Havia despertado com batidas na porta, me sentei na cama enquanto esfregava os olhos tentando me acostumar com a claridade que era predominante no quarto. Ouvi uma voz falando do outro lado da porta com alguém e em seguida falando alto para que eu ouvisse.
– Você tem exatamente 5 minutos pra ficar pronta e descer tomar um café da manhã antes de partirmos. – Era Artemys que estava falando e no instante seguinte ouvi passos pelo corredor, provavelmente ele estava se afastando e indo embora esperar com os outros soldados ou tomar seu café também.
Me levantei com preguiça enquanto minha vontade era de voltar para a cama e permanecer ali por horas e horas, hoje a missão finalmente começaria e eu não tinha a mínima ideia do que aconteceria daqui pra frente. Minha consciência de certa forma ficava mais tranquila, havia conseguido ao menos dar um aviso para Elena, mesmo que não tivesse conseguido explicar 100% graças ao comandante rabugento que me tirou dali como se eu fosse um inseto nojento.Minha banheira já estava pronta e quente, talvez os empregados tivessem deixado pronto enquanto eu dormia por ordens do homem ou do príncipe mesmo, retirei minha roupa e entrei enquanto aproveitava meus últimos momentos em uma água refrescante, limpa e quente, possivelmente nosso único lugar pra tomar banho seria em algum rio se encontrássemos. O banheiro era espaçoso e extremamente luxuoso, eu considerava a hipótese de só aquele banheiro ser capaz de pagar pela minha casa inteira e ainda sobrar dinheiro. Por que os ricos gostavam tanto desses luxos?
As vezes me questionava se eu gostaria disso se fosse rica ou se tivesse nascido na realeza mesmo, eu não sabia dizer uma resposta pra mim mesma a essa pergunta, talvez por eu ter crescido em uma casinha humilde com minha avó e ter vivido apenas com o que era preciso eu achava essas coisas bobas e fúteis, independente eu teria uma longa vida para aproveitar desses luxos idiotas, isso se sobrevivessemos.Um frio percorreu a minha espinha e um temor se apoderou de mim, eu repetia toda hora a mim mesma que nesse momento tudo iria começar para ver se a ficha realmente cairia, até que caiu. Naquele momento eu conseguia compreender a gravidade da situação e no que havia me metido, eu havia sido burra por ter pedido para ir, burra por querer justiça ao homem morto. Agora iríamos marchar em direção a morte e rezar a todos os guardiões e deuses para que nos protegesse nessa jornada.
No momento em que terminei meu banho me enrolei na toalha e voltei para o quarto, aonde vesti a roupa que havia separado e calcei botas para que fosse mais fácil e seguro de caminhar por entre a floresta.
Peguei a bolsa que eu havia preparado, me olhei no espelho e naquele momento eu soube que estava pronta, coloquei a mão perto de meu peito sentindo meu colar ali, dei um suspiro criando coragem e saí do quarto.
Havia ganhado aquele colar da minha avó quando completei 15 anos, ela não me explicou o que era ou se era uma relíquia de família, porém apenas entregou como um presente de aniversário. Daquele dia em diante eu nunca mais me separei dele, aonde eu ia ele estaria comigo sempre. Me sentia segura com ele, embora a saudades batesse sempre que eu olhava pra ele e lembrava de minha falecida avó e de todos os nossos momentos.– Dei 5 minutos e você demora uma eternidade, estava se arrumando tanto pra que se vamos ficar presos em uma floresta com bichos? Ainda há tempo de desistir se quiser, não tem problema. – Eu sentia o tom de sarcasmo em sua voz e a vontade de que eu desistisse para que ele julgasse isso na minha cara o resto da minha vida, porém eu não desistia facilmente como o resto e tentaria ir até o fim, mesmo que estivesse sozinha nessa.
– Como poderia desistir? Você sentiria tanta minha falta não é? Não se preocupe querido, ficarei com vocês até tudo acabar. – Respondi com um sorriso o alfinetando com minhas palavras, era aquele famoso ditado " os incomodados que se mudem ", no meu caso mesmo incomodada eu não mudaria tão rápido.
Caminhos juntos para a sala de jantar e encontrei o príncipe já sentado tomando seu café, dei um bom dia envergonhada pela demora e me sentei perto, já me servindo de uma quantidade suficiente para que eu não sentisse tanta fome no trajeto.– Espero que tenha dormido bem, acordei mais cedo para que pudesse me despedir. Provavelmente só conseguirei partir a noite ou no dia seguinte, alguns dos soldados que iriam com vocês ficaram para me acompanhar depois.
Ouvir suas palavras havia me deixado de certa forma..chateada? Não sabia, não estava mal por ele não ir com a gente logo, e sim pelo fato de que menos soldados iriam nos acompanhar e eu teria que ficar mais perto do outro para garantir minha segurança. Acenei com a cabeça tentando dar um sorriso garantindo que estava tudo bem, mesmo que não estivesse.
O restante do café foi silencioso e o clima estava pesado, talvez porque todos sabiam para onde estariam indo e o mal que cedo ou tarde teriam que enfrentar. Quando todos nós acabamos nos levantamos e eu segui adiante com o comandante na frente e o príncipe ao meu lado, estávamos na frente do Palácio com soldados em seus respectivos cavalos. Haviam dois parados esperando, Artemys subiu no que era branco e lembrava a neve e me deu a mão, para me ajudar a subir no que estava a minha espera.
Eu montei no cavalo preto e imediatamente tive uma sensação de déjà vu. Sentia como se já tivesse feito isso antes e acabei ganhando familiaridade com o cavalo. O cavalo era poderoso e bonito, e isso fazia com que eu me sentisse confiante e forte. Agora estava pronta para enfrentar qualquer desafio que surgisse em meu caminho.
Acariciei suavemente o nariz do cavalo, acalmando-o após eu ter subido. Eu podia sentir a confiança dele em mim e estava feliz por poder ajudá-lo a se sentir confortável com minha presença. Éramos dois seres ligados pela confiança e afeição, e era uma bela visão.– Eu os vejo em breve, tomem cuidado durante o começo. Fique bem... – Aric segurou em minhas mãos dando um beijo nelas antes de se afastar e acenar como um até logo, os cavalos começaram a andar lentamente se afastando do palacio e após algum tempo, eu não conseguia mais enxergar as grandes Torres.
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Coração de Bruxa
FantasyE quando a guerra se aproxima e o inimigo se fortalece, a única escolha que resta é se juntarem. Natasha, Artemys e Aric devem seguir um caminho em busca dos elementos para poderem derrotar o mal. Mas o que fazer quando tudo se torna um verdadeiro c...