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                                     Melissa ☀️

Os dias estavam passando muito rápido, a semana estava super corrida e eu estava penando para conseguir conciliar a organização da mudança e finalizar os papéis do currículo no hospital que tinha aqui no morro. Estava ansiosa pra começar a trabalhar logo!

Depois do almoço no domingo que teve na casa da Larissa, eu fui embora um tempinho depois e continuei com a minha mudança lá pra casa da coroa. Esperei o caminhão chegar e trazer os móveis que eu precisava. Já tinha trago o guarda roupa e as roupas, então amenizava e adiantava muita coisa. Eu estava definitivamente de volta!

Sobre o Fabrini, não sei o que ele queria que eu fizesse e sinceramente, eu não vou correr atrás dele sendo que ele tá agindo como se eu tivesse feito o pior pecado do mundo!
Eu não vi ele com muita frequência durante esses dias, além do almoço no domingo. Hoje já era sexta feira e eu só vi ele de longe, passando com uns homens que trabalhavam pra ele durante a semana. Pelo que fiquei sabendo, ele era um dos mais poderosos do morro por causa do cargo que foi deixado pelo pai dele e agora era dele. Eu sabia do histórico dele no tráfico mas nunca me importei porque sei que foi por necessidade.

E sobre aquele QUASE beijo...

Surto todo dia quando me lembro daquele dia! aquele perfume, aquele olhar, a tentação pela aquela boca...
Ah! fiquei até com falta de ar agora. Que calor, né?

Estava sozinha em casa, minha mãe estava trabalhando então a casa era só minha por enquanto. Deitei no sofá, comendo uma pipoca enquanto assistia um filme que estava passando na televisão. Sexta feira a noite pedia por isso, né colegas? Além de festinhas também mas...

— Fala tu, melissa —
sai dos meus pensamentos quando o Matheus entrou aqui em casa como se fosse a casa dele. FOLGADO! — Vai ter baile hoje, cola lá pô! — disse se jogando no outro sofá tirando o boné.

— Que folga é essa, Matheus? — perguntei sentando e cruzando os braços, o olhando com uma cara de questionamento e indignação.

— Ih, ala! esqueceu que eu sou de casa, mané — negou com a cabeça e cruzou os braços, olhando pra televisão. Em um tempo em silêncio, começamos a rir achando engraçado essa folga dele.

— Eai? não vai pro baile não? vim pra cá só pra avisar pá tu — ele me olhou, esperando por uma resposta.

— Vou pensar no teu caso, tô muito mais confortável aqui...— disse com preguiça, me espreguiçando no sofá e bocejando em seguida.
— Qual foi? vai fazer eu vir aqui atoa? — levantou do sofá, colocando e arrumando o boné na cabeça — Tu vai sim, quero nem saber! manda mensagem pra Larissa pra vocês irem junto.— Ele disse, nem me dando oportunidade de responder e saindo daqui de casa.

Porque ninguém espera eu responder? Que saco!

Fui obrigada a levantar depois de mandar mensagem pra Larissa. Vou tomar um banho pra tirar essa preguiça do corpo e começar a me arrumar. Tirei uma foto assim que terminei.

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Me encontrei com a Larissa enquanto saia de casa e trancava tudo, já que minha mãe ainda não tinha voltado do trabalho. Estava com saudades de me arrumar toda pra ir curtir um pouquinho no baile funk!

— Que mulher gostosa! meu deus — disse a Larissa, quando me aproximei dela e dei risada a abraçando e devolvendo o elogio.

Começamos a subir o morro e já que não estava tão longe dava pra ouvir a música tocando e pela letra super educativa, já sabia que ia ser bom, haha!

Passamos pela entrada e já estava cheio de gente, uns se esfregando sem nenhum pudor, outras só dançando como se não houvesse amanhã e uns homens parados apenas segurando suas armas. Larissa me puxou pro barzinho e logo pedimos uma cervejinha pra esquentar a noite.

Olhei ao redor automaticamente, procurando pelo Fabrini e vi ele lá em cima na área que era mais conhecida como a "Área VIP" do baile. Lá era onde ficavam os mais "poderosos" e suas acompanhantes. Algumas eram transas sem compromisso e outras eram mulheres oficiais deles.

Ele estava escorado no batente com os cotovelos apoiados olhando pra mim. Devolvi o olhar e continuei o encarando quando percebi que estava com um cigarro de maconha na mão. Logo em seguida, ele levou o cigarro em direção da boca, tragando fundo enquanto olhava pra mim. O contato visual estava GRITANTE, não era quebrado e a tensão dava pra perceber no ar. Ele soltou a fumaça da boca lentamente se afastando e quebrando o contato visual quando uma mulher chegou ao lado dele, lhe dando um sorriso malicioso e o puxando em direção a uma das cadeiras que tinha ali.

Desviei o olhar incomodada, sentindo um gostinho ruim na boca do estômago.  Tentei tirar isso da mente pois precisava me distrair e só queria curtir um pouquinho!

                                   ~~~x~~~

Não sabia mais quantas tinha bebido, estava vendo tudo girando e girando. Eu estava muito feliz!!!  e a única coisa que eu queria nesse momento era dançar e dançar pra caralho!

Já estava tão bêbada que nem tinha percebido que tava bebendo todas sem parar. Fui me afastando cambaleando do meio da pista e me apoiando em uma cadeira que tinha ali mais afastada do pessoal. Senti falta da Larissa do meu lado mas não sabia onde ela estava. Me preocupei. Primeiro porque não queria ficar sozinha e segundo porque ela não me avisou onde estava. Sai dali mesmo sentindo tudo girando e mal conseguindo ficar em pé, ainda mais por causa do salto. Sai olhando para os lados em uma tentativa falha de encontrar ela em algum lugar.

Comecei a sentir vontade de chorar sem saber pra onde ir. Comecei a seguir na direção que eu entrei mas eu não sabia se era ali mesmo o lugar que eu tinha entrado.

Lá fora estava tudo muito escuro, iluminado apenas pela luz amarelada do poste na calçada. A música estava abafada pelo fato de eu estar meia afastada do resto do pessoal.
Me apoiei quase caindo e rindo disso enquanto tirava os saltos e segurava eles com uma mão. De relance, percebi uma movimentação de um homem saindo de um beco próximo, parado no escuro, apenas me observando.

Fiquei apreensiva, olhando em volta pra ver se tinha mais alguém. Porém, a única coisa que via eram as casas com as luzes apagadas, carros e motos estacionados e nada mais. Minha visão estava muito turva, não podia confiar completamente nisso.

Odeio beber demais.

Me agachei na calçada para brincar com um gatinho que apareceu mas logo correu assustado do nada. Comecei a ficar com medo ao lembrar do homem que ainda estava escorado me olhando. Senti meus olhos lacrimejando e os efeitos do álcool fazendo efeito no sangue. Lembrei que estava de vestido e provavelmente estava mostrando minha calcinha, começando a chorar ainda mais pela possibilidade do homem querer fazer alguma coisa comigo. Quando olhei na direção que ele estava, ele fez menção de se aproximar de mim e logo entrei em desespero. Estava escuro, sem ninguém na rua e ainda por cima estava sozinha.

No desespero, levantei rapidamente na intenção de correr dali, virando de costas para voltar pra onde eu estava. Mas fui interrompida quando bati fortemente uma parede macia e dura ao mesmo tempo, sentindo minha cabeça latejar no mesmo instante. O baque foi tão forte que iria cair, se não fosse por braços fortes ao redor da minha cintura.

𝐑𝐢𝐬𝐜𝐨 𝐌𝐚𝐥𝐚𝐧𝐝𝐫𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora