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                                Melissa ☀️

Uma semana tinha passado e um clima meio estranho pairava sobre a favela. Perguntei ao Fabrini várias vezes o que estava acontecendo mas ele não respondia, apenas dizia que ia passar logo, logo.

Ele me levava e buscava todos os dias do trabalho, sempre muito atento e cuidadoso. Quando estávamos juntos. Ele me dava atenção quando estávamos juntos mas dava pra perceber que a mente dele estava em um lugar bem distante daqui.

Mudando um pouco de assunto, eu estava amando trabalhar aqui e ainda mais em uma área que era meu sonho! Essa semana foi super corrido aqui no trabalho então tava bem cansada. As vezes eu ia e dormia na casa do Fabrini mas não rolava nada porque eu apagava exausta na cama dele depois de tomar banho.

Estava terminando de atender um paciente quando foi me passado uma situação de uma mãe tinha acabado de chegar com uma criança de sete anos dizendo que seu filho estava com uma dor na barriga que não passava, além de náuseas, perda de apetite e entre outros sintomas.

Fiquei responsável por esse caso, então fui até a maca em que eles estavam. Aqui estava com muita lotação, então tinham macas espalhadas nos corredor. Isso me doía o coração, mas não tinha muito o que fazer além de dar todo o possível na recuperação deles. Muitos pacientes estavam com doenças e internados, então ficavam aqui por muito tempo e infelizmente sempre chegavam mais pessoas aqui.

Me aproximei da mãe e coloquei a mão em seu ombro, chamando sua atenção.

— Olá! boa tarde — disse carismática, vendo ela me olhar rapidamente e aliviada.

— Oi moça! Pelo amor de Deus, cuida do meu filho por favor — ela disse rápido, levantando e segurando em minhas mãos.

— Fica tranquila que esse rapaz vai sair daqui com o diagnóstico certinho e vai melhorar rapidinho!— Sorri pra ela e me aproximei do menino.

— Oi rapazinho! — ele me olhou e deu um sorrissinho, colocando as mãoszinhas sobre a barriga. — Fala pra tia onde que dói na barriga — me abaixei pra ficar mais próximo a ele e ele apontou próximo ao abdômen, logo me olhando.

— E eu não sinto fome tia, e  também sinto vontade de vomitar... — Ele disse embolado, balançando a cabeça. Rapidamente, uma ideia do que pode ser  passou pela minha cabeça, ainda mais por ele ser uma criança. Me afastei e me aproximei da mãe dele, olhando pra ela.

— Ele come muito doce? ou anda muito com os pézinhos no chão? — perguntei baixo, a olhando com atenção. Ela concordou com a cabeça devagar. Ela aparentava ter 23 anos, então deve ter engravidado bem cedo coisa que não deveria ser mas era normal aqui no morro.

— Provavelmente, pelo que eu vejo aqui nos antigos exames. — Olhei na prancheta, folheando as páginas que estavam ali. Olhei pra ela sem seguida. — Deve ser verme, mas eu vou passar pra você ir fazer um exame de fezes e urina nele e ir a um especialista da área pra ter os exames direitinho, ok? — Ela concordou com a cabeça várias vezes, abrindo um sorriso aliviado. — Eu vou passar um remedinho pra caso ele sinta dores ou vontade de vomitar. — Sorri pequeno e me abaixei, ficando cara a cara com o menininho.

— Você vai ficar forte e saudável já, já tá bom? — Ele me olhou e sorriu, me abraçando meio desengonçado. Dei risada e me afastei, dando a receita do remédio pra mãe dele. Ela agradeceu e saiu dali, me dando um tchauzinho com o menino no colo.

Essa sensação de dever cumprido, me dá uma sensação enorme de felicidade! Só me faz ter certeza que amo meu trabalho.

~~~x~~~

Estava saindo do trabalho e olhei em volta, estranhando quando não vi o fabrini ao redor. Meu celular na hora apitou, anunciando uma nova mensagem. Peguei o celular e era o Fabrini, dizendo que não dava pra ir me buscar hoje e que era pra eu ir direto pra casa da Larissa. Estranhei, perguntando o porque e ele disse que era pra fazer o que ele tava falando.

Bufei estressada pela grosseria dele por mensagem e o celular apitou denovo, anunciando outra mensagem. Li a mensagem pela barra de notificação que dizia

"Eu sempre vou te amar, não esquece disso"

Nem respondi a mensagem brava.  Ele me paga quando eu ver ele mais tarde!

Logo comecei a andar em direção a casa da Larissa, não demorando pra chegar lá. As janelas estavam fechadas e fiquei ainda mais confusa. Apertei a campainha e ela logo abriu a porta, me puxando pra dentro e trancando a porta.

Sério, o que merda está acontecendo?

Olhei pra ela estressada, jogando a bolsa no sofá e cruzando os braços, olhando pra ela.

— Tá, já deu! o que tá acontecendo que eu não tô entendendo? Por que tá todo mundo estranho? Não esconde nada de mim, tu sabe que eu odeio isso! — disse alto, respirando fundo quando ela me abraçou, afagando minhas costas.

— Então ele não te contou? — ela perguntou afirmando, segurando meus ombros e me encarando fixamente. — Vai ter invasão aqui, mas eu não sei quan- — e sua fala foi cortada quando foguetes foram disparados no céu, anunciando o começo de uma invasão.

No mesmo momento, senti meu coração parar.

𝐑𝐢𝐬𝐜𝐨 𝐌𝐚𝐥𝐚𝐧𝐝𝐫𝐨Onde histórias criam vida. Descubra agora