CAP 9 - The Second Show

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Addy

  Me sinto péssima por mentir para o Billy. Não posso dizer, não ainda. Eu e ele no palco, fomos um. Ele e eu fora dele, somos outra coisa. Algo mais. Não gosto de pensar na ideia que ele possa ter química com todas as garotas. Vou deixar isso baixo por enquanto. São 13h, já almocei e subi para me deitar um pouco. Acordei cedo demais depois da segunda noite dormindo tarde. Deito e sinto meu corpo relaxar. Olho para onde estava a cama de Bill e meu peito dói por ter que fazer isso.
    Acabo pegando no sono rápido, e quando acordo, percebo que já são 17:35. Abro os armários e decido o que vou vestir: escolho uma mini saia jeans escuro de cós baixo, uma blusa cinza escura caída nos ombros, botas pretas cano alto, argolas pratas. Separo a peruca de cabelos escuros, e coloco as maquiagens na bolsa. Por precaução, já deixo a roupa para ir para o hotel: uma calça legging preta, um blusão grande branco e um tênis branco. Vou para o banho e não demoro muito, olho para minha pulseira e sorrio para a mesma. Me apronto rápido e espero Finn me buscar. Vamos mais cedo para tentar sair mais cedo também.
    Não vejo meus pais, então deixo uma mensagem e vou para a varanda. Não demora 5 minutos pra eles buzinarem e entro na van.
  – Addy, quando vamos cantar as músicas daqui, hein? Eddie não para de reclamar que você só traz músicas de quando era do Colorado.
– Fala sério, Addy, você é mais alemã do que americana agora. — bufa Eddie.
  – Na próxima a gente escolhe melhor, prometo. Quem sabe até uma do Tokio Hotel... – digo olhando para janela e sorrindo
– SIM, POR FAVOR! – eles dizem em uníssono. Rio sozinha com isso. Fico o caminho todo pensando nos 3 primeiros anos da minha vida que ficamos no Colorado. Na metade dos meus 3 anos, decidimos vir para Leipzig, mas mantive os hábitos de onde nasci.
     Finalmente chegamos e já está bem cheio. Descemos do carro e vamos direto para o camarim. Eu faço a La Chorona no rosto e sorrio sozinha com esse nome. Eu adoro e é engraçado, é incrível. Finalizo colocando a peruca e prendo num rabo de cavalo com as franjas soltas.
  Vamos caminhando para o palco que o lugar está abarrotado de gente. Nos posicionamos. As luzes azuis se acendem primeiro fazendo a caveira em meu rosto brilhar, como se um ritual todas as vezes. Eddie começa No Air. Começo a cantar a música que faço dueto com Finn, as pessoas fazem barulho e cantam com a gente. Reconheço uns rostos na plateia, mas 3 específicos me fazem gelar. Bill, Georg e Gustav estavam no meio das pessoas cantando a música comigo. Porr4 mas que merd4. Continuo o dueto com Finn me aproximando do mesmo na bateria e o público grita. Me viro de volta e começamos a segunda música. O show passa tão rápido e penso durante todo repertório como vou chegar primeiro que os meninos na minha casa. O show acaba e agradeço indo direto para o camarim. Não tiro a maquiagem e nem a peruca por medo de esbarrar com um deles.
E maldita boca, na saída, acabo batendo em Georg passando pelas pessoas. Bill estava com ele e me olha de cima a baixo focando em meus ombros. Ele passa a língua pelos lábios enquanto olha minha boca. Não sei como me sinto sobre isso. Eu e ele estamos tendo algo, né? A não ser que ele me reconheça – o que sinceramente acho difícil o bastante – ele estaria flertando comigo na cara dura. Aceno rápido para os mesmos e sigo em direção a saída. Eddie se demora enquanto estou com Finn do lado de fora. Entramos no carro para esperarmos Eddie por conta do frio do cacete que estava fazendo. Tiro a peruca estando dentro do carro e começo a ficar ansiosa esperando Eddie. Nos assustamos com o barulho da porta e ele entra exasperado atropelando todas as palavras.
—Ok, seguinte: temos uma participação quando quisermos com Tokio Hotel. Georg me deu o número, PUT4 MERDA CARALH0! UUUUHULLLL — ele grita
— o que? Como assim? — eu e Finn perguntamos.
– Esbarrei em Gustav e ele me deu o número de Georg. Cacete, que incrível. Eu falei com eles! PORR4 — Eddie se descontrola.
Eu e Finn não sabemos se rimos ou ficamos em choque. Apresso Finn por eu precisar estar rápido em casa. Eddie tagarela o caminho todo, o que se torna cansativo. Assim que chego em casa, meus pais não estavam, então subi direto para o quarto. Tomo banho rápido e lavo o cabelo, tiro toda a maquiagem e saio de toalha para me arrumar no quarto. Visto a calcinha e o sutiã pretos de renda por serem os mais confortáveis. Visto a calça legging preta e jogo a camisa enorme por cima. Coloco o tênis branco e pego a jaqueta jeans verde para jogar por cima. Não vai dar para secar meu cabelo e eu odeio sair com ele molhado, então coloco um boné por conta do frio. Já estamos em dezembro, e começa a mudar a temperatura.
   Deito na cama esperando os meninos. Fecho os olhos por um momento e acabo cochilando. Acordo com o celular tocando e vejo que Bill estava ligando. Desço logo e vejo o carro deles. Noto que Tom está no carro também e não esperava por isso, mas ajo normalmente. Bill abre a porta do carro e entro no banco de trás e ele senta do meu lado. Tom está ao meu lado direito e Georg dirige com Gustav do lado. Gustav liga o rádio e me manda cantar a música que está pela metade "Too little too late" de JoJo. Com Billy me encorajando e Georg me olhando pelo retrovisor, começo a cantar. Percebo de canto de olho que Tom me olha boquiaberto com essa cantoria. A música acaba e estou ofegante pelo nervosismo que exigiu muito de mim agora.
  —Porr4, a voz dela é idêntica da garota da caveira lá no bar. — diz Tom arfando.
— Pior que parece mesmo, Tom. A gente tava falando que iria ser o máximo levar ela pra cantar qualquer dia com a gente. — diz Gustav virando para o banco de trás.
— Falando nisso, Gustav e eu deixamos meu telefone para marcarmos um ensaio, seria legal, a voz dela naquele dia com Billy soou muito bem. Eram como um só.
  — É, a voz dela era boa e ela era gostosa pra car4lho. Fora toda a estética deles — diz Tom.
  — Era mesmo — concorda Bill, olhando pra janela.
  Fico em silêncio pelo pouco do caminho que resta para chegarmos. Bill realmente concordou com o que Tom disso. Isso me faz me remexer no banco, desconfortável. O hotel está vazio, então podemos entrar tranquilamente. Subimos para o quarto andar e caminhamos até o 438. Entramos e logo ligamos a TV. Sentei no sofá, peguei o celular e abri o Twitter. E no mesmo momento que eu vejo os assuntos comentados, aparece na televisão. Uma foto de Tom, ontem. Bêbado, sem camisa e largado na cama. Parece que uma fã expôs e ela mesmo deu as caras e falou sobre.

