Prólogo

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Christina Aguilera - The Voice Within

Sentir uma facada no peito deve ser menos doloroso do que encontrar sua mãe sem vida, caída, em um chão velho e frio. Com as pernas trêmulas, corri para onde ela estava e comecei a chorar em desespero.
- Não mamãe! - Acaricei seu rosto pálido e apertei os olhos rezando para que fosse apenas um pesadelo. - Não me deixe mamãe, por favor, não pode me deixar sozinha. Eu não consigo sem você. Por favor, mamãe, volte! - Barganhei deitando a cabeça em seu peito e gritei. - DEUS, POR FAVOR!
Levantei e pisquei as lágrimas com a recordação de nossa conversa sobre um futuro não muito distante, ao qual acabara de acontecer miseralvemente.
Abri a gaveta quebrada de seu velho criado mudo e tirei um bloquinho, no qual ela havia anotado em tinta azul, números que poderiam mudar minha vida.
Alcancei o telefone e disquei com dificuldade.
"Confie nela minha pequena. Ela saberá o que fazer quando eu não estiver mais aqui." - Memórias de suas palavras me vieram à mente e eu afundei ainda mais.
- Alô. - Uma voz suave e madura murmurou do outro lado depois de alguns toques.
- Sra. Banning? - Funguei.
- Sim?
Fiquei calada sem saber o que dizer.
- Oi, quem fala?
- An... Desculpe incomodá-la, mas eu não tenho a quem recorrer se não a senhora.
- Quem está falando?
Senti a preocupação em sua voz e vagueei meus olhos parando no corpo de minha mãe.
- Sou Christine Angel Collins, filha de Antonieta Bella Collins.
- Oh, sim... Eu sei quem você é! - Olhei para cima e respirei soltando o ar preso em meus pulmões. - Há quanto tempo não vejo a Bella. Como ela está?
Dizer e explicar tudo o que aconteceu foi horrível. Solucei em meio as palavras enquanto acariciava os cabelos grisalhos de minha mãe e desabafava minha dor para a Sra. Banning.
- Oh Deus! Por que ela não me disse que precisava de ajuda? - Lamentou. - Você está sozinha?
- Sim.
- Vai ficar tudo bem, minha querida. Eu vou cuidar de você. - Eu não gostava da piedade e nem aceitava as lamurias de ninguém, mas nesse momento era tudo o que eu precisava.
- Eu... Eu não sei o que fazer.
- Ligue para a polícia e informe o que aconteceu. Quando estiver melhor, arrume uma mala com suas coisas e vá para o aeroporto, em seguida, informe o meu nome no balcão de atendimentos. - Fiquei calada ouvindo suas instruções e enxugando minhas lágrimas na manga do meu casaco encardido. - Não se preocupe com nada, eu vou cuidar de tudo. Eu prometo. - Ela finalizou.
***
Depois que levaram o corpo da mulher que deu a vida por mim, tive que ficar umas horas tentando me recompor para então poder fazer o que a Sra. Banning disse.
Tomei banho tendo as doces recordações de quando mamãe e eu ríamos descontroladamente enquanto assistíamos a um canal de comédia.
Lavei meu cabelo e vesti minha melhor roupa - uma calça jeans justa e uma blusa que amarrei na cintura assim que terminei de calçar minhas botas -.
Puxando minha mala, vistoriei uma última vez lembranças que ficaram presas nessas paredes.
- Adeus mamãe. - Murmurei tristemente antes de partir para o aeroporto.

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