu pudesse falar mais alguma coisa.

- Então o Enzo tá de volta? - Giovana fala vindo em minha direção com um copo de suco na mão.

Se sentou na cadeira em frente a minha.

- Sim - Respondo.

Tô na casa da minha cunhada e do meu irmão. Eles estão morando juntos a pouco tempo - talvez mais de um mês - e daqui alguns dias eles vão se casar.

- Eai?

- Eai o que? - Arqueei a sombrancelha e ela bufou, isso que dá morar com Lucas, você fica até com os manias dele. Sei disso porque moramos juntos praticamente minha vida inteira e por isso não bato bem da cabeça.

- Vocês vão voltar?

- Impossível.

- Oxi, porquê? - Tomou um gole do seu suco.

- Nunca nem estivermos juntos - Lembrei de quando pensava que ele ia me pedir me namoro mas a mãe dele morreu antes disso.

Mas sabe, é claro que eu não culpo ele por isso, se minha mãe tivesse morrido eu nunca nem sairia de casa, ficaria com uma olhera gigantesca de tanto chorar.

Enzo foi forte, queria ter comprido com o que eu prometi pra mãe dele, no começo eu até tentei, mas é difícil fazer isso pelo celular, ainda mais por ele não me responder.

- Tá, que vocês nunca namoraram eu sei - Pegou o celular - Mas tô falando de voltar a ser como eram antes.

Antes dele ir embora e não responder mas minhas mensagens.

- Não depende só de mim - Abaixei a cabeça - Mas vamos mudar de assunto, falta menos de uma semana pra você se casar, não se preocupa com o relacionamento dos outros porque o que importa agora é o seu.

- Nossa, que bom que tá animada - Falou focada no celular - Talvez até mais que eu.

- Que foi? Se arrependeu de se casar com meu irmão? Ainda dá tempo de fugir.

- Falando de mim? - O próprio apareceu na porta da cozinha.

- Você não deveria está trabalhando?

- E você não deveria cuidar da sua vida? - Nem respondo, cansei de gastar saliva bringando com meu irmão (as vezes esqueço que cansei, mas coisa de irmão).

- Perdeu o argumento foi?

- Vou dar o fora daqui - Gi se levantou.

- Não vai não - Eu e Lucas falamos juntos. Finalmente concordamos em algo.

- Eu sai do trabalho pra almoçar contigo e você não vai sair por causa dessa garota aí - Apontou pra mim.

- Vai sonhando que vou cozinhar.

Não sei como sobrevivem se os dois não sabem cozinhar.

- Eu trouxe comida - Lucas levantou o braço mostrando a sacola de comida. Talvez eu saiba.

- Então, eu saí de casa pra ajudar minha amada cunhada pra ajudar nos preparativos do seu casamento - Sorri - Acho que eu mereço um pagamento.

[...]

Óbvio que almocei na casa do meu irmão, eu não ia "trabalhar" sem receber pagamento - mesmo que já tenha feito isso nos últimos 5 ou 6 meses ajudando minha cunhada com o casamento. "Ajudando" é uma palavra muito forte, só a ajudei com a cor dos vestidos da madrinhas até porque sou uma -, e depois que meu irmão voltou pro trabalho (para minha felicidade) voltarmos aos preparativos.

Até hoje não sei quem vai ser o padrinho comigo para entrar na igreja, todas as outras madrinhas já sabem quem são seus pares, Jeniffer e Adam são um exemplo disso.

Nesse momento estou saindo de casa para ir ao parque.

Entro no meu carro e coloco minha bolsa no banco de trás. Sim, eu tenho um carro, aliás é um Jeep. E eu trabalhei por ele, diferente do meu irmão que quando fez 18 anos ganhou um carro dos meus pais.

Infelizmente tenho passado muito tempo com meu irmão, mesmo depois dele ter saído de casa.

Pensando bem, mesmo se ele estivesse na casa dos meus pais não estaríamos morando sobre o mesmo teto.

É, também não moro mais na casa que cresci, que também podemos chamar de "casa dos meus pais". Me sinto muito e pouco ao mesmo tempo independente com isso. Até porque não moro sozinha, moro com Alice e Raquel.

- Estamos indo - Alice falou esperando Quel passar pra poder fechar a porta.

- Jeniffer vai pensar que a gente desistiu - Gritei ligando o carro pra apressar as duas.

- Ela é sempre a última a chegar - Raquel passou pela porta com o all star desamarrado nos pés.

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𝘾𝙤𝙣𝙩𝙞𝙣𝙪𝙖...

Só eu e Você (Em processo de reescrita)Onde histórias criam vida. Descubra agora