Capítulo 30 - Sra. Chanthira

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Sra. Chanthira nunca na vida imaginou que viveria como estava vivendo nos dias de hoje.

Assim que chegou na casa simples que Sam comprou, seus primeiros sentimentos foram de ódio e nojo.

- Casa minúscula! Olha essa pintura? Coisa horrível! E ainda por cima cercada de gente que não faz parte do meu convívio! Eu não vou suportar isso aqui por muito tempo!

Sam pediu que entregassem um armário de quatro portas, uma cômoda, uma cama de casal, uma mesa de cabeceira, fogão, geladeira, mesa de quatro lugares, um sofá, Tv, ventilador, um tapete tamanho médio, algumas louças e panelas, uma pequena estante, roupa de cama e mais alguns objetos.

Tudo que estava guardado na mansão e nunca ninguém usava, a maioria dentro do depósito e garagem porque segundo sua mãe, eram muito "simples" e não combinavam com a decoração luxuosa de sua casa.

Sua primeira surpresa aconteceu quando, no fim da tarde, bateram à sua porta. "Mas que merda! Quem será que está batendo?"

Quando abriu, deu de cara com um casal sorridente com uma torta de frango nas mãos dizendo "Seja bem vinda ao nosso bairro vizinha! Eu sou Jamila e este é meu marido Makori"

Sra. Chanthira não esperava por isso e nada falou. Depois de alguns momentos em silêncio disse:

- Obrigada, não precisava se incomodar.

- Imagina! Não é incômodo nenhum! É tradição para nós dar boas vindas aos novos vizinhos. Principalmente os que moram sozinhos, sabemos que mudar de casa às vezes é complicado. Passamos por isso, não é querido? - Diz a mulher.

- Ah sim, tivemos algumas dificuldades na adaptação por sermos de outro país. Exite muito preconceito no mundo e nós sendo negros, sabemos bem como é ver as pessoas te evitando, olhando para voce como se estivésse com alguma doença, coisas assim.

Mas aqui nesse bairro não tem isso! Aqui todo mundo se ajuda e se respeita. Às vezes colocamos uma grande mesa do lado de fora e algumas famílias comem juntas ou então naqueles dias muito quentes, escolhemos um quintal e ficamos todos conversando com uma cervejinha.

A única regra é que todo mundo leva seu ventilador rsrsrsrs. Porque um ventilador para uma pessoa sozinha, numa casa abafada, pode não surtir efeito, mas vários ventiladores juntos refrescam até nossa alma!

- Ah sim compreendo. Meu nome é Chanthira.

- Então seja bem vinda Chanthira! Agora você deve estar cansada, né? Mudança cansa muito, parece que as caixas nunca terminam rs.

- Sim, de fato estou muito cansada - diz a Sra. Chanthira

- Moramos ali do outro lado da rua, naquela casa verde. Tem um balanço de pneu de caminhão para as crianças pendurado na árvore. Se precisar de alguma coisa, é só chamar. - Diz Makori.

- Ah, sim... agradeço. Boa noite.

Sra. Chanthira fecha a porta um pouco atordoada. Foi desconcertante receber tanta empatia de pessoas que ela nunca vira antes e que num passado recente, jamais olharia de visse na rua.

Por fim tomou banho na ducha simples, do seu banheiro simples, pegou um pedaço da torta e na sua mesa simples matou sua fome.

Sra. Chanthira tinha pouquíssimo dinheiro do que sobrou, então mesmo contrariada, vendeu todas as suas roupas e sapatos caros e chiques para um brechó. Primeiro porque precisava do dinheiro e segundo que não teria onde usá-las

Nesse mesmo brechó comprou algumas roupas e sapatos mais adequados para vestir nesse momento atual da vida, sandálias e bolsas para o dia a dia. Todas as suas jóias já tinham sido vendidas, restando apenas dois pares de brincos, um anel e duas pulseiras.

O amor dos meus olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora