Capítulo 34: Diga sim pra mim

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Foi uma das visões mais lindas que já tive: Lauren diante de mim envolta no meu lençol, com nossas alianças na mão e os olhos cheios de lágrimas, ansiosos por uma resposta que eu lutava para dar, motivada pelo momento, pelo clima e pelo meu amor por Lauren, mas minha razão ainda não estava convicta que esse passo era o mais sensato naquele instante.

-- Lo... Sua voz voltou!

-- Voltou há dois dias, mas, queria te fazer uma surpresa... Mas estou prestes a perder a voz de novo! Camila estou te fazendo a pergunta mais importante da minha vida pela segunda vez, e se você não me der a mesma resposta que me deu anos atrás eu vou me sentir a mulher mais patética de todas...

-- Lo, fica calma.

Eu me levantei e diante dela, encarando mais de perto vi que era impossível dar outra resposta que não fosse sim. Peguei a aliança de sua mão, e a coloquei no seu dedo, sob seu olhar, peguei a outra aliança e a coloquei na minha mão, sorri e disse:

-- Pela primeira vez em nossa história, eu estou nua na sua frente e você está interessada no que eu vou falar.

Lauren sorriu desfazendo um pouco seu rosto tenso.

-- E sobre sua pergunta... – Olhei para minha mão – Eu não vejo por qual motivo estaria com essa aliança no dedo se a resposta não fosse sim! Claro que aceito me casar com você, porque sua mulher eu já sou, meu amor!

Lauren me abraçou forte, visivelmente emocionada como eu nunca vi antes. Intercalou choro e sorrisos beijando meu rosto, meus lábios e quando finalmente se acalmou, desceu seus olhos para meu corpo nu e disse:

-- Agora perdi o interesse no que você vai falar...

Deixou o lençol cair e colou seu corpo no meu, sussurrando:

-- Agora vou te amar como minha noiva...

E nos amamos a noite toda, apesar da faísca de sensatez que me restava gritar dentro de mim que eu poderia estar me precipitando aceitando o pedido de Lauren, mas eu estava feliz por estar mais uma vez traçando planos de futuro com a mulher que eu amava. Entretanto, algo me incomodava, não conseguia identificar especialmente o que me impedia de estar completamente entregue aquele momento e pressenti problemas.

Acordei cedo para dar instruções à dona Francisca sobre o café-da-manhã, passei pelo quarto de Dinah e preocupada com sua ressaca, bati na porta para acordá-la e como não obtive resposta entrei no quarto e me deparei com minhas duas melhores amigas: Dinah e Virginia, abraçadas nuas na cama.

Não sei definir ao certo o que senti. Normalmente eu sorriria da situação, ficaria feliz afinal eram duas pessoas fantásticas as quais eu dedicava respeito, admiração, amava de fato. No entanto, eu me senti estranha ao ver aquela cena.

De alguma maneira insana desenvolvi a responsabilidade por inserir Virginia no mundo lésbico, e algo ainda mais insano me dava poderes sobre ela e suas escolhas. Afinal de contas qual é o problema Camila? Não poderia ser mais perfeito Virginia e Dinah juntas!

Enquanto eu me perdia naquela tempestade de sentimentos confusos, como esperado, com o sono leve que tinha, Virginia despertou com a fresta de luz que entrou o quarto. Percebeu minha presença e contribuindo para minha teoria insana de que Virginia me devia satisfações, ela puxou o lençol se cobrindo, com uma expressão de culpa estranha, provavelmente reflexo da minha aparência de mulher traída.

Saí do quarto tropeçando nas minhas próprias pernas, atordoada, caminhei pelo corredor de volta ao meu quarto quando ouvi a voz de Virginia:

-- Mila, espera!

-- Não Virginia, não quero conversar.

-- Mila, por favor, eu quero me explicar...

-- Virginia você não tem nada pra me explicar.

Sei que é amor - Ainda sei, é amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora