Cap 15- Summer day

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Addy

Acordo às 8. Pego o telefone e peço o café da manhã. Enquanto não chega, vou para o banheiro. Lavo o rosto, tiro a peruca e penteio meu cabelo natural. Prendo o mesmo para novamente colocar a peruca escura. Visto o biquíni preto e antes que pudesse terminar de me vestir, alguém bate à porta. Coloco o roupão e vejo pelo olho mágico que é a moça do hotel. Abro a porta pra mesma, que é muito simpática e aparente estar na casa dos 40. Idade da minha mãe. Ela deixa a bandeja na varanda e acena antes de sair. Agradeço e fecho a porta. Antes de comer, pego o celular e mando mensagem para meus pais.
"Oi, mãe, oi, pai! Saudade de vocês, aqui está muito legal! Volto amanhã pra casa. O show ontem foi incrível."
Pego um livro do quarto, "Os Miseráveis" e meu óculos escuro e vou para a varanda e vejo que na bandeja tem: pãezinhos, ovos mexidos, bacon, um suco de laranja e umas uvas e morangos. Delícia. Tomo o café lendo o livro e apreciando a vista. Nada mal ficar em frente à praia mais famosa da cidade. Meu telefone vibra e vejo que é meu pai.
      "Oi, filha. Estamos com saudade. Divirta-se, logo, logo nos veremos."

