Muito tempo se seguiu e a lua já predominava novamente no céu, dando início a noite que demoraria a se passar. Andar durante aquele período seria arriscado demais, mesmo que durante a noite eu me sentisse em paz finalmente. Ainda assim, tinha o mínimo de senso possível em questão de continuar ou não, e sabia que se Artemys descobrisse que eu havia seguido meu caminho sem me preocupar com minha própria segurança, e a segurança da minha equipe, seria mais um motivo para acabarmos brigando. Por motivos como esse, protegi bem a flor que estava agora aos meus cuidados, e me aconcheguei após alguns instantes andando com Midnight e Gaia de baixo de uma árvore. Não havia chances de eu acabar dormindo, e sabia bem disso já que agora eu possuía um objeto mágico que possivelmente muitas pessoas tinham o desejo de obter. Mesmo que a missão acabasse mais rápido, tudo agora estaria mil vezes arriscado, e aquilo seria apenas o início de tudo. Precisava voltar para onde meus companheiros estavam, encontrar a bruxa que estaria nos aguardando talvez, e de fato iniciar tudo e ter talvez a chance de derrotar o mal que está dominando cada vez mais nosso universo.
— Será que chegaremos a tempo? — Perguntei a Gaia em um sussurro, sentindo o medo de acabar falhando na minha primeira tarefa. Eu encontrei a cabana da bruxa por acaso, e se não fosse mais capaz de a encontrar e perdêssemos o pouco caminho que conseguimos? A ansiedade me dominava, o medo de falhar naquilo e acabar deixando com que o mal vencesse, algo que eu tentaria o máximo possível para não aceitar. Fechei os olhos por breve minutos, não adiantaria eu ficar acordada a noite inteira já que quando o sol raiasse eu estaria mais fraca que o normal. Bocejei, encostando a cabeça no tronco da árvore e vendo que Midnight já havia se ajeitado ao meu lado também, e servindo como uma espécie de cobertor para mim, da mesma forma que Gaia também havia se arrumado confortavelmente em meu próprio corpo e já estava em um sono profundo e completamente despreocupada com tudo o que poderia acontecer ali. Dei um sorriso bobo diante da cena, talvez quando tudo aquilo acabasse, poderia então aquela bichinha ficar comigo em minha cabana, sem ser julgada pelos moradores do vilarejo? Eu tinha minha resposta mesmo que não quisesse, e aquilo doía um pouco em meu interior.
Fechei os olhos, me entregando ao sono e ao cansaço que dominava meu corpo, ainda sentindo um pouco as dores da luta que tinha tido antes com o dragão, uma luta desnecessária e que poderia ter sido poupada se palavras claras tivessem sido pronunciadas.
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Quando os primeiros raios de sol brotaram em meu rosto, abri os olhos lentamente me acostumando com a claridade que vinha surgindo aos poucos. Midnight e Gaia já estavam de pé, como se entendessem que estava finalmente na hora de partir, após tanto tempo. Aquela altura do campeonato, provavelmente meus colegas já haviam surtado e talvez uma briga tivesse começado, algo que o príncipe ou talvez Bryan tivesse comentado após minha pequena fuga dali, ignorando meu nome que era chamado em alto e bom som. Eu sentia minha barriga doendo pela fome, e o sangue que já havia parado de escorrer dos ferimentos, mas que eu sabia que precisaria cuidar disso logo antes que pegasse uma infecção e tornasse tudo pior, mas no momento a única preocupação seria realmente partir. Me levantei soltando um gemido pela dor que sentia, e agarrei com força a flor com medo de acabar perdendo, ajeitei minha bolsa e subi em cima de Midnight com dificuldade, não queria extrapolar e deixar que a mesma acabasse precisando fazer tudo sozinho em relação a minha pessoa. Gaia já estava sentada em minha frente, apoiada na nuca da nossa amiguinha enquanto eu dava o comando para que a mesma corresse para o caminho que julgava ser certo. Eu confiava tudo nos animais dali, algo que eu nem entendia bem e nem sabia como a pobrezinha seria capaz de encontrar o caminho de volta, já que acabamos andando muito quando estávamos procurando a planta, e perdendo um pouco do trajeto que tinha sido feito após a saída da trilha e a chegada no dragão. Mas conforme íamos cavalgando, não demorou muito para eu perceber que havia um brilho dourado iluminando tudo, algo que não era pelo sol, a única coisa que se passou em minha mente naquele momento era Søren nos guiando, um protetor que eu nem sabia que tinha anteriormente. Há quanto tempo ele cuidava de mim? Perguntas e mais perguntas, e eu não sabia quando poderia ter a resposta de tudo aquilo. Seguimos o caminho por talvez uma ou duas horas, e quando menos esperamos eu ouvi a voz e em seguida os corpos em cima dos cavalos, seguindo adiante enquanto os mesmos pronunciavam meu nome. Todo esse tempo e eles ainda estavam há minha procura, seria isso uma obra de Aric? Ou a consciência de Artemys havia pesado após me chamar de bruxa? Eu julgava na primeira opção, mas aquele não era o momento para ficar pensando demais.
