Marcas eternas

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[...]

Caitlyn encontra-se diante da entrada, as lembranças vêm com intensidade e uma certa náusea também, apenas balançando a cabeça e segue em frente. Adentra o local com cuidado para não fazer barulho, percebendo que deveria ter sido completamente limpo, mas como de costume, foi simplesmente ignorado. Observa ao redor e pensa que o local estaria em pior estado do que da última vez, no entanto, vê vegetação crescente, vida literalmente florescendo ali. Procura a origem disso e avista do lado de fora uma árvore que de desenvolveu com o tempo, suas raízes adentrando o galpão e transformando o ambiente assustador em algo mais acolhedor.

— E pensar nas coisas que aconteceram aqui... — murmura ao ouvir um ruído acima. Sua suspeita estava certa. Jinx estava presente. Ajoelha-se numa perna, tocando uma flor no chão e admirando sua beleza. Um novo som capturou sua atenção, indicando sua movimentação. Talvez pretendesse surpreender a xerife. Era isso que Caitlyn pensava, porém Jinx já sabia que sua presença havia sido revelada.

— Eu achava que era louca, mas você... Você é realmente louca. Vir justamente para o lugar onde quase te matei. Que merda se passa na sua cabeça?

— Pelo menos admite que é louca. — brincou Caitlyn enquanto um pedaço de ferro caía atrás dela. Apenas alguns centímetros mais adiante e teria a acertado. — Não vim aqui brigar. Apenas... para conversar. Eu não faria nada com vocês duas. — Uma risada baixa ecoou pelo ambiente, seguida por outro pedaço de ferro caindo ao seu lado. Caitlyn se ergueu lentamente, parando ao ouvir o som do gatilho.

— Você iria tirá-la de mim! — acusou ela.

— Eu não...! — disparou Jinx, acertando uma janela e quebrando o vidro. Caitlyn não se moveu, ciente de que não seria atingida, mas sentindo o suor frio escorrer por seu rosto. Jinx era aterrorizante quando queria. O ambiente também não colaborava, trazendo à tona lembranças ruins. O medo sentindo naquele dia, seu ato patético de heroísmo que não resultou em nada. Tantas coisas acontecendo em tão pouco tempo, que um familiar enjoo subiu quente por sua garganta, sendo engolido de volta.

Respirou profundamente, abaixou a cabeça e ficou em silêncio, ouvindo com os olhos fechados, aguardando a chegada repentina da outra como de costume. Mas ao abrir os olhos, não era a Jinx comum que encontrou.

— Eu sei que não posso mais fugir dos problemas... mas o que devo fazer? Eu não sei o que fazer. Não sei como detê-los. Só quero que parem! PAREM DE GRITAR COMIGO!

Naquele momento, Jinx parecia ter voltado a ser uma criança chorosa. Prostrada no chão, tentando conter as intensas lágrimas que escorriam por seu rosto, como uma criança que tombou e machucou o joelho, sem saber como agir, apenas chora. "Erramos tanto... e não sei como redimir esse erro.", refletiu, suspirando profundamente, enquanto uma lágrima insistente resvalava e era prontamente enxugada com o dedo.

Permanecendo prostrada e chorosa, com as mãos na cabeça, Jinx deu um sobre salto quando Caitlyn se ajoelha ao seu lado, tocando seu ombro com firmeza, seu calor despertando-a, fazendo-a erguer a cabeça.

Seus olhos carregavam muito mais do que lágrimas; conseguia vislumbrar seu próprio reflexo nos olhos marejados de Jinx. Até a tonalidade rosa de seus olhos parecia desbotada. Caitlyn percebe algo no corpo da jovem. Marcas. Porém, não eram quaisquer marcas. — Jinx... o que você... — Avançou em direção a ela, tentando despir parte de suas roupas para ter uma visão melhor. Jinx resistiu, tentando afastá-la com uma perna e batendo em seu ombro. Caitlyn conseguiu retirar uma peça de roupa, revelando diversas marcas de cortes que iam do peito até sua cintura. Alguns pareciam frescos, enquanto outros já estavam cicatrizados, porém ainda visíveis. — Você fez isso? — questionou Caitlyn.

Entre fios vermelhosOnde histórias criam vida. Descubra agora