As luzes do festival deixavam a noite ainda mais bonita. Uma atmosfera aconhegante cercava os arredores da vila, e eu fecho os olhos por um breve momento ao sair do restaurante. Era muito bom estar em casa. Desço as escadas com Ching e Dada vem nos cumprimentar.
— Olá meninas! Acredito que já conhecem minha namorada Ring Ring — ele sorri de modo simpático.
Eu não queria parecer tão surpresa, mas não tenho certeza se consegui. Minhas sobrancelhas se erguem contra a minha vontade e tenho que controlar o impulso de ficar boquiaberta como uma tonta. A namorada de Dada vem para o lado dele, aceitando prontamente a casquinha de sorvete que ele oferece para ela. Sua pele clara estava bem maquiada, seu vestido rosa era deslumbrante e pelo o que posso perceber ela ainda tem resquícios do azul nas pontas do cabelo. A diferença agora, era que ela não era mais a criança que costumava querer rivalizar comigo. Ring Ring sorri para mim e diz:
— Oi Pucca.
Ching me dá um tapinha no ombro, me retirando do meu choque inicial ao ver o quanto ela estava diferente e linda.
— Oi... Rin — preciso de uns segundos para me lembrar de seu nome de verdade ao invés do apelido — Que bom te ver.
— Hahaha, posso ver que está surpresa — ela ri — Mas tudo bem, acho que faz mesmo um tempo que a gente não se vê.
Quero afundar meu rosto num poço e me esconder, mas mantenho o sorriso amigável.
— Sim, felicidades para vocês! — digo, enquanto a observo segurar a mão de Dada.
— Obrigada, para vocês também! — ela devolve a gentileza, indo em direção a outra barraca do festival.
A música do festival se mistura com as vozes em volta. A rua principal estava cheia e até agora nenhum sinal de problemas, mas sei que é cedo para alimentar essa esperança. Olho em volta, em meio a multidão, tentando encontrar o rosto que eu estava procurando, e quando não encontro, tento me conformar dizendo que ainda era cedo, ou que talvez ele não fosse vir.
— Nossa, você não sabe mesmo disfarçar — Ching comenta quando os dois já ficaram para trás.
— Ai, mas é que eu nunca imaginei que ela e o Dada ficariam juntos um dia, é estranho e bom ao mesmo tempo — rio da minha própria estranheza com o assunto.
— Vem, vamos comprar alguma coisa para beber.
Ching me puxa para a primeira barraca que vê p lá frente. Papai Noel secava copos quando nos vê chegando.
— Ho, ho, ho, Ching! O que vai querer?
— Duas limonadas, por favor! — ela coloca o dinheiro em cima da bancada.
Continuo a olhar em volta enquanto ele preparava as bebidas. Ching estava certa, por mais que eu tentasse eu não conseguia disfarçar, ao menos não minha expressão, que ficava sempre escancarada para demonstrar tudo o que eu sentia.
— Pucca, relaxa! — ela tenta me confortar.
— Mas eu tô... — meu sorriso some quando vejo quem está se aproximando atrás dela — Aí que droga.
Ching se vira, e sua cara também fecha ao ver Abyo bem na nossa frente. Ele parece divido ao vê-la, como se não soubesse o que dizer, mas quando olha para mim, seu olhar altivo transparece e eu reviro os olhos antes mesmo de ele falar as primeiras palavras.
— Vejo que já estão aproveitando o festival — ele pega o copo de limonada ainda intocado de Ching e dá um gole — Obrigado, estava morrendo de cede.
— Vem, Ching, vamos embora — seguro em sua mão para tentar salvá-la daquela situação.
— Espera, eu quero falar com você — Abyo se coloca na minha frente — Não foi legal o que fez na nossa academia mas eu vou deixar isso de lado em respeito a nossa amizade de infância.
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Corações Não Mentem
FanfictionApós dez anos fora de casa, Pucca retorna à pacífica vila Sooga, mas sua volta é marcada pela invasão de uma gangue mercenária. Ela busca seu antigo amor, Garu, mas ao ser rejeitada, lembra que existe outro ninja experiente e dedicado para ajudá-la...