III - Victor

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Estava tudo planejado, tudo certo. Agora era só esperar a minha mãe viajar e pronto.
- Oi filho. - Ela disse entrando em casa.
- Oi mãe. - Levantei do sofá e fui lhe dar um beijo.
- Onde está Angel? - Perguntou olhando ao redor.
- Não sei. - Dei de ombros. - Quando cheguei, ela tinha saído e até agora nada.
Sei que minha mãe estava prestes a mandar eu ir atrás dela, mas graças a Deus ela entrou pela porta e ficou pálida.
- Sra. Banning.
- Onde você estava?
- Fui dar uma volta. - Ela sorriu e eu precisava com certeza urgentemente beijar essa garota. - Fui conhecer Seattle.
- Por que você não a levou? - Minha mãe olhava para mim intrigada.
- Eu precisei sair com os caras.
- Victor... - Ela me olhou furiosa agora. - Sério?
- Mãe, o que você queria?
- Custava levar Angel para conhecer Seattle?
- Não, é que... - Olhei para Angel que estava cabisbaixa. - Desculpa, Angel.
- Tudo bem Sra. Banning. Eu gostei de ter ido sozinha. Eu precisava pensar. - Percebi a dor em sua voz.
- Vá descansar. - Com certeza minha mãe também percebeu.
- É amanhã, não é? - Ela perguntou fazendo uma careta como se algo a estivesse machucando.
- Sim, querida. Mas se você não tiver condições de ir, tudo bem.
- Não. Eu vou.
- Tem certeza?
- Não posso perder o enterro dela, mas fico grata pela sua preocupação.
- Eu posso adiar.
- Não adianta adiar a dor. Fica pior com o passar do tempo, mas uma hora nós nos acostumamos.
- O tempo cura tudo. - Eu disse.
- Não. - Ela disse. - Você se acostuma com a dor. - E subiu as escadas levando consigo um saco escuro.
- Você devia ser menos idiota. - Minha mãe disse me dando um beijo na cabeça e subindo as escadas, mas não antes de dizer: - Vá se desculpar.
Suspirei e revirei os olhos.
- Agora Victor!
- Ok. Já estou indo. - Passei por ela e chamei Angel assim que parei em sua porta.
Bati uma, duas, três vezes até que ela atendeu.
- Sim?
- Desculpe.
- Pelo o quê?
- Por ter sido um idiota.
Ela deu de ombros. - Você não é o primeiro.
O que ela quis dizer com isso?
- Olha... Não precisa se preocupar, ok?
Decidi que esse era o momento ideal para que eu começasse a cair matando em cima dela.
- Não. É sério, desculpa.
Ela fungou e limpou o nariz com a manga do suéter.
- Era só isso?
- Quer conversar?
- Estou cansada.
- Conversa comigo.
- Por quê?
- Fiquei mal pela forma como falei com você.
- Não precisa. Não foi nada.
- Por favor. - Abri mais a porta e entrei no quarto fechando-a atrás de mim.

Alguém como VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora