Capítulo 50: De volta aos braços dela

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A semana não teve fim, o entrave para conseguirmos a tal liminar foi o laudo do psiquiatra de Pietra, que hesitou em atestar a incapacidade da paciente, mas cedeu, quando pessoalmente eu relatei o que acontecera, a influência do Nobel de Natalie foi determinante na persuasão. Como namoradas adolescentes, que se encontram escondidas, Lauren me visitou por duas vezes na casa de Dinah, despistando Pietra com alguma tarefa na comunidade.

A liminar que autorizava a interdição de Pietra saiu no fim da semana, e coube a Anna e o senhor Lourenço cumprir a pior parte do nosso plano.

Lauren se assegurou de manter Pietra hospedada em sua casa, e se ofereceu a pagar a internação em uma renomada clínica na zona metropolitana do Rio, mais próxima da cidade natal de Pietra, facilitando assim, a assistência da família a ela e de certa forma, também garantiria que ela monitorasse o tratamento.

Antes da equipe de saúde: um psiquiatra e dois técnicos de enfermagem chegarem acompanhados de Anna e do senhor Lourenço, Lauren tratou de esconder o celular de Pietra, a fim de garantir que ela não fizesse a denúncia que ameaçara, uma vez que certamente ela atribuiria o complô a mim, na mente doentia dela, eu era sua perseguidora.

Na casa de Dinah, eu estava tensa, aguardando notícias de Lauren. Megan já se preparava para voltar a Campinas, entendendo que sua missão acabara. Apesar do que ela havia feito contra meu relacionamento com Lauren, eu tinha por ela agora, além do carinho, o respeito e a gratidão, pelo que ela se dispôs a fazer para me proteger, e em nenhum momento repetiu o comportamento leviano que demonstrou em nossos encontros anteriores.

Virgínia não aguentou esperar, e estimulada por mim, seguiu para casa de Lauren quando a hora avançou e permanecíamos sem notícias. Não demorou para ela me ligar informando:

- Mila, foi horrível. Quando cheguei aqui, Pietra estava sendo dominada pelos técnicos de enfermagem, a levaram dopada, a Anna estava inconsolável, Lauren está chocada e estamos a caminho daí.

Por mais que eu odiasse a Pietra, não fiquei insensível à situação. Especialmente pela abdicação e fortaleza de Anna, tão jovem, com uma história de vida tão conturbada, conhecer sua verdadeira mãe naquelas circunstâncias, custariam alguns anos de análise dado ao trauma provocado.

Lauren chegou à casa de Dinah com uma aparência abatida, por uma fração de segundos me abalei por vê-la expressando aquele sofrimento por causa da pessoa de nos separou mais de uma vez, mas a razão falou mais alto, calculei o quão desgastante e doloroso foi aquele momento para ela, caminhei em sua direção e a acolhi nos meus braços, em um abraço carregado de conforto, carinho e sobretudo com a certeza de que fizemos o certo por Pietra.

- Acabou, meu amor. Vai ficar tudo bem.

Repeti enquanto enxugava suas lágrimas.

- Camz, a Pietra me ajudou tanto, ela foi meu apoio, meu porto seguro por tanto tempo... Por mais que eu me revolte pelo que ela nos fez, não posso esquecer o que ela foi pra mim... E ver a Anna, a filha que ela sempre quis ter por perto, ali diante dela, anunciando que estava ali para levá-la a uma clínica, o pai que a renegou, mas que ela sentiu tanta falta toda a vida, dizendo que agora ele era o responsável legal por ela... Camz ela me olhou tão vulnerável como se pedisse socorro, foi horrível...

- Ela precisa de tratamento e não tinha outra forma, meu amor.

- Ela gritando que não era louca, que tudo que fez foi por amor a mim, porque queria uma família comigo, e isso não era loucura... E depois aqueles brutamontes aplicando um sedativo nela... Foi uma cena que nunca esquecerei...

- Ela vai se recuperar, e agora ela tem um novo rumo na vida dela, recuperar o tempo perdido com a filha, com os pais e pelo que percebi a Anna é uma menina incrível, inteligente, sensível e que vai ajudar a Pietra a se refazer.

Sei que é amor - Ainda sei, é amor.Onde histórias criam vida. Descubra agora