Cena 3

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O mesmo. Diante do palácio. Entram dois soldados, para ficarem de guarda.

PRIMEIRO SOLDADO — Bom dia, irmão; é amanhã o dia.

SEGUNDO SOLDADO — Que vai decidir tudo. Passai bem. Ouviste algo estranho pelas ruas?

PRIMEIRO SOLDADO — Não ouvi coisa alguma. Que há de novo?

SEGUNDO SOLDADO — Talvez seja só boato. Boa noite.

PRIMEIRO SOLDADO — Pois não, senhor; o mesmo vos desejo.

(Entram dois outros soldados.)

SEGUNDO SOLDADO — Prestai muita atenção durante a guarda.

TERCEIRO SOLDADO — Vós também. Boa noite. Boa noite.

(Os dois primeiros soldados se colocam em seus lugares.)

QUARTO SOLDADO — Nós dois, aqui. (Colocam-se também nos seus.) Caso amanhã a armada leve a melhor, tenho esperança plena de que as forças de terra fiquem firmes.

TERCEIRO SOLDADO — É um exército bravo e decidido.

(Música subterrânea, como de oboés.)

QUARTO SOLDADO — Paz! Que barulho é esse?

PRIMEIRO SOLDADO — Ouvi! Ouvi!

SEGUNDO SOLDADO — Ouvi!

PRIMEIRO SOLDADO — Música no ar.

TERCEIRO SOLDADO — Não, sob a terra.

QUARTO SOLDADO — É bom sinal, pois não?

TERCEIRO SOLDADO — Não.

PRIMEIRO SOLDADO — Paz, vos digo. Por que será essa música?

SEGUNDO SOLDADO — É o deus Hércules tão amado de Antônio e que o abandona.

PRIMEIRO SOLDADO — Vamos saber se os outros guardas ouvem o que estamos ouvindo.

(Adiantam-se para o outro posto.)

SEGUNDO SOLDADO — Então, amigos?

SOLDADOS — Que é que há! Que é que há? Ouvis alguma coisa?

PRIMEIRO SOLDADO — Ouvimos; não é estranho?

TERCEIRO SOLDADO — Estais ouvindo, mestres? Estais ouvindo?

PRIMEIRO SOLDADO — Acompanhemos o ruído até onde for a guarda. Vejamos como acaba.

SOLDADOS — Certo. É estranho.

(Saem.)



Antônio e Cleópatra (1607)Onde histórias criam vida. Descubra agora