Cura

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Ergo a cabeça para encontrar seus olhos, mas minha irmãzinha já não está lá. Vejo apenas uma mulher que fez suas escolhas, impulsionadas pelo medo, dúvidas, raiva e dor.

— Acho que encerramos essa fase aqui... Jinx. — digo, esboçando um sorriso sutil. Nunca imaginei que diria esse nome novamente, mas percebi que já o fiz uma vez. Ao dizê-lo agora, não me trouxe mais culpas, pelo contrário.

— Ah, finalmente! — exclama ela, guardando suas armas e se preparando para partir. Vejo uma mochila com latas de tinta e, obviamente, já sei o que ela vai aprontar. — Não será a primeira nem a última vez que nos veremos, Vi.

— Eu sei! — respondo com firmeza.

— Até a próxima... mana! — foram suas últimas palavras antes de lançar suas bombas de fumaça e desaparecer. Me encontro sozinha na escuridão, iluminada apenas pelo brilho da lua. Uma epifania me atinge e lembro de algo. Retorno correndo para a festa, em busca da anfitriã da casa. Ao encontrá-la, seguro minhas coxas para recuperar o fôlego.

— Huh, Violet? Está tudo bem, querida? — Ergo a cabeça, encarando os rostos confusos ao meu redor.

— ... Eu... entendi... o que você... queria dizer! Desculpe, corri rápido e agora estou sem ar. — Inspiro profundamente, alguns cochicham e me olham, mas eu os ignoro. Após recuperar o fôlego, ajeito meu cabelo e minha roupa, encarando-a com seriedade. — Sobre todo aquele negócio do tempo, prédio e ferida, e-eu finalmente entendi. Eu não gosto da sua filha! — Ergo a voz, para que todos ouçam. — Eu... AMO a sua filha! Amo sua filha e não só morreria por ela, como lutarei por ela todos os dias!

As pessoas me encaram surpresas, porém a mulher com quem queria falar me olha extasiada, e um sorriso cresce me seu rosto. O pai de Cait se aproxima, e agora os dois me observam sorrindo.

— Estamos orgulhosos pela sua atitude. Só acho que não precisava gritar, hehe! Mas admiro a coragem. — Coragem. Essa sensação... há quanto tempo não a sentia...?

— Você entendeu mesmo o que eu disse? — questionou, tocando meu ombro.

— Cada palavra! — respondo com seriedade, ela me abraça e em seguida seu marido se junta a nós. Me despeço deles e procuro por Cait, que encontro sozinha na cozinha, cabisbaixa. Acho que ela pensa que fui embora. Me aproximo de dela, fazendo-a perceber minha presença. — Por que essa cara, cupcake?

— E-eu achei que você tinha... — interrompi, unindo nossos lábios. Não me importo se há pessoas olhando, tudo que eu quero é saborear esse delicioso cupcake. Desvencilhei-me dela e segurei sua mão, conduzindo-a até o segundo andar. Mesmo atrapalhadas, continuamos nos beijando pelo trajeto até seu quarto, mas ao perceber onde estávamos, ela parou. — Talvez... seja melhor ir para minha casa. Posso dizer à minha mãe que houve um contratempo e... — A interrompi novamente com um abraço.

— Vamos lá, você vai mostrar para o medo quem manda! — A solto e ela permaneceu hesitante. — Essa é sua casa, você cresceu aqui e nada deveria te impedir de entrar nesse quarto e fazer amor comigo por três horas! Bem, talvez cinco. — falei e ela riu. Sem questionamentos, apenas afirmou com a cabeça e dirigiu-se até seu antigo quarto, tocou na fechadura, respirou fundo e abriu a porta.

Assim que adentramos, agarrei-a pela cintura e uni nossos lábios em um beijo úmido. Minha mente estava confusa... mas agora, essa sensação não persiste em mim. Cait pressiona-me contra a porta apressadamente, tranca-a, desliza suas mãos pelo meu corpo até alcançar meu pescoço, arranhando com suas unhas. Suspiro com seu toque, ela está bem atrevida.

Entre fios vermelhosOnde histórias criam vida. Descubra agora