#𝟎𝟏𝟓 𝐀𝐊𝐖𝐀𝐑𝐃

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Desde que acordei tento me convencer de que não estou arrependido pelas coisas que fiz na noite anterior, mas não consigo.

Nesse lençol gelado eu me reviro apenas com os meus pensamentos angustiantes. Louis não está aqui.

Eu imagino que ele já tenha ido embora, é assim que as coisas costumam acontecer, e isso está me gerando muito estresse porque não deveria ser assim.

Seria simples se ele fosse qualquer outro cara que eu já dormi e que nunca mais vou ter que ver na vida, mas não, eu vou ver ele daqui três dias para falar sobre algo que vai definir o meu futuro e só consigo pensar no fato de que nós transamos.

Toda vez que essa palavra passa pela minha cabeça, uma vertigem me domina.

Aconteceu. Tenho que começar a aceitar que nada vai mudar o que aconteceu e que tenho que lidar com as consequências e quando voltar para faculdade, com os olhares também. Tenho que lidar com o fato de que posso ter destruído com a reputação de um professor só porque não consigo manter minhas pernas fechadas.

Ele foi embora.

O resto de razão que sobrou no meu corpo me alerta sobre eu ter que ir no trabalho ainda hoje, então levanto e vou escovar os dentes. Quando tiro a roupa para entrar no banho vejo os arranhões no meu corpo. O que eu fiz.

Penso nas palavras de Atlas, nas palavras da minha irmã e em todas as pessoas que já me disseram sobre eu lidar com os meus problemas com sexo porque não sei lidar com pessoas. E, claro, penso no fato de que Louis foi embora. Fizemos o que fizemos e ele foi embora.

Eu nunca dei a mínima. Eu na verdade preferia que as coisas fossem assim. São fáceis, sem mensagens, sem promessas de ligar no dia seguinte, aconteceu, foi ótimo, mas não pretendo te ver mais. Mas é o Louis. Não dá para agir como se ele fosse a porra de um gigolo.

Quando abro o closet tenho vontade de morrer. O seu casaco está ali. Ignoro-o como o Diabo faz com a cruz e visto a minha roupa. Não penso muito quando agarro o casaco e desço as escadas decidido a tirar aquele peso do meu guarda-roupas, mas congelo quando vejo Louis fumando no meu sofá.

─ Sua boca está machucada, não deveria fumar até que ela cure. ─ é a única coisa que sou capaz de dizer mas antes que eu consiga me sentir um completo idiota, ele sorri e se levanta, caminhando até mim.

─ Vamos conversar?

─ Já estamos conversando. ─ desvio do seu corpo engolindo seco e vou para a cozinha, ignorando fielmente a mesa do café da manhã perfeita.

─ Eu estou falando sobre ontem, vai ignorar que aconteceu?

─ Não acha que é muito cedo para cuspir no prato que comeu? Eu sei que foi errado e eu também me arrependo, mas aconteceu, tá bom? Não me incrimina por isso porque não te obriguei a transar comigo.

Ele parece em choque. É impossível ignorar ele agora.

─ Você se arrependeu. ─ não é uma pergunta. ─ E sentiu que foi errado. ─ ele ri desacreditado e vira de costas para mim.

─ Louis, eu achei-

─ Você acha muito. ─ ele se vira parecendo irritado. ─ E sempre errado quando se trata de mim. Você é estranho, Harry. Não dá pra te ler porque de repente você decide surtar e começar a ser o ser humano mais babaca do mundo e no outro quer beijos e agir como namorados. Era por isso que eu queria conversar sobre ontem, eu queria saber como você estava se sentindo sobre Atlas. Sobre ter sido humilhado, não sobre a gente ter transado.

Eu não consigo dizer nada. Minha boca seca e só consigo encarar o rosto de Louis. Eu sou tão péssimo assim.

─ Esquece. Eu estou indo embora. ─ ele se vira e começa a caminhar para longe.

𝐀𝐅𝐄𝐓𝐑𝐎𝐏𝐈𝐀 ── larry stylinson.Onde histórias criam vida. Descubra agora