Por pouco não me atrasei para chegar à boate, mas graças a Deus cheguei a tempo.
- Angel, por que chegou a essa hora?
- Oi Sr. Robert. - Forcei um sorriso. - Tive que acompanhar uma pessoa até o aeroporto. Desculpe.
- Não tem problema. Está gostando de dançar?
- Sim, eu gosto. Mas as vezes os olhares me incomodam um pouco.
- Isso porque você é uma mulher muito bonita e atraente. - Fechei os olhos quando senti seus dedos acariciarem meu rosto. O quê? Ele me achava uma mulher bonita e atraente?
- É...
- Escuta. - Disse me interrompendo. - Você mora para o lado leste, certo?
- Sim.
- Eu também. Se você quiser uma carona quando terminar...
Olhei em seus olhos em busca de alguma malícia, mas eu estava tão cansada de ter que voltar de ônibus e ainda por cima em um horário tão tarde.
- Se não tiver nenhum problema para o senhor. - Será que eu estava parecendo uma oferecida?
- Nenhum. - Seus dentes perfeitos se mostraram em um lindo sorriso.
- Tudo bem então, Sr. Robert. Obrigada.
- Vá dançar. Quando eu estiver prestes a ir, te chamo.
- Ok.
Fui me trocar e encontrei Tina no banheiro falando ao celular e retocando o batom. Passei um pouco de maquiagem e me olhei uma última vez no espelho. Uma mulher? Percorri meu corpo com as mãos lembrando das palavras do Sr. Robert. Será que Victor também me via como uma mulher? Lembrar seu nome me fez ter o instinto de tocar meus lábios tendo em mente a recente lembrança de sua boca chupando minha língua, mordendo meu lábio inferior, de suas mãos emaranhando meus cabelos. Passei a manhã tentando me convencer de que o melhor seria esquecer o que aconteceu, mas como? Eu não queria me deixar ter sentimentos por alguém que eu sei que só quer brincar, me usar e abusar. Ah, Deus... Se com apenas um beijo eu quase derreti em seus braços, como vou fazer para conviver com ele sem deixar me envolver?
- Vai dançar agora? - Tina perguntou tirando-me de meus pensamentos.
- Sim.
- Você está linda como sempre. Amei seu uniforme.
- Obrigada.
Olhei-me uma última vez no espelho. Eu vestia um shortinho preto muito curto e um corpete preto com renda vinho que faziam meus seios saltarem e aparecerem mais que o necessário. Nos meus pés uma bota cano médio de cadarço e salto fino combinavam com uma meinha branca de lacinhos cor de vinho. Sim, eu estava atraente e parecendo uma... uma daquelas dançarinas de burlesque. Isso porque o tema de hoje era esse. Burlesque.
Dei de ombros. Fazer o quê? Eu precisava ficar assim se eu quisesse ganhar um bom dinheiro.
- Vem cá. - Tina pegou um spray de sua bolsa e deixou meu cabelo volumoso. - Ual! Agora sim você está parecendo uma gata selvagem. Dei risada de seu comentário e terminei de aplicar o batom vinho, mas quando terminei notei que eu realmente parecia... selvagem?
- Oi gracinha. - Ouvi essas merdas enquanto andava para o palco era a pior parte, mas eu fingia que não escutava.
- Vou subir Tina.
- Vai lá e arrasa.
E com isso, eu fui. Fiz o que tinha que fazer e dancei ignorando comentários idiotas e olhos que me comiam o tempo inteiro.
Eu estava suada e brilhosa quando terminei a última dança. Já estava na hora de ir e quando fui direto para o banheiro me trocar, o Sr. Robert apareceu.
- Angel, você ainda quer aquela carona?
- Sim.
- Já terminou por hoje?
- Sim senhor.
- Então pegue suas coisas rápido.
- Mas eu preciso me trocar.
- Não dá tempo Angel, eu tenho um compromisso importante.
- Tudo bem, pelo menos...
- Toma. - Ele tirou seu casaco e pôs sobre os meus ombros. - Vamos.
Fiquei a maior parte do caminho calada, respondendo só quando o Sr. Robert me perguntava.
- Faz tempo que você mora por aqui?
- Não.
- O que te trouxe a Seatlle?
- Coisas. - Eu não queria dar corda para ele só porque eu estava aceitando uma carona.
- Você não é muito de falar, não é?
- Só estou cansada.
Respirei fundo agradecida quando ele parou perto do meio fio.
- Quantos carros.
Eu nem tinha reparado nisso.
- Obrigada pela carona. - Murmurei enquanto descia.
- Angel, desculpe sair assim tão apressado, mas é que minha sobrinha está chegando hoje de Nova Iorque e eu preciso recebê-la.
- Está tudo bem, Sr. Robert. De verdade, estou muito agradecida pela carona.
- Fique com o casaco. Amanhã você me dá.
Concordei aliviada, porque o casaco cobria meu corpo quase inteiro. O Sr. Robert era grande e forte, enquanto eu era pequena.
- Até amanhã e obrigada mais uma vez.
Vi o farol sumir no meio da escuridão e entrei no prédio, mas foi quando eu estava subindo que me lembrei da festa que Victor estava dando. Merda!
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Alguém como VOCÊ
RandomATENÇÃO!!! Este livro está registrado na biblioteca nacional e é protegido por Lei n° 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Se alguém copiar, plagiar ou mesmo insinuar que está estória não é minha, eu tenho como provar a originalidade da mesma. No C...