"Ah, ele é arrogante e acha que pode tudo. Definitivamente não é um cara legal. Me senti péssima depois que saí com ele."

Desligo rapidamente a televisão e olho para os meninos. Tom abaixa a cabeça e vai para o quarto. Bill se apronta para segui-lo. Seguro sua mão e digo:

— Eu posso ir?
— Você acha uma boa ideia? — Billy me responde fazendo a pergunta.

Faço que sim com a cabeça e antes de soltar a minha mão, dá um pequeno beijo na mesma. Recuo um pouco depois disso, não consigo olha-lo depois de como ele me olhou no bar. Sigo em direção ao quarto de Tom. Bato na porta e abro um pouco.
— É Addy. Vou entrar, está bem?
  Abro a porta e o vejo terminando de colocar a camisa. Ele está com os dreads e o lenço com o boné. Então, tira os dois acessórios e faz um coque grande no topo da cabeça. Observo a cena. Nossos olhares se encontram e eu me aproximo e o abraço, simplesmente. Sinto ele inspirar no meu pescoço e meu corpo relaxa. Mal fiquei com Tom desde que ele voltou. Eu senti falta disso. Mas por um momento eu fiquei com medo dele me afastar ou me tratar mal. Ele me afasta depois de um tempo e me olha. Estamos muito próximos agora e a porta está aberta. Ele olha nos meus olhos e desce até minha boca. Quando o faz, ele segura seu piercing dos lábios entre os dentes.
  — Eu acho que devo... – antes de terminar a frase sou interrompida com um beijo. Tom segura minha nuca e me aproxima mais. Eu não consigo me mexer, sua mão está em minha cintura me apertando. Não é nada cuidadoso. É um beijo grosseiro mas gostoso. É como se conseguisse sentir todo o desejo através de seus lábios. Alguém pigarreia atrás de mim.
  — Desculpe atrapalhar... vocês vão... querer a pizza ainda ou...? — diz Georg.
— Claro, já estávamos indo. — diz Tom, indiferentes. — Antes de sair do quarto ele me olha por inteiro se demorando em minhas pernas. Ele vai pra sala e sigo atrás dele. Meus lábios certamente estão inchados e vermelhos pelo beijo intenso e inesperado. Bill nos olha como se já soubesse e vê como estou corada e ofegante pelo que acabou de acontecer. Não sei como, mas de alguma forma, o hotel agora está com no mínimo 40 pessoas lá fora. Saio da sala e vou para a varanda tomar um ar. Meu coração está disparado. Tudo aconteceu muito rápido e mal consigo acompanhar. Eu não poderia ter feito isso com Billy. Eu não posso continuar mentindo para eles. Me vem a cabeça como ele olhava para meu outro eu no Bar. O jeito que Tom me olhava com desejo. E se eu confundi tudo e eu esperei pelo irmão errado todo esse tempo? Quer dizer, se quer um deles estaria interessado em mim? Suspiro fundo vendo as luzes da cidade. Está frio e não trouxe casaco, mas nesse momento não me importo. Sinto uma lágrima escorrer pelo meu rosto. Um flash de luz me tira dos meus pensamentos.
"O quê?" penso. E então eu ouço: mais uma vez as fãs na porta do hotel. No mínimo há umas 40 pessoas lá fora, aumentou desde ontem. É um edifício de 7 andares, estamos no quarto. Dá para ver as pessoas aqui. Sinto me fotografarem e entro para a sala.
  — ãh... então. – começo — gente, tem umas pessoas lá fora...
  – Muitas? — pergunta Georg
– O bastante – respondo – e abro a porta da varanda para ouvirem, fechando em seguida. — Acho que tiraram fotos minhas aqui.
– Gata... — diz Tom entre risos — você não vai voltar pra casa hoje. — e todos rimos de nervosismo, jogo a almofada no Tom que ri mais ainda.
— Nessa altura já acham que você é de duas uma: uma acompanhante se é que me entende, ou namorada de um de nós – diz Georg sem graça em falar isso em voz alta, e nesse momento meu olhar vai de Billy pra Tom — infelizmente — completa.

Em algum momento a pizza chegou.
Decidimos apenas conversar e comer a pizza, nada de filmes. Eles contam um pouco dos shows, as experiências e histórias. Eles continuam a conversa e dizem os próximos planos, eles vão lançar um álbum novo no próximo inverno, "Humanoid". Eles me mostraram o design e algumas músicas. E uau, que fod4.
  Conversamos mais um pouco e quando nos demos conta, tínhamos aberto um vinho e estávamos às altas gargalhadas.
   — Mas e você, Addy? – pergunta Gustav.
  — O que tem eu? — retruco, tomando um gole do vinho e cruzando as pernas no sofá.
  — É verdade, você quase não fala de você. — diz Tom baixinho e levanta o olhar para me ver.
   — Certo. Vou responder com "sim" e "não" e "próximo". Vai. O que querem saber?
Os quatro meninos na minha frente se entreolham e sorriem como crianças esperando doce. Coloco a mão na testa e sorrio, percebendo o quão longa vai ser essa noite.



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HIM: Bill Kaulitz. > CONCLUÍDO Onde histórias criam vida. Descubra agora