Capítulo 20 - Ataque e defesa

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Depois de tudo o que ouviu de Miranda, Alexander gastou muito de seu tempo pensando seriamente na possibilidade de jamais ter Luna de volta. Uma coisa que até então não tinha considerado a sério. Em sua mente, era apenas questão de tempo para que ela despertasse! Naquele momento, porém, seus pensamentos se dividiam entre sua certeza anterior e a dúvida permanente plantada pelas palavras da enfermeira.

O que ele faria sem sua outra metade? Como sobreviveria? Como seria capaz de tomar conta de seus filhos? Como seguiria sua vida sozinha? Como faria aquela dor toda ir embora? Se já sofria apenas por tê-la ao seu lado, mesmo que adormecida, qual seria o tamanho de seu sofrimento se a perdesse de vez?

Não tinha resposta para nenhuma daquela questões que davam voltas em sua mente! Não tinha mais certeza de coisa alguma! Não sabia o que pensar ou como agir! Agora, sempre que estava sozinho com Luna sua mente retornava para aquele local sombrio, sobre perdê-la, nunca mais vê-la, nunca mais tê-la ao seu lado. Não queria pensar em nada daquilo, mas os pensamentos o invadiam sem sua permissão.

— Isso é sério? — perguntou Elena a Miranda em de seus plantões. — Você está mesmo flertando com um homem casado?

— Praticamente viúvo! — corrigiu Miranda.

— Não! Nada disso! — rebateu Elena com veemência. — Luna está viva! E ainda são casados!

— Questão de tempo! — pontuou.

— Não acredito nisso! — sacudindo a cabeça. — Está esperando que ela morra?

— Como eu disse, questão de tempo! — repetiu.

— Miranda! Isso é um absurdo tão grande que nem sei o que dizer! — suspirou.

— Você não o conhece! — desviando o olhar. — Ele é doce, gentil, atencioso…

— E vulnerável! — atravessou Elena. — E você está se aproveitando disso! É cruel!

— Oh! Meu Deus! Elena! Que exagero! — revirando os olhos. — Ele é homem!

— Um homem quebrado, sofrendo e apaixonado pela esposa!

— O que é isso? O Morro dos Ventos Uivantes? — quase com indignação. — Ele vai ser obcecado por um fantasma pelo resto da vida?

— Ela não é um fantasma! — contendo um grito.

— Ainda! — com desdém.

— Sinto muito, Miranda! Isso é vil, cruel e desonesto! — se afastando rapidamente, com uma expressão de repulsa. Miranda apenas ergueu os ombros levemente sem levar em consideração os protestos da colega.

Com o passar das semanas e a estagnação no estado de saúde de Luna, os pensamentos de Alexander iam se tornando cada vez mais conturbados e confusos. A cada dia se sentia menos esperançoso e a ideia de que sua amada despertaria e sua vida voltaria a ser feliz ia ficando mais e mais distante. 

Parte dessa descrença e confusão eram alimentados por suas conversas com Miranda, que tinham se tornado quase diárias. Podia dizer que eram quase amigos. Mas ela sempre tinha histórias para contar sobre pacientes que nunca retornavam do coma ou que se retornassem permaneciam em estado vegetativo. Eram coisas amargas e dolorosas de ouvir e assimilar. Coisas que atacavam e destruíam, pouco a pouco, suas mais fortes crenças

Mesmo contrariando toda a lógica e bandeiras vermelhas que aquelas conversas provocavam, elas passaram rapidamente de corriqueiras a diárias! A confiança de Alex naquela desconhecida e em suas palavras, tinho crescido tanto ao ponto de trocarem números de telefone. Dessa forma, ele podia entrar em contato com ela sempre que julgasse necessário. O contrário também era verdade! Agora Miranda tinha acesso a ele a qualquer hora do dia a do noite.

Noites Sem Luar - Livro II da Trilogia do Coração Onde histórias criam vida. Descubra agora