Perfect Lullaby | vhope

20. hero's come back.

Namjoon poderia se considerar um homem de coração enorme. Quando nem mesmo o sol se fez presente, ele chegou do trabalho e tomou um banho rápido para seguir sua rotina diária. Notou que em sua pequena casa o aquecedor havia quebrado, e apesar do frio intenso, preferiu deixar o conserto para o mês seguinte. Não era um homem de muito luxo, e prezava pelo simples, mesmo tendo dinheiro de sobra na poupança.

Fora adotado por seus pais aos cinco anos, quando estes o viram na rua com roupas surradas e pés descalços. Desde então, passou a ser grato por tudo o que Deus lhe deu. Apesar de que, quando chegou em uma certa idade e aprendeu um pouco mais sobre o mundo, na sua humilde perspectiva, tudo o que os seus pais adotivos ensinaram sobre ter um ser maior no céu que cuida de nós pobres pecadores, caiu por terra. Namjoon já não acreditava mais nisso, e por mais que seus pais tenham ficado decepcionados, não intervieram na vida do filho adotivo.

Quando o relógio bateu às 7 da manhã e o sol se mostrou tímido, apressou-se em pegar a mochila e carregá-la nas costas até a avenida perto da boate em que trabalhava. Ali se tinha muitos idosos que por não ganharem aposentadoria, mendigavam por um pouco de comida e se por ventura encontrassem alguma alma bondosa, algo a mais do que apenas centavos. Toda vez que os via, Namjoon recordava de seu passado.

ㅡ Bom dia, Sra. Bang. ㅡ mostrou o seu melhor sorriso, deslizando a mochila pelo braço tatuado e a apoiando na coxa erguida, abrindo o zíper e tirando dali um potinho com a sopa que fizera assim que chegou do trabalho. ㅡ O cobertor que eu te dei ainda está em bom estado?

ㅡ Está sim, meu filho. Obrigada. ㅡ ela agradeceu, erguendo o cobertor rosado e grosso em mãos para mostrá-lo junto a um sorriso feliz que se intensificou ao pegar o pote quentinho.

Estava sentada no ponto de ônibus vazio, lugar em que costumava dormir as noites em que não suportava ficar no abrigo.  

Namjoon fez uma pequena carícia nos fios grisalhos e desgrenhados dela, e voltou a sua caminhada a procura dos outros desabrigados que costumava alimentar. Chegou em casa por volta das 10, com a mochila que carregava os potes vazios. A jogou em cima do sofá e finalmente, pôde comer da sopa que fez. Sentado e com os braços apoiados na mesa pequena e redonda, assistiu um programa aleatório na televisão. O apartamento era pequeno, tão pequeno que a sala era praticamente junta a cozinha, sem uma parede dividindo os cômodos. Não tinha planos para se mudar para um lugar maior.

Terminou de comer e lavou a louça que tinha, voltando para a cama com o intuito de dormir o resto do dia. Como trabalhava pela madrugada, precisava estar com o sono em dia e disposto ao acordar. Adormeceu quando estava perto do meio dia.

[♡]

ㅡ Ele é tão fofinho! ㅡ Hana tinha Mickey nos braços, e riu escandalosa quando o cão começou a lamber sua bochecha. ㅡ Ai, para, para!

ㅡ Você vai cuidar bem dele, Hana? ㅡ a pergunta de Hoseok a fez cessar as risadas e corar. Ele estava curvado para ficar a altura dela, com as mãos apoiadas nos joelhos.

Ela, por sua vez, assentiu, e quando ele lhe deu um sorriso após agradecer, Hana arregalou os olhos e correu com Mickey, subindo as escadas para o segundo andar. Yoongi riu.

ㅡ Eu falei algo de errado?

ㅡ Não, relaxa. Entrem aí ㅡ abriu mais a porta, dando espaço para todos entrarem. ㅡ Hana só tem 10 anos, é uma garota tímida.

ㅡ Então pelo visto ela não puxou a você ㅡ comentou Jin, adentrando a residência e recebendo um mostrar de língua do dono.

Jungkook e Jimin soltaram as mãos, olhando ao redor de forma curiosa. A televisão imensa que tinha na parede e os vasos de flores junto aos quadros com desenhos esquisitos fez Park perceber que o Hyundai não era a única coisa cara que Min Yoongi tinha. Murmurou sobre os móveis e os eletros com o namorado, que curvou um pouco o corpo e se aproximou mais para ouvir. Os dois estavam impressionados com a elegância do lugar, e ficaram um pouco envergonhados por definitivamente não serem de mesma classe social.