Capítulo 4 - O toque

1.4K 194 31
                                    

Sam chega no escritório e vai em disparada para sua sala, pede para Jim segui-la.

- Jim, amiga você vai precisar me ajudar.

- Ajudo, mas com o que? E por que você tá com a cara suja de ... barro?

- Ah, não vi. É argila. Eu fiz um copo de argila hoje! - diz Sam exultante.

- Hum, tá bem, um copo... Sam me explica logo que não tô entendendo nada.

- Eu fui lá no Centro de atividades pra me desculpar, explicar etc. Mas eu não consegui. Uma moça, aquela do cachorro me levou pra fazer um copo de argila e... ah, Jim, não tem como explicar. Eu fiz uma coisa que eu queria, que eu decidi, entende?

- Hum, entendi. E agora você decidiu que vai frequentar as aulas?

- Isso! Agora como vou fazer isso é que não sei, não vai adiantar falar com minha mãe, ela vai me aborrecer e provavelmente eu vou ceder de novo.

- Hum, temos que pensar, sua mãe é esperta.

- Pois é. Jim me ajuda, pensa!

- Calma garota. E se você falar que vai fazer um curso que esteja ligado a empresa? Contabilidade, administração, publicidade... Isso! A Tee não é publicitária?

- Isso! A Tee! Preciso ver com ela se a empresa dela tem curso ou se ela indica algum lugar, nem que eu tenha que pagar por algo que não vou fazer.

- Tô gostando de ver sua rebeldia! - diz Jim rindo.

- Jim, pra ser sincera com você, sabe o que mais me motivou a mudar de ideia? Ela, a mulher que tem o cachorro.

- A mulher cega, a voluntária?

- É. Ela é impressionante, forte, determinada, inteligente e nossa, é linda!

- Ah, sabia que não era só pela arte - brinca Jim.

- Para de rir Jim, é sério! Ela me ajudou na hora de fazer o copo, colocou as mãos nas minhas... senti a respiração dela, me arrepiei toda amiga - explica Sam.

- Mas ela é gay?

- Sei lá Jim! Gente, olha eu toda animada e nem sei se ela é gay. Vai ver que ela estava só me ensinando mesmo e tem que tocar nas pessoas porque ela não enxerga né?

- Mas vocês conversaram alguma coisa? Alguma indireta?

- Ah, não sei amiga, acho que não ou talvez sim. Ai merda, não sei. Só sei que ela me explicou que sente quando eu me aproximo por causa da energia e do cheiro.

- Sim, eles tem os outros sentidos muito mais aguçados que os nossos. Melhor não ir com muita sede ao pote amiga. Mas de qualquer forma vai e frequenta as aulas. O lugar não te fez bem antes dessa experiência com ela?

- Sim, sim com certeza.

- Então vai com esse foco. Se algo a mais acontecer é lucro.

- É isso mesmo que vou fazer amiga. Hoje mesmo vou falar com a Tee.

MON

Mon chegou em casa, liberou Ônix e foi direto pro banho, estava se sentindo um pouco tensa e preferiu a banheira do que uma ducha. A experiência com Sam tinha mexido com ela, fato. Mon não teve muitas namoradas na vida. Sua cegueira ou afastava as pessoas ou quem se aproximava não sabia lidar com ela.

Algumas a tratavam como se ela fosse de vidro, outras eram infiéis ou até essa última que tinha a cabeça no mundo da lua e só falava coisas que irritavam Mon. Na verdade Mon queria alguém para compartilhar a vida de forma leve.

O amor dos meus olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora