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A luz dourada que preenchia o templo começava a diminuir, mas o peso das visões ainda pressionava meus ombros. Cada imagem, cada dor sentida nas memórias fragmentadas, estava cravada em meu coração. Eu sentia uma nova força se formando dentro de mim, uma determinação renovada, mas o medo e a incerteza ainda me cercavam como uma sombra persistente.

Assim que saímos dele lugar, voltamos rapidamente para o castelo aonde o soldado estaria nos aguardando, o caminho todo permanecendo no silêncio doloroso como se somente de falar, iríamos precisar encarar de fato tudo o que estava acontecendo. Assim que chegamos lá, o soldado que a rainha havia dito já estava pronto e nos aguardando, nossa equipe reunida novamente junto com os cavalos e Gaia, que se encontrava ali com os olhinhos preocupados sobre mim.

— Precisamos ir, agora — disse o soldado, sem rodeios. Ele era um homem imponente, com olhos que pareciam enxergar através de mim, como se pudesse avaliar minha força e fraqueza em um único olhar. — O caos continua a crescer, e a escuridão não vai esperar.

Eu fiz um gesto afirmativo com a cabeça, mesmo que meu corpo ainda estivesse dolorido pelos efeitos das visões. Não havia tempo para descansar. A missão exigia cada grama de força que eu pudesse reunir.
Os soldados que haviam nos acompanhado na missão estavam todos ali, em posição, prontos para partir. Todos estavam cientes do perigo que enfrentávamos, mas a lealdade e a determinação brilhavam em seus olhos. Eu me senti reconfortada por sua presença, mesmo sabendo que o caminho à frente seria traiçoeiro. Gaia subiu habilmente em meu cavalo, acomodando-se de forma segura, pronta para seguir viagem.

O salão principal, onde nos reunimos antes de partir, estava cheio de uma tensão quase palpável. Era como se o próprio ar estivesse carregado de expectativa, sabendo que o destino de muitos estava em jogo. O soldado conduziu-nos em silêncio, e eu não pude deixar de notar o peso da responsabilidade em seus ombros. Ele tinha o olhar de alguém que já tinha visto muito e estava preparado para tudo. Isso, de alguma forma, me tranquilizou. Ao nos aproximarmos do portal que nos levaria de volta ao nosso mundo, o ambiente ao redor começou a mudar. O ar parecia mais denso, como se a própria realidade estivesse resistindo ao que estávamos prestes a fazer. O portal não era uma visão estranha para mim, mas naquele momento, ele parecia pulsar com uma energia diferente, uma vibração que se harmonizava com o medo e a esperança que eu carregava em meu peito.

— O portal está preparado, mas algo parece... fora do lugar — disse o soldado, sua voz carregada de preocupação. Ele olhou para mim, e pude ver a dúvida em seus olhos, como se estivesse tentando decidir se devíamos seguir em frente ou não.

— Não temos outra escolha — respondi, tentando manter minha voz firme. — Precisamos voltar. O caos que enfrentamos aqui está se espalhando, e nosso mundo não estará seguro por muito tempo.

Ele assentiu, sem mais palavras, e deu o sinal para que nos preparássemos. Os soldados que nos acompanhavam começaram a verificar seus equipamentos, garantindo que tudo estava em ordem. Artemys e Aric estavam ao meu lado, silenciosos, mas prontos. Gaia se acomodou em meu colo, emitindo um som baixo que poderia ser tanto de ansiedade quanto de empolgação.
O portal diante de nós começou a brilhar com uma intensidade crescente, suas cores mudando entre tons de azul e dourado. A energia que emanava dele era quase esmagadora, e por um breve momento, duvidei de nossa decisão de atravessá-lo. Mas a necessidade de proteger aqueles que eu amava e de cumprir minha missão era maior que qualquer medo que eu pudesse sentir.
O soldado olhou para mim uma última vez, como se estivesse pedindo permissão para seguir em frente. Eu assenti, e ele foi o primeiro a se aproximar do portal, seguido pelos outros soldados. Artemys e Aric ficaram ao meu lado, esperando por mim para dar o próximo passo.

— Estamos prontos? — perguntei, tentando esconder a hesitação em minha voz.

— Sempre estivemos — respondeu Artemys, sua voz carregada de confiança.

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