#𝟎𝟐𝟏 𝐅𝐀𝐂𝐄 𝐓𝐇𝐄 𝐓𝐑𝐔𝐓𝐇

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*uma semana depois*

Arrasto meu corpo da cama pela primeira vez em dias, tudo isso por conta do barulho irritante e repetitivo da minha campainha.

Quando abro e vejo a cabeça loira de Niall resmungo e tento bater a porta na cara dele, mas meu amigo é mais rápido e espalma a mão na madeira da porta, a empurrando até que eu desista e me vira de costas para ele, andando de volta para o quarto como um peso morto.

─ Achou que ficaria vivendo dentro dessa casa como um homem das cavernas e seu amigo incrível não iria te resgatar?

─ Dê o fora da minha casa, seu invasor! ─ resmungo com o rosto enfiado no travesseiro.

─ Você não dá mais sinal de vida e espera que eu simplesmente suma? Você é doido. Não, isso é fato, você endoidou de vez, não é? Seu celular está descarregado há dias e você não tá aparecendo na escola para trabalhar.

─ E como você sabe disso?

─ Uma tal de Florence, muito linda aliás, me ligou perguntando por você. Não é uma gracinha que eu esteja na sua lista de contatos para emergência? ─ ele sorri convencido e se senta na ponta da minha cama, analisando a bagunça do meu quarto.

─ É preocupante, você mal sabe se cuidar.

Niall ri mas seu olhar é de pura preocupação. Não consigo sustentar isso e me sento na cama de forma que só consigo ver ele por visão periférica.

─ Eu não queria espalhar fofoca, mas vi o Atlas com o rosto todo machucado, como se tivesse... apanhado de alguém.

Atlas apanhou?

─ Apanhado? Isso não deve ter a ver com o que aconteceu comigo, ninguém naquela faculdade realmente se importa com pessoas como eu, Niall.

─ Ainda assim, ─ ele se vira para mim e pega uma das minhas mãos que estão deitadas de forma desajeitada sobre minhas pernas magras, então olho pra ele.─ alguém parece se importar, porque um professor por acaso sumiu da faculdade na mesma semana em que Atlas apareceu cheio de bandagens.

Meu peito se arde com a possibilidade de Louis ter me defendido. O sentimento se ascende dentro de mim como uma pequena faísca de esperança, mas tão, tão pequena, que se torna indiferente no meu coração machucado.

─ Desculpa te decepcionar, mas isso não significa nada. Afinal, é isso que ele faz. Foge.

─ Do que você está falando?

Quando Niall disse que eu não dei sinal de vida, ele não estava brincando. Depois da pior notícia da minha vida, me tornei o maior covarde da face da terra, e... um tanto paranoico.

Pensava o tempo todo que as pessoas que me vissem na rua, mesmo aquelas que não me conhecem, saberiam do meu segredo sujo e me despensariam pelo nojo de uma mente devassa.

Esse não sou eu. Na verdade, sou alguém muito, muito tímido, e poucas pessoas tem essa visão de mim.

Acontece que, quando você está agraciado pela solitude, você se torna o ser mais vulnerável e qualquer loucura que alguém, normalmente aqueles que te prometem uma cura temporária, pede, se torna uma vontade sua também, porque nada avalia mais uma alma carente do que satisfazer aqueles que estão ao seu alcance, mesmo que Atlas nunca estivesse no meu.

𝐀𝐅𝐄𝐓𝐑𝐎𝐏𝐈𝐀 ── larry stylinson.Onde histórias criam vida. Descubra agora