capítulo 9

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ALLISON CONTI

LAGUNA BEACH, CA
31.08.2023
22H12 PM

Estamos eu e Thomas no meu carro a caminho de uma festa em outra cidade onde praticamente não conhecemos ninguém.

Estou usando um vestido preto de alcinha com um decote por todo meu colo e de renda que vai somente até o começo das minhas coxas com um fenda no lado direito, com uma meia preta transparente até minhas coxas, uma gargantilha, nos pés saltos versace medusa pretos.

— Estamos indo a uma festa em outra cidade onde você conhece apenas uma pessoa? — Pergunto.

— Duas.

— Ah, claro. Estamos indo a uma festa em outra cidade onde você conhece duas pessoas.

— Já fomos a algumas onde não conhecíamos ninguém e você se divertiu e não se importou com isso.

Não falo nada já que contra fatos não há argumentos.

— Se você cogitar se aproximar do meu carro com alguém eu arranco seu pau. — Vocifero.

— Calma Alli. Eu não correria esse risco. — Ele diz sorrindo. — Mas se eu estiver bêbado eu não vou me lembrar então... “Se eu não lembro, eu não fiz".

— Seu desgraçado, você ainda é menor de idade perante a lei dos Estados Unidos.

— E desde quando você se importa com isso? Se você não sabe em todos os estados e o governo federal criminalizam a posse de drogas ilícitas para uso pessoal.

— Eu não uso drogas. — Ele me olha de soslaio. — Maconha não é droga seu otário. Eu não uso nada perigoso ok. E eu não sei porque eu estou me explicando, você não tem nem 20 anos e já fez mais loucuras do que minha nona.

Ele sorri com aquele sorriso fofo dele. Mas não se engane, ele é golpe puro.

Estaciono na esquina da casa ouvindo a música eletrônica tocando a todo vapor.

Assim que Thomas desce do carro meu celular toca. Olho para a tela “mamma” penso duas vezes antes de atender.

— Vamos?

— Vai na frente, eu preciso fazer um negócio.

Ele concorda com a cabeça e se afasta.

Ciao mamma. — Atendo no terceiro toque.

Ciao Allison, sono riuscito a chiamarti solo ora. (Olá Allison, só pude te ligar agora.) — Ela diz e sei que vai usar a mesma desculpa de sempre. — Sono stato molto impegnato com il lavoro, la stampa è pazza. (Estive muito ocupada com o trabalho, a imprensa está uma loucura.)

Lo sono sempre.— Digo. — Non sono a casa mamma.

Hai già trovato um corteggiatore?!(Já arranjou um pretendente?!) — Diz e lá vai ela. — Ci presenterai finalmente a uma brava figlia d’uomo? ( Finalmente irá nos apresentar um homem descente filha?) — Ela diz como sempre destacando a palavra homem.

No mamma, non esco com nessuno. (Não mãe, eu não estou namorando com ninguém.) — Digo respirando fundo e decepcionada. Decepcionada não porque a gente só se decepciona com as atitudes de uma pessoa quando esperamos algo dela.

Minha mãe não parece que algum dia vá aceitar minha sexualidade, me assumi pansexual quando fiz 15 anos. No início minha mãe pensou que era apenas uma invenção para chamar atenção já que eles não foram tão presentes na minha infância, estavam sempre trabalhando ou posando para revistas. Até que um dia aos meus 16 anos dei o meu primeiro beijo e foi com uma garota, minha mãe descobriu e fiquei de castigo por uma semana. Desde aquele dia minha mãe nunca mais parou de tentar forçar namoros com qualquer menino “descente” que aparecia.

AA: Meus Olhos Verdes Só Enxergam Laranja Onde histórias criam vida. Descubra agora