Capítulo 38: Omissão é traição?

407 27 3
                                    


No meio do caminho tinha uma pedra...

A origem do nome de uma pessoa nunca fora tão propícia quanto o de Pietra, no italiano: pedra, rocha. Ela fazia questão de ser notada, de ficar no centro das atenções, apelava mais do que ex-BBB para aparecer na mídia. Pareceu nos seguir no final de semana. Em qualquer lugar que passeávamos, a primeira cara que víamos era a dela, e quando ficávamos em casa, Pietra tratava de ligar, mandar mensagens para Lauren o que me irritou profundamente.

Lauren se esforçava para me acalmar, e só o conseguia a custa de muitos beijos. Aceitamos o convite de Dinah para jantarmos em sua casa, certas de que lá, Pietra não nos atormentaria parecia o programa perfeito para nossa noite de sábado.

- Olha só meu casal predileto! Bem vindas meninas!

Não conhecia a casa nova da minha amiga e me encantei. Dinah nunca foi exemplo de organização, e ver aquela decoração caprichada era como se minha amiga me atestasse que evoluiu de fato.

- Dinah sua casa é linda! Sinto falta das meias espalhadas pelo sofá e os restos de batatas Rufles no carpete, mas você compensou com arte moderna?!

- Não se engane amiga, as meias estão debaixo do sofá agora, escondidas, e quanto às esculturas, nem me pergunte o nome do artista, contratei uma design de interiores e minha contribuição foi só minha assinatura no cheque.

- Adoro os avanços da medicina, especialmente no que diz respeito a conta bancária. – Disse Lauren.

Gargalhamos.

- Ai esse cheiro... Não me diz que a Virginia está fazendo bacalhau no forno! – Disse animada.

- Isso mesmo, nossa, ela fez uma propaganda desse prato... Até agora minha pequena não me decepcionou, mas se além de tudo isso, ela ainda mandar bem na cozinha, sinto em dizer isso Mila, mas você vai perder sua pesquisadora mais dedicada, porque ela nem volta com você, caso com ela antes de vocês!

Arregalei os olhos surpresa com a declaração de minha amiga. Não sei se só pela surpresa, ou se aquela ponta de ciúmes ou ainda o sentimento de posse relacionado a Virgínia, mas o fato foi que o desconcerto foi o mínimo que expressei naquele momento. Minha expressão foi de desaprovação, o que logicamente não passou despercebido por minha noiva e minha melhor amiga.

- Que cara é essa, Mila? – Perguntou Dinah.

- Ah DJ, acho que ela está em choque por saber que vai perder sua pupila.

Lauren falou analisando minha reação. Sorri amarelo voltando à minha razão.

- Por mais talentosa na cozinha que Virginia seja, ela tem mais futuro na medicina, e para isso minha cara, ela precisa terminar a residência dela com a melhor de todas, ou seja, eu.

- Eis que surge a modéstia de minha noiva! Não é encantadora essa humildade dela Dinah?

As duas gargalharam, quando Virginia surgiu na sala:

- Oi gente, desculpem a demora, estava finalizando o jantar. Como vai Lauren?

Cumprimentaram-se como velhas conhecidas. Virginia se sentou ao lado de Dinah, a afinidade entre as duas era inegável, a intimidade parecia antiga, as duas pareciam felizes, e isso me alegrava até certo ponto, o ponto em que minha bagunça sentimental encontrava os olhos de Virginia, aí eu me perdia em uma sensação de perda completamente insana.

Eu não amava Virginia, disso eu tinha certeza. Mas no fundo, tinha medo de deixar de ser a referência para ela, de ser sua inspiração, pura vaidade.

Vaidade traiçoeira, que me confundiu que me encheu de medo a ponto de omitir da mulher que eu amava, e da minha melhor amiga algo que só teve importância no passado. Aquele segredo mantinha eu e Virginia cúmplices. Nunca falamos nisso, mas deduzi que ela também não revelara à sua namorada sobre sua estréia no mundo lésbico.

Sei que é amor - Ainda sei, é amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora