capítulo 6

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"Me perdi no olhar dela, o fato é que adorei a cor dos olhos dela; não eram nem azuis, nem verdes. Eram castanhos mas podia jurar que eram laranjas, laranja que tira o sono, laranja que provoca insônia."

ALLISON CONTI

LOS ANGELES, CA
CASA DOS JACKSON
27.08.2023
00H07 AM


Assim que a música acaba ouço uma voz próxima a mim.

- Oi.

- Cacete! - Digo assustada enquanto retiro os fones me sentando no sofá.

- Desculpa, não quis te assustar. - Ela diz e posso ver seu sorriso mesmo com a baixa iluminação.

- Ruiva, é você?

- Ah, suponho que sim, sou eu. - Ela se senta no sofá e eu me viro de frente pra ela apoiando um dos meus braços no encosto do sofá. - Não perguntei seu nome...

- Hum?

- Seu nome. Você não me disse seu nome.

- Allison.

- Não. Seu nome inteiro. - Diz sorrindo

- E já está usando minhas palavras. - Digo sorrindo.

- Sei que foi uma referência. - Ela diz e me faz ficar mais animada.

- Allison. Só Allison.

- Oi, Só Allison.

- Oi, ruiva. - Sorri. - O que faz aqui? - Pergunto o que pensei desde o primeiro oi que ela falou.

- O Dion me convidou, a gente é amigo há bastante tempo então estou aqui o tempo inteiro.

- Na estufa?

- Ah, não. Sam disse que você veio nessa direção.

- E para o que exatamente estava me procurando? - Digo lembrando do baseado queimando sozinho nos meus dedos.

Levanto o baseado dando um trago e levando os dedos próximos ao seu lábio. Ela aproxima os lábios e traga o baseado entre meus dedos.

Ela me olha nos olhos e tenho certeza que está tentando descobrir o que se passa nessa minha linda cabecinha. Mas sinto muito por essa missão automaticamente falha porque eu também estou tentando descobrir há muito tempo.

- Fiquei curiosa. - Ela diz soltando a fumaça próximo ao meu rosto enquanto se senta mais perto encostando nossas pernas.
Desço meu olhar para o seu corpo. Está vestindo uma jaqueta de couro preta e um vestidinho verde musgo com meia calça, nos pés botas de combate.

- Sobre? - Pergunto tragando e a olhando nos olhos.

- Você. - Ela diz e pega o baseado quando eu a ofereço. - Fizemos o último ano no mesmo colégio, você é amiga do irmão gêmeo do meu melhor amigo e mesmo assim nunca nos encontramos, nem uma vez.

- Talvez o "destino" não queira que tenhamos nenhum contato. - Digo sorrindo, dou um trago e encosto a cabeça no encosto do sofá soltando a fumaça enquanto olho rapidamente para as estrelas e depois fito seus olhos.

- E você acredita no "destino"? - Imita minha ironia.

- Aceitar que tudo está escrito de antemão é renunciar à liberdade e à própria vida.

- Você sabia que para a mitologia grega e romana, o destino era a personificação de uma deusa que tinha o poder de determinar tudo, até mesmo o que deveria acontecer com outros deuses?

- As moiras. Na mitologia grega, eram três irmãs lúgubres, que eram responsáveis por fabricar, tecer e cortar aquilo que seria o fio da vida de todos nós. As moiras usavam a Roda da Fortuna, que é o tear utilizado para tecer os fios. As voltas da roda posicionam o fio do indivíduo em sua parte mais privilegiada (o topo) ou em sua parte menos desejável (o fundo), assim explicando os períodos de boa ou má sorte de todos nós. - Digo e por um mísero segundo ela desce o olhar para a minha boca voltando a fitar meus olhos.

AA: Meus Olhos Verdes Só Enxergam Laranja Onde histórias criam vida. Descubra agora