22. JUNG HOSEOK

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O céu estava parcialmente nublado, fazendo com que o dia aparentasse estar indo embora mais cedo que o de costume. Após inúmeras tentativas de contato falho nas vezes em que ligou para Hoseok, Taehyung parou em uma padaria e comprou um pouco de água para diminuir o cansaço, cessar a sede, e quem sabe, acalmar os ânimos. Toda aquela confusão ainda estava martelando em sua cabeça, ainda não entendia como Hoseok sabia de toda aquela história sendo que nunca teve a oportunidade de contar de fato, tudo o que aconteceu.

Só de lembrar dos gritos, do jeito frio do pai e das lágrimas do Jung ouvindo toda aquela barbárie, sentia um aperto no coração. Precisava de tempo, horas, pra explicar tudo. E esperava também, que ele não o estivesse vendo como o vilão. Taehyung não iria suportar.

Sentiu o celular vibrar no bolso, e sentado em uma das mesinhas dentro da padaria, viu a mensagem de um número desconhecido.

“taehyung, é o yoongi. peguei seu número com o jimin, ele tá muito abalado com tudo o que aconteceu então nós vamos ficar aqui com ele por enquanto. se ainda não encontrou o hoseok, acho que tenho um palpite aonde ele possa estar. procure por ele pelo cemitério, fazia um tempo em que ele estava juntando forças e coragem pra ir até lá. qualquer coisa mande notícias, porque ele não atende e não responde minhas mensagens.”

Cemitério. Era óbvio. Depois de tudo o que ouviu, ele correu para junto de sua avó. Com o coração mais apertado que nunca, Taehyung afastou a vontade de chorar e seguiu seu caminho, mesmo que o tempo estivesse avisando por meio de trovões e raios que a qualquer momento poderia chover.

[♡]

ㅡ Vovó, o que é a chuva? ㅡ perguntou o garotinho de cinco anos, avistando sua imagem refletida no vidro, com a mesma touca vermelha em sua cabeça e a bochecha de seu rosto pequeno a qual um curativo se tinha devido a queda que levara mais cedo.

Estava em cima do banquinho que empurrou até a janela para observar a tempestade que caía lá fora, hipnotizado pelas gotas que escorregavam pelo vidro e também pela luz que explodia toda vez que um raio cruzava o céu. Horas antes, tinha corrido pra fora do parquinho assustado ao ver o raio, acabando por escorregar e machucar o rosto.

Agora, parecia encantado com o fenômeno da natureza. Parecia magia, igual nos livrinhos que sua avó lia antes de dormir. No entanto, ainda não entendia como e o porquê disso acontecer.

ㅡ Por que isso acontece?

Não houve resposta. Ouviu, na verdade, sua vó fungar e limpar o nariz com as costas da mão, enquanto tinha um álbum de fotos aberto em seu colo.

ㅡ Vó?

ㅡ Oi, meu filho ㅡ voltou os olhos pra ele. ㅡ desculpa, eu estava…

ㅡ Seus olhos. Estão chovendo.

Ela riu, limpando as lágrimas.

ㅡ Não é nada, vai passar.

ㅡ Meus olhos também chove às vezes, não precisa ficar com vergonha.

ㅡ Não estou com vergonha, Hoseok. Venha cá. ㅡ ele desceu do banquinho com cuidado, então correu até ela, que o pegou pelos braços e o sentou em sua perna direita. ㅡ Você quer saber o que é chuva? ㅡ assentiu. ㅡ Pois bem. Eu vou te contar o que é a chuva. Você viu que os olhos da vovó estavam molhados?

ㅡ Sim, estavam chovendo!

ㅡ Isso é porque a vovó estava triste. E as nuvens também ficam tristes, então elas choram.

ㅡ Por que as nuvens estão tristes vovó? ㅡ olhou para a janela sendo atingida pelos pingos grossos e violentos da água. ㅡ Alguém brigou com elas?

Perfect Lullaby | vhopeOnde histórias criam vida. Descubra agora