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O salão do trono de Alexei estava mergulhado em uma escuridão profunda, com apenas algumas tochas fracas iluminando o ambiente. O ar parecia pesado, carregado de uma tensão quase palpável, enquanto o rei aguardava impacientemente o retorno de suas Sombras Espectrais. Ele se recostava em seu trono, os dedos tamborilando nervosamente no braço da cadeira, a barba desalinhada emoldurando um rosto que exalava impaciência e frustração. Era raro vê-lo em tal estado, mas ele sabia que a situação era crítica.

A porta do salão se abriu com um rangido, e Finian entrou, sua expressão revelando que trazia notícias urgentes. Ele se ajoelhou rapidamente diante de Alexei, sem ousar olhar diretamente para os olhos do rei, que agora estavam fixos nele com uma intensidade perigosa.

— Meu rei... — Finian começou, a voz tremendo levemente. — As Sombras Espectrais... elas não conseguiram recuperar o mapa, nem impedir o grupo. Eles conseguiram atravessar o portal, já estão no Reino dos Elfos.

O silêncio que se seguiu foi denso e sufocante. Alexei permaneceu imóvel por alguns segundos, como se estivesse processando a informação. Finian sentiu um frio na espinha, temendo a reação que viria a seguir. Quando finalmente falou, a voz de Alexei estava carregada de uma fúria contida.

— Eles conseguiram escapar? — A voz de Alexei era baixa, quase um rosnado. — Um grupo insignificante de rebeldes conseguiu escapar das Sombras Espectrais?

Finian abriu a boca para responder, mas Alexei levantou uma mão, silenciando-o. O rei se levantou lentamente de seu trono, cada movimento meticulosamente controlado, mas a ira que queimava em seus olhos era inegável.

— Isso é inaceitável, Finian. — Alexei caminhou até uma das janelas altas do salão, olhando para o horizonte como se pudesse enxergar o Reino dos Elfos à distância. — Eu não posso permitir que eles encontrem as sementes. Se conseguirem coletá-las, podem se tornar uma ameaça real aos meus planos. E eu não tolero ameaças.

Ele parou, voltando-se para Finian, que ainda estava ajoelhado, o medo estampado em seu rosto. Alexei sabia que o monstro à sua frente era útil, mas sua utilidade tinha limites, e ele estava perigosamente próximo de alcançá-los.

— Eu quero que reúna todas as nossas forças. Todos os nossos espiões, assassinos, e criaturas das trevas. Quero que eles encontrem esse grupo antes que alcancem a próxima semente. E quero que tragam a cabeça daquela bruxa ruiva para mim. — Ele fez uma pausa, os olhos estreitos enquanto ponderava algo. — E Finian... se falhar novamente, você vai descobrir que as Sombras Espectrais são misericordiosas comparadas ao que eu farei com você.

Finian engoliu em seco, o corpo tremendo levemente ao se levantar. Ele sabia que não havia espaço para falhas. Com uma reverência profunda, ele se retirou rapidamente do salão, correndo para mobilizar as forças como ordenado.

Alexei permaneceu sozinho, a mente fervilhando de pensamentos e estratégias. Ele sabia que aquela garota ruiva, a bruxa, poderia ser mais do que apenas uma ameaça. Havia algo nela, algo que ele ainda não conseguia identificar completamente, mas que instigava uma preocupação incômoda. Se ela estava conectada a alguma profecia antiga, poderia representar a chave para sua própria destruição, ou pior, para o fracasso de seus planos de dominar todos os reinos.

Ele passou uma mão pela barba, a fúria ainda queimando dentro dele, mas agora acompanhada de um foco renovado. Ele não iria subestimar essa bruxa ou seus aliados novamente. Iria caçá-los, um por um, e garantir que suas mortes fossem exemplares. E no fim, ele estaria no topo, com todos os reinos curvados diante dele, governando com um poder absoluto.

— Eles podem ter escapado dessa vez — Alexei murmurou para si mesmo, um sorriso cruel se formando em seus lábios. — Mas eu vou garantir que seja a última.

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