3. lullaby.

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As coisas mudam muito rápido.

Na noite anterior estava feliz e ansioso para o dia seguinte. Queria contar a sua experiência a Hoseok, e mesmo que fosse estranho, queria agradecer a ele. Estava animado, eufórico. Taehyung passou a acordar com vontade de ir para escola depois de ter conhecido Hoseok. Ele conseguia deixá-lo leve, e desanuviar suas ideias...

Mas agora, toda as dúvidas e incertezas foram impostas em sua cabeça novamente. Seu pai ofereceu uma carona em que acabou aceitando, e no caminho, toda a sua confiança foi por água abaixo.

― Aparentemente seu primo apanhou na rua ― contou ele, com a atenção voltada para a estrada. ― Ficou sendo vagabundo e apanhou por isso.

― Como assim vagabundo? Ele assaltou alguém, ele...?

― Tava se beijando com um cara pelo o que parece ― respondeu, visivelmente enojado. ― É o que eu digo, esses moleques se rendem a tentação do diabo e pagam o preço por isso. E isso é só o começo, vão queimar no inferno e agonizar até não aguentarem mais.

Taehyung engoliu em seco, se remexendo no banco do carro.

― Ele está bem?

― Aparentemente sim. O tal do namorado deve tá cuidando dele. Eu tenho pena dessa gente, meu filho. Mas Deus é justo!

― Deus não tem nada a ver com isso, Taehyung ― disse Hoseok, sentado ao lado do amigo

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― Deus não tem nada a ver com isso, Taehyung ― disse Hoseok, sentado ao lado do amigo.

Estavam na educação física, sentados no topo do pequeno talude do terreno gramado enquanto mais a frente Seokjin e Yoongi jogavam vôlei com o resto da turma. Por sorte, agora faziam educação física juntos.

― Me desculpa falar isso — continuou ele. — mas os pensamentos do seu pai são muito tortuosos, ele é preconceituoso, homofóbico, e usa a bíblia como instrumento pra espalhar ódio pra Deus e o mundo.

― Eu não sei de mais nada, eu só queria saber como o meu primo está...

Taehyung fungou, enxugando as lágrimas. Ficara o tempo todo em silêncio nas aulas. Quando Hoseok finalmente indagou sobre a razão de sua quietação, Taehyung simplesmente se desmoronou em prantos, liberando uma torrente de preocupação e dor que havia guardado desde o momento em que recebera a notícia, incapaz de expressar seus sentimentos.

― Como é o nome dele? — perguntou Hoseok.

― De quem?

― Do seu primo.

― Ah, é Jimin. Nós andamos meio afastados desde que... Enfim ― Taehyung não quis contar e reviver o dia em que soube que o primo fora expulso de casa, sem nenhum tipo de apoio. ― Me pergunto como ele está agora.

― Jimin...

Hoseok tocou a mão dele, pensativo. O assunto era delicado. Estava constantemente se dedicando a abrir os olhos de Taehyung para um universo completamente distinto daquele que ele conhecia, e abordar os aspectos sombrios e desafiadores logo no início desse caminho em direção à liberdade era uma tarefa complexa. Quisesse ou não, isso poderia facilmente distanciá-lo ainda mais.

Perfect Lullaby | vhopeOnde histórias criam vida. Descubra agora