Quando comecei a escrever a curta história de minha vida, até o momento presente, temi não ter material suficiente para um livro, logo descobrindo que só estava em negação para com muitos fatores de minha existência.
Apesar de ter estado infeliz durante pelo menos 70% do tempo que esse ano durou, percebo agora que seria capaz de viver tudo outra vez, dessa vez, com a consciência do quanto me divertiria escrevendo sobre alguns dos meus maiores aborrecimentos e pequenas alegrias: conhecer gente nova, descobrir uma pessoa da família que fala a minha língua, ser vaiada pelos alunos de minha classe e aplaudida pela escola inteira...
Comecei o ano com tantas falsas certezas: "Nunca sobreviverei ao último ano do ensino médio por conta própria... Nunca serei capaz de me impor publicamente... Nunca me colocarei numa situação ridícula de propósito sem sentir-me terrivelmente culpada a respeito..." Apenas para concluir que crescer é ir de incerteza a incerteza acreditando saber o que não sabe e provando-se estar errado a cada novo dia.
Pode não ser a descoberta da história, mas é como dizem: "Um pequeno passo para a Aline, um gigantesco salto para a humanidade!"
Enquanto formos capazes de lidar com os nossos equívocos, sobreviveremos. E mais do que isso! Viveremos de modo que, em nossos últimos segundos de vida, também possamos ser gratos pela nossa existência.
Posso ter me confundido um pouco no meio do caminho, quando tentei enxergar toda a realidade ao meu redor como tratando-se de uma grande ilusão, mas creio que retornei ao rumo certo, desde que compreendi que a ilusão sobre a qual meu avô se referira está na minha própria concepção do que a vida significa. Essa é a ilusão da qual, a qualquer momento, eu possuo total autonomia para despertar parando de agir como esperam que eu o faça, e moldando-a para que se encaixe nas minhas próprias expectativas.
Uma pena o ano precisar acabar para eu me dar conta de tudo isso! Quase sinto-me mal por ele ter chegado ao seu fim... NÃÃÃÃÃO! Mal posso acreditar que finalmente estou LIVRE! Livre da convivência diária com outros "aborrescentes"; livre para enfim viver a minha vida, mudar de cidade, cursar uma faculdade, perseguir os meus sonhos, descobrir o meu lugar no mundo, fazer a diferença, conquistar minha independência...
É... acho que já sinto os sintomas de uma depressão pré-maioridade!
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Alienada
ChickLit(*Tem trailer no capítulo de introdução!!) Aline é uma garota sensível, ansiosa e cheia de ideias a compartilhar, porém frequentemente subestimada por todos por causa da sua timidez. Em seu último ano no ensino médio, quando sua única amiga se muda...