— BRYAN, AQUI!! — Gritei o nome de um dos soldados, que logo saltou do cavalo e correu em minha direção, ao notar o estado em que eu me encontrava. Como se percebesse o que iria acontecer ali, Midnight abaixou o corpo facilitando o acesso para que eu fosse carregada no colo, em direção aonde todos haviam parado e agora desciam dos cavalos, preparando os suprimentos para que pudessem cuidar de mim. Artemys apenas observava de canto, nenhuma palavra pronunciada ou um gesto por estar satisfeito de me encontrar viva, de qualquer forma se ele tivesse a oportunidade me mataria no primeiro minuto. Ignorei sua presença, e percebi o príncipe correndo em minha direção enquanto eu era colocada deitada no chão, e me entregavam uma mistura estranha de ervas para tomar, enquanto os homens cuidavam dos meus machucados na maneira que podiam. Eu mesma poderia fazer isso, mas realmente não tinha a capacidade no momento já que pra isso eu precisaria que a dor passasse um pouco, e me permitisse focar nos cortes e nos lugares machucados.
— Natasha!! Nunca mais suma assim, por favor.. — A voz do príncipe soou pelo local, enquanto ele agitava as mãos nervosamente. Quem visse, parecia que realmente éramos um casal apaixonado e que estávamos juntos a muito tempo, ao menos eu sabia agora que ele seria o tipo de esposo que cuidaria de mim realmente, na saúde e na doença. Amar, eu precisava conseguir fazer isso para me casar com ele com um pouco da consciência limpa. Com o braço já enfaixado e sendo cuidado, puxei a flor com cuidado que havia protegido e lhe entreguei, notando o comandante na mesma hora se aproximando com um semblante surpreso.
— Uma luta era desnecessária. Eu apenas percebi isso depois de me ferir. Ele queria entregar a flor apenas há alguém realmente puro, e que não pretendia fazer maldades com a planta inocente. — Comentei para todos que estavam ao meu redor, parecendo preocupados e curiosos sobre como eu havia encontrado. Peguei um pouco de água que haviam me entregado e tomei um longo gole, sentindo a ardência na garganta passando e uma sensação de relaxamento tomando conta, comecei então a contar tudo o que havia acontecido naquele curto período de tempo, desde minha fuga aleatória dali até encontrar o guardião e lutar com ele, para depois perceber que o maior poder que tínhamos eram as palavras, e que as vezes apenas ser educado poderia valer muito mais. Uma etapa estava realizada, eu só precisaria encontrar a bruxa e talvez Soren, meu guardião, poderia me guiar nisso novamente.
— Só falta saber o que fazer em seguinte..esperar algum sinal novamente da cabana da bruxa. — Comentei enquanto os olhava, sentindo que as dores amenizaram aos poucos me deixando bem melhor. Não queria tocar naquele assunto no momento, já que parte de mim sentia agora que era apenas uma questão de tempo para que ela mesma viesse ao meu encontro.
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Coração de Bruxa
ФэнтезиE quando a guerra se aproxima e o inimigo se fortalece, a única escolha que resta é se juntarem. Natasha, Artemys e Aric devem seguir um caminho em busca dos elementos para poderem derrotar o mal. Mas o que fazer quando tudo se torna um verdadeiro c...