Capítulo 23 - Erro número dois.

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- Alexander?! - disse o terapeuta assim que abriu a porta do consultório, com genuína surpresa. - Não o esperava até a próxima sexta!

- Eu sei! Sinto muito por isso! - esfregando as mãos insistentemente nas pernas e evitando olhar Francis nos olhos. - Posso entrar?

- Claro! Não tenho mais nenhum paciente e... - vendo-o entrar e sentar apressado. - O que houve? - voltando devagar e sentando diante do outro.

- Cometi um erro! - resumiu, sem saber direito por onde ou como devia começar.

- Bem, isso é bastante razoável, já que é um ser humano e somos todos falíveis e propensos a erros. - com tranquilidade.

- Não esse tipo de erro! Um erro imperdoável e irreversível! - ainda esfregando as mãos e agora agitando um joelho.

- Certo! - ponderou o médico. - Tente relaxar e começar pelo início, pode ser?

- Tinha essa pessoa, essa enfermeira. Ela sempre estava por perto e eu estava tão... Estava me sentindo tão... Ela não pareceu perigosa ou ameaçadora! Na verdade, começou a parecer uma amiga. Alguém que não estava tão envolvida com todo esse drama e talvez pudesse ser um alívio para tanta ansiedade e... Como você, sabe?

- Alguém que não estava sofrendo tanto quanto você e com quem não precisava pensar ou falar sobre sua angústia. Entendi!

- Isso! - confirmou, erguendo a cabeça pela primeira vez. - Mas eu estava tão mergulhado em medo e autopiedade que não percebi os sinais. Em qualquer outro momento eu teria visto a quilômetros! Especialmente depois de Luna! - com alguma indignação e culpa na voz.

- O que está tentando me dizer é que essa mulher estava tentando seduzi-lo? Talvez se aproveitando de sua fragilidade emocional?

- Se estava se aproveitando ou não, não sei! Mas sim! Desde a primeira vez que nos falamos ela tinha uma intenção! Um plano! E caí como um idiota!

- O que quer dizer? - franzindo a testa, num misto de interesse profissional e curiosidade.

- Lilly teve febre. As meninas estavam fora. Minha rede de apoio estava fora de alcance! - com algum lamento. - A febre não cedia e enquanto procurava alguém nos meus contatos que pudesse me orientar ou ajudar, o nome de Miranda apareceu como uma salvadora inesperada. Afinal ela é enfermeira, certo? Qual ajuda podia ser mais adequada?

- Parece racional. - a imagem de Miranda veio imediatamente a mente de Francis e sua fama também.

- O problema é que eu estava cansado, angustiado, com medo. Ela mesma colocou tantas ideias na minha cabeça... Eu estava... Estou confuso e assustado.

- Que ideias? - franzindo ainda mais a testa e inclinando o corpo um pouco mais para frente.

- Ela sempre falava sobre as probabilidades de alguém na condição de Luna se recuperar e nunca era esperançoso. Eu comecei a ficar paranóico com a ideia de perdê-la para sempre, ficar sozinho, sem nada, sem ninguém, perdido... - com um suspiro profundo. - Naquela noite eu apenas desliguei. Parei de pensar racionalmente. Deixei as coisas acontecerem. Quase como se quisesse me vingar de Luna por ter me abandonado!

- Mas ela não fez isso! - atravessou o terapeuta. - Além de ter sido um acidente, ela ainda está aqui! - ponderou.

- Eu sei! - quase em um grito. - Mas eu não estava pensando, entende? Tanto que quando percebi o que estava acontecendo tentei me convencer, de todas as maneiras, que era apenas um pesadelo, que não era real! Nunca, em nenhuma realidade, eu trairia Luna! - com alguma raiva e vergonha.

- Ah! - murmurou o outro, sem jeito, voltando a encostar as costas na poltrona. - Então fez sexo com ela?

- É. Fiz. - baixando a cabeça outra vez.

Noites Sem Luar - Livro II da Trilogia do Coração Onde histórias criam vida. Descubra agora