Noite caótica

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[...]

Ok... Não faço ideia do que acabou de acontecer, mas eu gostei. Vi tá no banheiro há quase meia hora. Será que dormiu lá dentro? Não duvido, pelo jeito que dormia no hospital. Levanto, vou ao banheiro e bato suavemente, aguardando alguma resposta.

— Vi? Dormiu aí dentro? — Nada. Será que dormiu mesmo...? Quando vou bater de novo, ela surge do banheiro e nos deparamos. Ficamos nos encarando por um instante, até que sinto seu olhar percorrer meu corpo. — Achei que tivesse dormindo, heh... Você está bem?

— Hein? Ah! Sim, sim... Só estava pensando em umas coisas e perdi a noção do tempo. Foi mal.

— Relaxa, não tem problema. Só fiquei preocupada. Você não respondeu, então... Enfim... A comida chegou. — Me afasto e vou em direção ao carrinho com comida.

— Caramba, Cupcake! Que legal, mas quanto é que isso aí vai custar? Tô meio quebrada, sabe.

— Na verdade... esse hotel pertence à minha família. Por tanto, pode comer a vontade. — Percebo seu olhar em mim de novo. Se continuar assim, juro que vou ter um ataque cardíaco.

— Sua mãe... vai ficar bem, não é? — Ela pergunta e eu fico sem reação. Nunca a vi dessa forma. Tão quieta e pensativa, com um olhar baixo.

— Não se preocupe, ela está sob observação. Logo ela deve receber alta.

— Certo... — Sinto que ela quer me dizer algo, então me aproximo e coloco a mão em seu ombro.

— Não se preocupe com nada agora. Vamos apenas descansar, pode ser? — Ficamos em silêncio, comendo, até que decidi puxar algum assunto.

— Sabe, quando eu era pequena, adorava contemplar o pôr do sol. Eu tinha um lugar secreto para olhar o sol se pôr. — Ela conta antes de mim.

— Nossa! Quem diria que a grande Vi era tão sentimental, hehe!

— Aí se quer brincar, né... Não era assim. Apenas achava bonito, era... — Ela interrompe, olhando para mim. Sinto minha respiração falhar, e talvez esteja ficando louca, ou ela está se aproximando de mim? Sim, ela está! Não tenho outra reação a não ser fechar meus olhos. Então ouço um... riso?

Abro os olhos e ela está tentando conter o riso. Dou um leve soco no seu braço, ela arruma o cabelo e me encara novamente. Um olhar cativante e um sorriso travesso.

— Estava esperando alguma coisa, Cupcake? — Ela me analisa dos pés à cabeça.

— Puff! Claro que não...

— Jura? Não é o que parece~ — Ela se move pela cama na minha direção. Não recuo, meu corpo não obedece ao meu cérebro. Ela mexe no meu cabelo, colocando-o atrás da orelha. E mais uma vez, aquela sensação retorna. — Sabe... me pergunto se em outra vida teríamos nos conhecido de outra maneira. Sem toda essa confusão.

— Está dizendo que em outra vida, gostaria de me conhecer?

— Claro! Você é inteligente, bonita, corajosa, ajudou uma desconhecida sem hesitar, vem de uma família rica. Se eu tivesse nascido em berço de ouro, com certeza gostaria de te conhecer.

Entre fios vermelhosOnde histórias criam vida. Descubra agora