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Não fui a escola durante uma semana, e isso pode ter-me prejudicado a farta, mas pelo menos recuperei, mais ou menos. 

Quando desço já pronta para sair, o meu pai não comentou nada, apenas revolveu dizer Bom dia e sair de casa, já o meu irmão não comentou nada da minha saída assim repentina, o que agradeço, quando cheguei ao Seixal, naquele dia, não poderia imaginar que esse era também o primeiro dia do Neves que estava rodeado dos colegas, passo por eles que ocupavam as portas de entrada, alguns repararam na minha presença, mas não disseram nada, agradeço novamente aos deuses. 

- ANGELINA! - A voz estridente da Natália, fez-me olhar para trás, mas continuo a andar como se ela não tivesse gritado para meio mundo que eu estava de volta, sinto os braços finos dela, envolverem o meu corpo, como se fosse um boneco gigante feito de algodão. - Voltaste, pensavas que tinhas ido embora. - disse calmamente. 

- Iria, se não fosse menor. - digo apenas, mas foi tão fria que ela se encolheu. - Olha Natália, não quero parecer antipática e tu não mereces a minha nova forma de ser, por isso, agradeço que não falas para mim. - digo, aquilo magoou-me mais a mim do que a ela, acreditem, mas eu era assim agora, fria, e altamente altruísta. 

- Credo. - disse de uma maneira que se fosse antigamente me teria rido. Mantive-me firme e vejo-a engolir a seco. - Desculpa. - disse. 

- Não precisas de pedir, apenas vou acabar isto e desaparecer daqui. - disse.

- Olha, quem quis que desaparecesses foi o Neves, não fui eu. - disse zangada e tinha toda a razão, eu estava a ser injusta, mas construí aquela barreira durante uma semana inteira, e não a iria destruir com uma pena de pomba. 

Não lhe respondo. 

- Vais ser assim agora? - Disse, mas eu não olho para ela. - Estás a ser cobarde. - disse e eu olho para ela. 

- Estou? Eu? Okay, eu sou culpada de tudo, dele não puder jogar, de ele ser quase morto, da fome do mundo, da crise, da corrupção, eu sou culpada de tudo. Do meu pai estar a mil e esforçar mais a equipa principal, dos meus pais discutirem, mais o que? Ah espera, da falta de água, dos incêndios, do buraco do ozono, eu tenho as costas bastante largas, sabias? - Digo a virar-me para ela. - Eu é que sou a cobarde, boa, sim talvez seja, esconder-me do mundo, quando as coisas estás péssimas, sim, sou, mas o rapaz que eu gosto simplesmente disse para desaparecer, e aqui estou eu, no mesmo sítio que ele a tentar andar com a minha vida, sim, sou a culpada de tudo, sim, mas tentei não prejudicar ninguém, por isso pedi para não falares comigo. - digo e ela aproximou-se de mim. 

- Desculpa Angelina. - disse próxima de mim. 

Respiro fundo. 

- Eu não quero fazer mal a ninguém, já destruí a vida dele, não quero destruir a de mais ninguém, por isso Natália, não fales comigo, só quero terminar este curso e voltar para a Alemanha, já o teria feito se tivesse idade. - disse.

- Porque queres que deixe de falar contigo? Angel, não sou tua inimiga. - disse, e eu sento-me num banco que ali estava. 

- Não quero chorar outra vez. - disse. 

- Não precisas, mas não te afastes de mim. - disse e eu abraço-a acabando por derrubar a barreira. 

- Quando eu saí daqui, eu fui ao hospital ver dele, e da primeira vez que entrei com a Helena ele pediu para eu ir embora, eu fui, mas depois a Helena disse para eu entrar novamente  e a primeira coisa que ele diz é isto: 

" - Não quero ver-te, nunca mais. - disse ele frio e sem olhar para mim. - Vai-te embora, para sempre. - disse sem fazer contacto visual comigo.

First Love | A Filha do MisterOnde histórias criam vida. Descubra agora