Chegamos ao Colors no horário marcado depois de passarmos pelo shopping e comprarmos o presente para Megan. Tive que aturar o mau humor de Virginia observando o meu cuidado na escolha do presente para a aniversariante.-- Minha convidada de honra chegou!
-- Oi Meg, parabéns...
A abracei amigavelmente.
-- Vejo que você trouxe seu chaveirinho...
Megan apontou para Virginia que soltava faíscas de raiva pelos olhos.
-- Virginia é minha companhia inseparável agora, Meg. - Brinquei.
-- Como eu disse, praticamente um acessório seu... Um chaveirinho que você traz pendurado...
-- Justamente para evitar que pessoas indesejadas se pendurem no pescoço da minha amiga... – Virginia falou encarando Megan.
Para acalmar os ânimos e as alfinetadas entre as duas mudei de assunto:
-- Trouxe para você, espero que goste.
Entreguei o presente a Megan, que em seguida nos encaminhou para sua mesa, Virginia deu um jeito de não deixá-la sentada ao meu lado. O comportamento da minha pupila me causou estranheza. No primeiro momento em que Virginia se afastou de mim, Megan se aproximou:
-- Sua guarda costas não te dá folga, hein?
Sorri.
-- Adorei o presente... Mas, estou esperando um presente mais íntimo e especial...
Megan se aproximou devagar, me segurou pelo pescoço e me beijou delicadamente, quando se afastou e abri meus olhos, vi parada diante de mim Lauren com os olhos cintilando ódio.
Minha reação instintiva foi de retração, empurrei Megan que imediatamente girou seu corpo a fim de descobrir o motivo de minha palidez.
-- Lauren! Que bom que aceitou meu convite, onde está Pietra?
Lauren ignorou a simpatia forçada de Megan, e eu demorava a entender o vínculo das duas e Pietra. Não demorou até a própria aparecer com a prima, minha salvadora Virginia. Pietra abraçou Megan com intimidade, senti arrepios ao notar isso. Virginia cochichou ao meu ouvido:
-- Onde estão as câmeras da pegadinha?
Imóvel eu não conseguia tirar meus olhos de Lauren que permanecia muda enquanto Megan e Pietra davam a demonstração de amizade de infância para nós. A cena me enojou e me angustiou também, sentia algo sombrio no vínculo delas, além do mais, o olhar impassível da minha ex me incomodava profundamente.
Notando meu mal-estar óbvio Virginia veio em meu socorro:
-- Essa festa já deu o que tinha que dar, vamos embora Mila.
Eu me levantei e quando fiz menção de deixar a mesa Megan interveio:
-- Ei, aonde pensa que vai? A festa está só começando.
-- Megan me desculpe, mas preciso ir.
-- Mas você ainda não me pagou a aposta!
Lauren soltou um riso sarcástico que me ofendeu, em seguida murmurou:
-- Olha quem também faz apostas...
O tom de escarninho de Lauren despertou minha indignação, mais que isso minha ira.
-- Minhas apostas não objetivam brincar com as pessoas. – Retruquei.
-- Ah claro... Por um momento esqueci que você é inimputável, soberana e incapaz de errar.
A ironia de Lauren me ultrajou. Minhas mãos trêmulas anunciavam minha irritabilidade e uma discussão pública acerca de palavras não ditas, mas que obviamente gritavam dentro de nós desde nosso último encontro. Virginia segurou forte meu braço e com os olhos suplicantes me chamou:
-- Mila, vamos embora, agora.
-- Melhor você ir Mila, antes que a mocinha fique nervosa e te coloque de castigo. Engraçado como você sempre precisou de alguém pra te comandar, deve ser essa postura submissa que atrai tantas mulheres para sua cama.
Tomada de fúria, uma fúria que cultivei nas últimas semanas, reuni toda força que naquele gesto e arremessei minha mão contra a face de Lauren, que se desequilibrou tamanha a intensidade do meu movimento. Pietra avançou contra mim como se quisesse salvar a honra de sua amada, mas Virginia foi mais rápida tomando minha frente:
-- Não ouse chegar perto dela, Pietra!
Transtornada eu não sabia o que dizer ou fazer, mas meus olhos não deixaram Lauren por um segundo, e esta esfregando sua mão na bochecha não se esquivou do meu olhar. Se trocamos farpas por insultos verbais, nossos olhares emanavam mágoa, expondo a ferida que corroia nossas almas. Virginia me tirou do bar, e como se aquele momento exigisse trilha sonora, a cantora contratada por Megan entoava:
Eu tava aqui tentando não pensar no seu sorriso
Mas me peguei sonhando com sua voz ao pé do ouvido
E te liguei
Me encontro tão ferida, mas te vejo ai também em carne viva
Será que não tem jeito?
Esse amor ainda nem nasceu direito, pra morrer assim
Se você pudesse ter me ouvido um pouco mais
Se você tivesse tido calma pra esperar
Se você quisesse poderia reverter
Se você crescesse e então se desculpasse
Mas se você soubesse o quanto eu ainda te amo
… que eu não posso mais
Não vou voltar atrás
Raspe dos teus dedos minhas digitais
Eu não vou voltar atrás
Apague da cabeça o meu nome, telefone e endereço
Eu não vou, eu não vou voltar atrás
Arranque do teu peito o meu amor cheio de defeitos
Me mata essa vontade de querer tomar você num gole só
Me dói essa lembrança das suas mãos em minhas costas
Sob o sol da manhã
Você já me dizia: conheço bem as suas expressões
Você já me sorria ao final de todas as minhas canções
Então por que?(Digitais, Isabela Taviani)
Era o que eu precisava: raspar dos meus dedos, da minha pele, da minha alma as digitais de Lauren. Apesar de não digerir com clareza o que se passara naquela noite o saldo que me fazia sangrar era o eco das palavras envenenadas de Lauren para mim, seu olhar nefasto, nublado por um sentimento denso de aversão parecia ter ficado impresso em mim, acentuando minha dor.
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Sei que é amor - Ainda sei, é amor.
Fiksi Penggemar2ª temporada do conto: Sei que é amor, narrando a estória da médica Camila Cabello, reaprendendo a amar, superando suas dores e lembranças para ser feliz mais um vez. ___________ ADAPTAÇÃO CAMREN ____________