Noites Sem Luar - Livro II da Trilogia do Coração

Capítulo 12 - A Primeira Semana

A declaração de Stefano, no dia anterior, pareceu surtir algum efeito. Não fez com que os jornalistas, sérios ou oportunistas, desaparecessem ou abandonassem sua permanência em frente ao hospital! Mas agora, todos pareciam mais contidos e respeitosos, aguardando os boletins de atualização que eram divulgados todos os dias, as seis da manhã e as cinco da tarde. O pronunciamento também atraiu mais fãs, flores e uma constante vigília em preces e cantos. As palavras de Adam também serviram para agregar aos outros, os fãs dos Whispers!

Agora não se viam mais as terríveis imagens do acidente, nem se falava sobre o assunto o tempo todo instante! O foco tinha mudado para os anúncios das atualizações e, entre uma e outra, falavam mais da carreira de Luna! Rádios e estações de TV não cansavam de reproduzir as músicas e clipes, desde a fase solo, sob a alcunha de Moon Martinez, passando pelas Six Stars, os especiais com os Whispers até as Fireflies. Além disso, Alexander e as crianças também tinham ganhado espaço nas notícias!

Sally, Nick, Adam e Stefano eram, invariavelmente, os primeiros a chegar e os últimos a sair do hospital. Ainda não podiam ver Luna, mas tratavam de saber de detalhes de sua evolução. Também se preocupavam em estar com Junior e tentar oferecer a ele algum consolo e as explicações que ele exigia. Não era fácil!

Poucas pessoas conseguiam lidar com a perspicácia do pequeno, além dos pais. Ele lia por trás dos olhares, a verdade que não lhe contavam! Ele era uma criança bastante inteligente para a idade e era difícil mentir sem que percebesse!

E, claro, sempre iam ver Lilly e seus enormes olhos castanhos! A menina era uma cópia quase perfeita do pai quando bebê! Os mesmos longos cílios, a quantidade exagerada de cabelos enrolados para um recém nascido, as bochechas redondas e graúdas, e uma boca pequena, quase em formato de coração! Quando deu por isso, Sally teve certeza que Luna choraria assim que visse a filha! Era tudo o que ela desejava: uma réplica, em miniatura, de Alexander!

Quanto a ele, parecia ainda não ter sido atingido pela realidade. Passava parte do dia refugiado naquele quarto. Quando o peito pesava, passava algum tempo olhando pela janela e murmurando as músicas de Luna, junto com os fãs do lado de fora. Às vezes, em geral a noite ou pela madrugada, arriscava sair e andar até a porta do CTI. Não perguntava nada, não falava com ninguém. Apenas ficava ali, em silêncio, algumas vezes sentado no chão no corredor, com a certeza, quase irracional, que ela podia sentir sua presença!

E não estava completamente errado! Os enfermeiros e médicos perceberam que sempre que ele estava por perto, todos os sinais vitais de Luna se alteravam, colocando todos em alerta. Sua pressão subia, seus indicadores de dor caíam e seu ritmo cardíaco acelerava. E tudo voltava aos níveis anteriores, quando ele se afastava. No princípio, se preocuparam, mas o Dr. Armstrong os tranquilizou, dizendo que era isso que ainda a mantinha presa a vida!

Os outros tentavam se aproximar de Alexander, trazê-lo de volta a realidade, acima de tudo, por causa de seus filhos. Mas todas as primeiras tentativas foram em vão! Quando Adam tentou falar com ele, logo no dia seguinte, ele não disse uma palavra, sequer ergueu os olhos para demonstrar que ouvia o que o amigo dizia.

Quando Sally e Nick também tentaram uma aproximação, no dia seguinte. A reação de Alexander não foi muito diferente, exceto que, a eles, demonstrou estar ouvindo, olhando-os, com o queixo apoiado nas mãos juntas. Mas ainda assim, permaneceu em silêncio. Nenhuma palavra, nenhuma demonstração de interesse, nenhuma resposta às perguntas! Apenas silêncio e apatia! O que deixou Nick bastante frustado e irritado.

- Isso não pode continuar assim! - protestou enquanto andavam de volta para a sala de espera, quase em um grito.

- Nick! - repreendeu Sally. - Estamos em um hospital!