O Festival (parte 3)

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A música para de repente, e nosso momento é interrompido quando gritos nervosos ecoam pela rua. Eu me levanto tão rápido quanto Tobe. Tenho que me esticar e subir mais alguns degraus para conseguir enxergar acima da multidão, mas as pessoas se afastam da rua principal rapidamente. Algumas delas entram em suas casas, outras de abaixam atrás de barracas e outras se escondem nos becos. A agitação maior vinha da praça, e eu consigo distinguir uniformes da polícia à distância. O que eles fazem aqui?

A multidão abre caminho para que um batalhão de policiais passe pela rua principal. Eles seguem um homem carrancudo, de óculos escuros e bigode. Não só a polícia seguia o Muji, mas seus ninjas em seus uniformes cinzas também. Eles se aproximam de nós, parando a poucos metros da frente do restaurante. O líder deles segurava o microfone da banda que iria se apresentar, e em alto e bom tom, tem a audácia de dizer:

— Fiquei sabendo que uma tal de Pucca organizou isso aqui. É verdade? — Muji retira os óculos escuros — Precisa de permissão da polícia para fazer esse tipo de festinha na rua, sabia?

— Já chega dessa palhaçada, Muji — respondo — Você sai hoje daqui e eu vou garantir que nunca mais volte.

O mercenário ri da situação, se achando bem confiante com seu mini exército.

— Deixa eu te falar o que realmente vai acontecer, mocinha... — ele começa, mas é interrompido.

— Você não ouviu o que ela disse? — Tobe se pronuncia — Saia antes que eu coloque você pra fora.

O semblante de Muji muda completamente, passando de canalha confiante e sarcástico para apenas profundamente irritado. Um ninja atrás de Muji dá um passo a frente e encara Tobe com um sorriso maldoso.

— Eu pensei ter te ensinado uma lição que você nunca fosse esquecer — Muji rebate entredentes, ele se volta para as pessoas da vila ao dizer — Só estou fazendo o que fui contratado para fazer, essa cidade precisa de ordem, e eu sou a ordem. Bravos policiais, podem acabar com essa festinha não autorizada.

Os homens trajados com uniformes da polícia saem da formação para ir executar o comando de Muji, como se ele fosse o chefe deles. O restante dos ninjas Mogwai permanecem atrás dele.

— Você — ele aponta para o ninja que olhava para Tobe e depois para outros três — E vocês. Terminem o que começaram.

Os quatro homens selecionados por Muji avançam em nossa direção, ou melhor, na direção de Tobe. Olho para a vila bem na minha frente, observando barracas sendo reviradas e mercadorias sendo derrubadas no chão. Em meio ao caos, eu vejo Ching subir em cima de uma viatura da polícia, atraindo a atenção dos policiais ao redor para que as pessoas pudessem guardar suas coisas de forma mais ordenada. Um dos policiais tenta derrubá-la, mas surpreendentemente, Abyo o impede ao aplicar um golpe pelas costas. Vejo ninjas em uniformes azuis contendo outros oficiais e sua intervenção injusta.

Por mais que eu quisesse ir até lá ajudar, eu já tinha problemas aqui. Não posso deixar Tobe sozinho, e muito menos desarmado quando quatros ninjas vem em nossa direção. O primeiro Mogwai se aproxima, encarando-o de cima abaixo.

— Sem armas? — ele ri debochado — Isso vai ser tão fácil quanto da última vez.

— Pucca — Tobe diz sem deixar de encarar o homem também — Vá para dentro, por favor.

— Sem chance — arregaço as mangas e prendo o cabelo para trás.

Os ninjas riem, mas dura pouco. O debochado ataca primeiro, mas recebe um soco tão forte que seu rosto fica sangrando. O homem cambaleia para trás, enquanto os outros três tentavam entender o que aconteceu. Só então me dou conta que Tobe empunhava estrelas ninjas entre seus dedos, improvisando uma soqueira. Não espero por reações, e ataco o Mogwai mais perto enquanto está distraído, roubando sua espada e a jogando nos arbustos. Fico de costas para Tobe, e ele faz o mesmo, assim não poderiam nos atacar pela retaguarda. Dois vão para cima de Tobe, e ele afasta o primeiro com um chute. Não consigo mais ver o que acontece, já que o ninja desiste da ideia de ir procurar a espada e tenta me acertar com uma rasteira. Bloqueio seu ataque com facilidade, mas ele prepara um soco. Retiro o xale dos meus ombros e o uso não apenas para parar seu golpe, mas também o prendo, formando uma algema improvisada. O homem tenta se soltar ao me empurrar, mas eu desvio e o deixo cair no chão sozinho.

Corações Não MentemOnde histórias criam vida. Descubra agora