capítulo 7

530 52 1
                                    

AYSHA BAIKER

LOS ANGELES, CA
ARTDANCE
29.08.2023
20H20 PM

Quando estou com minhas ponteiras nos pés aprendendo aquela coreografia para depois ver o quanto aquilo ali vale a pena para mim eu fico incrédula, todos os movimentos vão me modelando e um sentimento incrível de confiança se desperta em mim, tudo ao meu redor some e eu só vejo a luz, o espelho, a barra e eu.

Faço um pencil spin - aerial invert - butterfly - brass monkey - lovehug ao som de Vídeo game | Lana del Rei finalizando a aula.

Pego minha garrafa d'água indo em direção ao banheiro/vestuário.

Depois de tomar um banho coloco um suéter cinza de gola alta e uma calça jeans e nos pés meu Nike dunk low green paisley que vim. E claro, meu óculos.

(...)

Assim que chego na esquina do Death path ouço a música alta.

Amo aquele lugar desde sempre, o Death path é o bar da minha família há muito tempo e eu tenho tantas memórias lá. A festa pós casamento dos meus pais foi aqui. Quando eu e Sam tínhamos 15 anos tomamos nosso primeiro shot bem aqui. Dei meu primeiro beijo no beco bem lá atrás.

E nossa aconteceram tantas outras coisas que tornam esse lugar um lar para mim e minha família.

Desço do carro entrando pelos fundos e encontro Sam no depósito.

- Está muito cheio? - Pergunto a ajudando a pegar a caixa para repôr no freezer.

- Não tanto, é quarta feira e todos na faculdade estão ocupados então hoje está mais de boa do que semana passada. Mas tem um grupo de homens que estão bêbados a beça.

- Faltam 3 horas pra troca de turno, se eles derem problemas a gente dá um jeito. Will, Ambar e Corb estão de prontidão? - Pergunto repondo as bebidas.

- Sim e já os deixei avisados.

Vejo Corb próximo ao bar em sua pose de segurança prestando atenção ao grupo de homens mas sei que está ligado a cada movimento a sua volta assim como Ambar e Will.

A música não está tão alta então dá para conversar tranquilamente, o bar é mais frequentado pelos universitários mas como estamos no começo do primeiro período eles estão ocupados com as coisas da faculdade. Então sobram os que foram traídos ou enganados sofrendo no balcão, os velhos bêbados, grupos de mulheres mais velhas tendo uma noite entre amigas e até pessoas trabalhando no lugar mais reservado nos fundos.

Mas sei que no fim de semana vai estar tão lotado que já sinto minha cabeça martelando.

Faltando uma hora e meia pra eu e Sam irmos pra casa vejo uma movimentação estranha e ouço vozes bem altas.

Os seguranças só podem agir em último caso então saio de trás do balcão indo em direção a movimentação.

- Senhores peço que não se elevem tanto, estão incomodando os outros clientes. - Digo vendo dois deles discutindo enquanto os outros dois dão altas gargalhadas.

- Olha só o que temos aqui! - Um deles se levanta apoiando uma mão na mesa enquanto se inclina de lado. - Você trabalha aqui gracinha?

- É claro que ela trabalha aqui idiota, qual o seu nome gracinha? - Outro diz fazendo os outros sorrirem em minha direção.

- Gostaria de pedir para terem o mínimo de educação, respeitarem os outros clientes e pararem de gritar. - Digo séria e dou um passo para atrás.

AA: Meus Olhos Verdes Só Enxergam Laranja Onde histórias criam vida. Descubra agora