IV - Angel

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Deus me ajude. Senti minhas pernas enfraquecerem quando Victor se aproximou.
- Não precisa ficar e fingir ter uma conversa comigo só para se desculpar. Está tudo bem, eu juro. - Tudo que eu queria era que ele saísse. Essa sensação de pernas bambas me atormentava.
- Mas eu quero conversar. - Ele deu de ombros. - Você mora aqui agora, certo? - Meneei a cabeça assentindo. - Então, por que não podemos conversar? Deixe-me conhecer você já que não sei nada sobre a sua vida.
- Não há muito para saber.
- Onde você foi hoje?
Abaixei a cabeça. Eu não queria mentir, mas eu também não podia dizer a verdade. Como é que eu diria "Arrumei um emprego como dançarina em uma boate porque eles pagam bem e eu preciso do dinheiro" sem que isso soasse errado? Optei por omitir a verdade e lhe disse só o necessário.
- Arrumei um emprego.
Seus olhos se arregalaram surpreso. O que ele pensava? Que eu seria um encosto preguiçoso?
- Sério? Mas não é cedo? Quer dizer... - Ele levantou uma mão e pôs sobre a minha. - Você perdeu a sua mãe.
- Mas a vida tem que continuar.
- Eu sei disso, mas sei também que você tem o direito de ter o seu luto.
- Eu não posso ficar hospedada na casa de sua mãe a vida inteira.
- Minha mãe sabe sobre isso?
- Não.
- Ela não vai gostar quando souber.
Dei de ombros.
- Ela não tem que gostar. Não posso viver aqui por caridade. Se não fosse a Sra. Banning, eu viveria nas ruas, mas graças a ela eu tenho um teto e pretendo pagá-la por isso.
- Onde você está trabalhando?
Engoli seco. Merda!
- Eu... Uh... Em... uma casa noturna. - Seus olhos se arregalaram. - Eu sirvo as mesas, mas é temporário. Por favor, não conte nada a sua mãe.
- Angel...
- Por favor. - Implorei.
- Eu não vou contar.
- Obrigada.
- Mas você também não vai contar sobre a festa que vou dar na noite de amanhã.
O quê? Que tipo de... Ah, que filho da mãe, descarado, nojento.
- Tudo bem.
Ele sorriu - Você vai, não é?
- Para onde?
- Para minha festa.
- Eu moro aqui "agora".
- Eu quero dizer, você vem ou vai ficar aqui em cima?
- Eu vou pensar.
- Ok.
Na verdade, eu não tinha o que vestir e com certeza eu não iria pedir dinheiro emprestado. Se eu realmente fosse, teria que me virar com o que tinha.
- Se precisar...
- Pode deixar. - Forcei um sorriso esperando que ele saísse logo.
- Desculpe realmente ter te chateado.
- Tudo bem.
Ele abriu a porta e antes de fechar me olhou uma ultima vez.
- Boa noite. - E se foi.
Caí de costas na cama me perguntando por que diabos meu coração ficou tão acelerado, e por que razão minhas pernas tremiam? Da última vez que me senti assim, foi quando conheci Luke. Cobri os olhos com as mãos. Deus, eu não posso me deixar sentir isso de novo. Não quando eu descobri o que os homens podem fazer, ou melhor, o que um homem ciumento pode fazer. Toquei meu braço lembrando de quando Luke me puxou com força e me jogou no cama forçando a fazer algo que eu não queria. Graças a Deus, minha mãe chegou a tempo e me salvou de perder minha virgindade de uma forma horrível. Como eu consegui passar tanto tempo com ele sem ele ter me tocado, eu não sabia, mas eu sabia com certeza que ele tocava outras.

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