Perfect Lullaby | vhope

34. decisions

A despedida não pareceu realmente uma despedida. Por mais que ainda não soubesse o que viria dali pra frente, ou o que aconteceria com aqueles dois, Yoongi sentiu que o destino teria que se esforçar muito para afastá-los mais uma vez. Estava indo embora temporariamente de Gwangju, porém a tinha como sua casa. Sabia que no final, como um bom filho, retornaria.

Tanto para o local em que nasceu, quanto para seus dois amigos, Hoseok e Taehyung.

Até porque, não aguentaria ficar muito tempo longe deles.

Após um cansativo vôo (quase perdera o embarque) chegara em questão de algumas horas. Mal havia se alojado no hotel e já estava indo atrás de negócios. Com a ajuda de Namjoon, visitou casas noturnas famosas pela região, exibindo seu trabalho como Yoonie e também, apresentando seu majestoso currículo como dono de algumas boates famosas de Gwangju. Propostas foram feitas e ouvidas, e se tudo ocorresse bem, até o final do mês registraria mais uma boate em seu nome, agora localizada em outra cidade.

Busan.

Para comemorar a possível nova conquista, Namjoon abriu um vinho. A noite naquele lugar, parecia diferente. Os ares eram outros. Deitados preguiçosamente nas suas namoradeiras da sacada do vigésimo andar, eles aproveitaram o clima fresco daquela noite agradável.

— Me pergunto se essa sua ideia realmente vai dar certo, Namjoon... — considerou Yoongi; o olhar distante. — Querendo ou não, é uma grande aposta. Não sei se sou a pessoa certa para isso.

— Tenho certeza que você é a pessoa certa — respondeu ele. — Por que isso agora? Não seja tão inseguro quanto ao seu trabalho, você é incrível, meu amigo.

— Eu sei, mas... Sempre é difícil subir no palco... Tenho medo de não conseguir. Todas as vezes que me apresentei foram nas minhas boates em Gwangju, e já estava acostumado com meu público. É diferente agora. São pessoas novas, que podem não gostar de mim.

— Bom, tenho certeza que você se sairá bem. Não quero que se obrigue a nada, se começar a se sentir desconfortável nós voltamos na mesma hora para Gwangju. 

— Certo — disse  ele, alcançando a taça na pequena mesinha de centro para beber mais um pouco do vinho. — Acho que de certa forma isso me alivia. Saber que a qualquer momento posso voltar pra casa.

— Eu tinha o mesmo pensamento quando saía por aí, viajando o mundo todo com uma mochila surrada nas costas. Gosto de conhecer coisas novas, de desafios. Um dia quero te levar para a Turquia.

— Eu, ou a Yoonie?

Namjoon sorriu com a pergunta.

— Quem você preferir. Mas não seria uma viagem a trabalho.

— Yoongi, então.

— Com o tempo a gente percebe que viajar acompanhado pode ser uma experiência muito melhor. Principalmente se for ao lado de uma pessoa que ama. Sei que parece cafona, mas depois de um tempo comecei a pensar assim.

— Falando nisso... Como anda a sua situação com a Rosé?

A pergunta fez Namjoon querer beber mais um pouco do vinho caro. Por que Yoongi associara Rosé justo naquele tipo de conversa? E por que antes mesmo que ele a citasse, o nome dela já surgira em sua mente?

"O amor às vezes nos deixa confuso. Escolhemos aquilo que parece ser o melhor e logo descobrimos que podemos ser um pouco egoístas" dissera seu pai adotivo uma vez, ao lhe explicar a pintura exposta no Museu Nacional de Gwangju.

Um homem, visivelmente infeliz, algema sua futura mulher na cerimônia de casamento, ao invés de usar alianças. Os dois parecem mórbidos com a união instável.