Eu nunca estive dentro de um avião. Para ser sincera, eu nunca nem tinha visto um de perto.
A Sra. Banning fez com que eu viajasse de primeira classe, não me dando a chance de exitar. As poltronas eram tão confortáveis que conseguiram me fazer relaxar, quando eu pensei que seria impossível.
Em outras ocasiões, eu não teria aceito a ajuda de uma estranha, mas quando o seu mundo desaba sob os seus pés, qualquer forma de cuidado é bem vinda. Principalmente quando se está sozinha.
Eu não queria deixar o Alabama, minha vida, meu trabalho, mas pelo menos fui informada de que minha mãe estaria sendo transferida para Seattle comigo, onde lá ela seria sepultada. E isso me aliviou. A certeza de que eu não estaria a abandonando me deixou mais confiável sobre a minha decisão.
A Sra. Banning fez questão de planejar e pagar por tudo, e eu só não queria que ela soubesse sobre as despesas que tinha em meu nome. A única solução que me restava a respeito, era vender minha casa para me livrar das dívidas que fiz comprando os remédios caros que minha mãe necessitava.
Eu estava exausta demais para manter os olhos abertos. O que por um lado foi bom, porque a viajem passou mais rápido que o previsto e quando acordei, já estava na hora de desembarcar.
Saí do avião e segui o fluxo de pessoas passando por um corredor e assim que entrei no saguão do aeroporto de Seattle, avistei uma senhora muito elegante - vestida com uma saia lápis, blusa de seda, saltos pretos, coque loiro e um sorriso no rosto -. Em suas mãos havia uma plaquinha com o meu nome, então deduzi que seria a Sra. Banning.
- Christine? - Perguntou quando parei em sua frente.
- Sra. Banning.
Ela me puxou para um abraço e vi as lágrimas surgirem em seus olhos.
- Eu sinto muito, sinto tanto pelo o que tenha acontecido com a sua mãe.
Abaixei a cabeça tentando controlar as lágrimas. Eu não queria chorar, mas a Sra. Banning levantou meu rosto percebendo o meu desconforto.
- Você não tem que se esconder da dor minha querida, está no seu direito de sentí-la.
Suspirei. - Eu estou apenas cansada da viajem.
- Imagino que esteja. - Sorriu. - Estou feliz que esteja aqui. Vamos pegar suas coisas.
Andamos até uma esteira, onde lá peguei minha mala e, em seguida, a Sra. Banning chamou um táxi.
- Descanse um pouco. - Ela murmurou assim que instruiu o endereço ao motorista.
Encostei a cabeça no vidro, mas suas mãos me puxaram para os seus braços, onde de bom grado deitei a cabeça em seu ombro e chorei em silêncio.
Não demorou muito para que chegássemos. A Sra. Banning pagou ao taxista enquanto eu admirava um ilustre prédio coberto por vidro negro.
- Você mora aqui? - Perguntei boquiaberta.
- Gostou?
- É lindo!
Ela sorriu. - Se gostou do prédio, vai amar o apartamento.
- Não imaginei que a senhora fosse tão rica.
- Eu poderia ter ajudado a sua mãe se ela tivesse me dito o que estava acontecendo.
- Minha mãe nunca foi orgulhosa. - Murmurei entristecida. - Mas ela sabia separar as coisas. Ela nunca pediria nada que depois não pudesse retribuir.
A Sra. Banning ergueu minha cabeça e me olhou nos olhos.
- Eu sinto meu peito doer por não ter feito nada enquanto ela precisava de ajuda. Então, minha querida, por favor, não seja como sua mãe foi. Sempre que precisar, me avise.
- A senhora não tem que se sentir assim.
- Eu tenho tanto, enquanto muitos não têm nada.
- Você lutou pelo o que tem, Sra. Banning.
- Sempre fui amiga da sua mãe. Éramos inseparáveis na faculdade. Eu deveria ter procurado por ela, talvez se eu tivesse feito, ela estaria viva agora.
- Quem dera se pudéssemos interferir no destino. Mas era para acontecer e infelizmente aconteceu. Mesmo que doa e que não queiramos aceitar, é a vida.
- Você é muito madura para a idade que tem.
- Às vezes me sinto com 40.
Ela sorriu suavemente e pegou minhas mãos. - Eu vou cuidar de você, Christine. - E me abraçou. - Agora vamos subir, você deve está com fome.
- Angel. - Murmurei.
- O quê? - Ela perguntou confusa.
- Me chame de Angel, por favor.
- Mas Christine é um nome tão lindo.
- Christine era como minha mãe me chamava, e isso me trás lembranças que no momento são muito dolorosas.
- Entendo. - Seus dedos passearam pelas maçã do meu rosto capturando uma lágrima que nem eu havia percebido. - Angel então.
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Alguém como VOCÊ
RandomATENÇÃO!!! Este livro está registrado na biblioteca nacional e é protegido por Lei n° 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Se alguém copiar, plagiar ou mesmo insinuar que está estória não é minha, eu tenho como provar a originalidade da mesma. No C...