      Sorrio diante da mensagem. Vejo as horas e já são 9:30. Entro no quarto e tiro o roupão, colocando a camisa de sol branca, que usava em dia de surf e um short. Me olho no espelho e sinto falta de surfar. Dias atrás, quando estava na praia, mal pensei em levar a prancha. Eu estava mal, e como estou um tempo sem praticar, fiquei com medo de acabar fazendo besteira, o que certamente aconteceria por estar com a cabeça em outro lugar. Eu comecei com 4 anos, parei há 1 ano e alguns meses. 14 anos surfando, nada mal.
Coloco os óculos e o boné, e pego a bolsa com protetor, celular e carteira. Saio do quarto e tranco a porta, deixando o cartão na bolsa também. Bato na porta de Eddie e Finn, e não respondem. Abro a porta e vejo que a cama mal foi mexida. Estranho. Respiro fundo e bato na porta dos Kaulitz.
— Já vai — ouço Gustav gritar. Rio. É sempre ele.
A porta abre e é Bill vestindo a camisa e desvio rapidamente o olhar fazendo meu coração disparar.
— Ah, desculpa, eu achei que tivessem prontos, eu volto depois.
— Bom dia, Elle, ta tudo bem, só faltava me vestir mesmo.
— Você viu Eddie e Finn? — Bill abre a porta e vejo os lençóis revirados, cobertores no chão e travesseiros espalhados. Gustav e Georg estão esparramados na cama, enquanto Tom, Eddie e Finn estão escovando os dentes. Ótimo.
— Vamos indo, temos que pegar o carro. — diz, encostando a porta e indo pelo corredor.
— Carro? É só atravessar a rua.
— Não vamos nessa praia. Definitivamente não teremos paz se formos nela.
– Pra onde vamos, então? – ele se vira e sorri.
— Você surfa? — pergunta olhando pra minha blusa com olhar debochado.
— Na verdade sim, há 14 anos, parei ano passado. — sorrio, me exibindo.
— Hm. Legal. — pigarreio e pergunto mais uma vez:
— Pra onde vamos?
— Praia da Reserva. Já ouviu falar? Ray que indicou.
— Não. Nunca.
Chegamos no carro, é uma SUV de 7 lugares. Linda.
— Vai na frente, Elle. A vista é incrível.
Concordo sem pensar duas vezes. Assim que coloco o cinto, os meninos chegam e se acomodam no carro. Tem um cd no rádio tocando Somebody to Love, do Queen.
Bill dá a partida. Levamos quase uma hora pra chegar na praia, entre risadas, músicas e conversa, agradeço mentalmente Ray por ter indicado. É linda. Descemos todos e fomos caminhando até a faixa de areia. Finn, Eddie, Gustav e Georg vão correndo até a água. Eu e os gêmeos escolhemos um lugar próximo aonde eles estão e estendemos a canga. Também não demoro a entrar, tiro o short, prendo o cabelo num rabo de cavalo alto e vou em direção à água.
— Vocês não vem? – pergunto aos dois irmãos.
— Agora não, daqui a pouco entramos. — diz Bill.
Sorrio, mal escondendo a felicidade em estar aqui. A água é clara e a areia é tão fofa que pareço estar andando em algodão. Estou lutando contra mim mesma pra não mergulhar, vai ser terrível ter que limpar esse cabelo depois. Considero a ideia mesmo assim. Vou andando até os meninos. Georg e Finn estão boiando conversando, então vou em direção à Gustav e Eddie. Eles estão falando sobre algum jogo. Que porre. Vou nadando pra mais longe dos quatro e sinto meu cabelo molhando aos poucos. Fico nadando pra lá e pra cá, quando por fim, decido molhar o cabelo.
É humanamente impossível vir à praia e não mergulhar. Seguro o boné e o óculos, e afundo, aproveitando cada instante. Subo de volta a superfície depois de alguns segundos e coloco novamente os óculos e ajeito o boné, agora pesado na cabeça. Bill e Tom estão dentro da água agora, então aproveito pra tomar um sol enquanto todos estão conversando. Volto pra faixa de areia e tiro a blusa para pegar uma cor. Observo os 6 meninos de longe. Tom está com os dreads amarrados em coque, Bill, Georg e Eddie estão com seus cabelos soltos molhados agora.
Coloco os fones de ouvido e deixo minha playlist tocando, fico deitada me apoiando nos cotovelos. O sol está quente demais. Fico pouco mais de 5 minutos e desisto da ideia. Vejo Gustav e Georg voltando pra areia e visto a blusa.
— Tá com fome? — pergunta Gustav.
— Não, a gente acabou de tomar café. — respondo.
— Tá brincando? Elle, já são uma da tarde. — diz Georg.
— É o quê? — pergunto assustada e checo as horas. Como o tempo passou tão rápido?
— A gente tá pensando em pular o almoço e voltar mais cedo pro hotel, podemos pedir algo diferente hoje. Pensamos em hambúrguer ou algo do tipo.
— É, mas se você quiser, podemos lanchar por agora e depois comemos melhor — completa Georg.
— Não, não. Por mim está ótimo. – sorrio e eles se sentam ao meu lado. Ficamos em silêncio só observando a praia, até eu perguntar: — É a primeira vez de vocês aqui?
— Terceira. Mas nunca tivemos muito tempo pra sair do hotel — diz Gustav.
— Como dessa vez são apenas 4 ou 5 shows pra uma publicidade, temos mais folga. Estando em turnê mesmo, é impossível. — completa Georg.
— Eu imagino. Vocês não se arrependem? Sabe, de viverem sempre acelerados, reservados, essas coisas?
— Na verdade, não. Quer dizer, eu pelo menos. — responde Georg — Tom e Gustav, às vezes. Bill, por outro lado, sempre teve certeza, por mais que seja o que mais sofra.
— Sofrer? Por que? – Gustav está em silêncio olhando pra longe.
— O estilo de Bill é único, Elle. As roupas, o cabelo, os piercings. Mas o que acontece é: pra nós, é só estilo. — Georg suspira e Gustav completa:
— Algumas pessoas são tão superficiais que vivem somente pra afundar as outras – diz por fim. — Bill é o que mais sente e é o mais atacado. As pessoas falam do cabelo do Ge, das roupas de Tom. Mas com Bill é diferente. Elas são más.
Respiro fundo tentando não chorar. Quero gritar diante disso tudo.
— A grande questão é que não temos o que fazer, pra onde fugir. — Georg volta a dizer — Vamos fazer o quê? Largar tudo? O nosso sonho, a música, sumir, por conta disso? Não tem o que fazer. A gente escolheu seguir o nosso sonho, mas algumas pessoas escolhem só serem maldosas todos os dias.
Ficamos em silêncio por um tempo e observo os dois irmãos brincando na água. O ar parece insuficiente pra respirar agora. Procuro por meus shorts na canga e sinto algo gelado na mesma. Abaixo os óculos e vejo a pulseira. A minha pulseira. Me sinto enjoada. Me afasto dos meninos e vou em direção à área verde, quase não chego a tempo e vomito. Começo a chorar e a minha vontade era de abraçar Bill agora. Fico uns minutos sozinha até me recompor.
— Elle? – ouço Tom atrás de mim — tudo bem?
— Aham. Só tô me sentindo um pouco mal, desculpa.
— Vamos pro hotel, o sol aqui não é pra qualquer um. Sua pressão deve ter baixado um pouco. — ele sorri, compreensivo.
Ele me acompanha com a mão nas costas e fomos pro carro. Dessa vez, Gustav e Bill foram na frente. Tom ficou ao meu lado e Eddie do outro. Finn e Georg foram nos últimos bancos. A volta parece sempre mais rápida.

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HIM: Bill Kaulitz. > CONCLUÍDO Onde histórias criam vida. Descubra agora