capítulo 25

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ALLISON CONTI

LOS ANGELES, CA
ACADEMIA
25.09.2023
06H00AM

Assim que desço do carro logo meus fones de ouvido e passo na roleta.

Tríceps, peito e ombros hoje. 

Depois da mobilidade inicio o treino no supino reto, 3x14 e 15 minutos de intervalo.

Não consigo parar de pensar nessa tal entrevista.

Thomas avisou ontem que daríamos uma entrevista, nada confirmado porque ele quer a aprovação do grupo.

Thomas acha que como estamos subindo a carreira seja bom dar um pouquinho do que nós somos e deixar uma pitada de curiosidade também.

Acho que se eles ficarem mais curiosos podem acabar descobrindo.

Dion gostou da ideia, Cole surtou e eu não sei o que pensar.

Acho que talvez isso seja muito arriscado.

A ideia de formarmos uma banda foi do Thomas e aí eu disse que podíamos ser anônimos.

Minha família não pode descobrir isso de jeito nenhum.

Cole gostou por conta de sua carreira no esporte e Dion porque não queria piorar mais sua relação com o pai.

O Thomas quase soltou fogos, ele tem uma necessidade de se esconder louca. Mas eu não posso dizer nada porque se isso vazar talvez eu possa literalmente morrer.

Uma entrevista pode acabar de vez com o meu sonho e com a minha vida.

Não acho que seja fácil saberem nossa identidade, mas basta descobrir um gêmeo para descobrirem todos nós.

Olhando pelo lado da razão eu diria um NÃO mas meu coração não se aguenta, é o meu sonho, é o sonho deles. Eu não posso estragar isso.

Eu sei que Thomas tem tudo planejado em sua mente e sei que ele é bom e nós também somos.

Se der errado todos nós caímos e se der certo todos nós vencemos.

Então é com certeza um SIM.

Bebo um pouco de água e volto para mais uma série.

(...)

Paro de frente ao meu armário para guardar meu material.

Alguém esbarra em mim me fazendo derrubar meu celular e canetas no chão.

Me agachei para pegar e não ouvi uma desculpa, o que me faz ficar um pouco chateada.

Pessoas sem educação me irritam.

— Ops! 

Levanto e vejo Carla e Sasha lado a lado em minha frente.

— Desculpa. — Sasha se desculpa.

— Sasha, não se desculpe com essa mulher. Ela que estava ocupando espaço demais no corredor.

— Esse é o prédio de Ciências humanas.

— Continua sendo um corredor.

A ignoro e fecho meu armário dando as costas.

— Ei, ainda não acabamos.

Continuo andando e ouço seus saltos baterem nos pisos atrás de mim.

— Espere. — Ela para na minha frente. — Não vire as costas para mim. — Ela ajeita os fios loiros enquanto a fito entediada. — Eu vou dar uma festa.

— Legal. — Desvio e sigo meu caminho para fora do campus.

— Estou te chamando para ir na minha festa.

Essa vadia louca.

— É na sexta.

É cada uma que me aparece.

As loiras que eu conheço são todas assim.

Eu não gosto delas.

Será que isso é algum preconceito? Acho que já ouvi falar de um preconceito contra pessoas loiras.

Devo me sentir culpada?

Eu não odeio todas as loiras mas eu também não as amo.

Subo na moto e vou direto para casa.

Assim que chego em casa vou direto para a cozinha preparar algo para comer no trabalho.

Pensando em comida, me lembro de ter visto um restaurante japonês em algum lugar aqui perto.

Confesso que só fiquei com vontade de experimentar por causa dos milhões de vídeos que Thomas me mandou sobre temaki.

Nunca experimentei e nem acho atraente comida crua, mas decidi experimentar então vou lá na semana que vem.

Depois de lavar as mãos pego os ingredientes para um lanche rápido.

Queria fazer um doce mas não tenho tempo de esperar para comer.

Vou fazer.

Vou fazer panna cotta.

Assim que termino metade dos preparativos a despejo em um recipiente grande e a coloco na geladeira.

O correto seria deixar apenas por duas horas mas eu só volto mais tarde e minha tia está de plantão então vai ficar bem durinho.

Subo para o meu quarto para tomar banho e coloco meu uniforme.

Assim que vou para a garagem vejo mais uma vez a bicicleta que minha tia comprou para mim quando soube que eu vinha morar aqui.

Nunca aprendi a andar e ninguém nunca me ensinou, então não dá para simplesmente montar nela e sair por aí.

Por mais que eu não ache adequado, ir trabalhar de moto é a minha única opção.

Não vou levar meu carro para o trabalho.

Já andei a autobus antes mas foi bem pouco, sempre que andei nunca estava sozinha e sempre fui às escondidas então eu já conhecia muito bem meu destino. 

Não vou arriscar.

Assim que estaciono nos fundos do restaurante vejo a moça do expediente antes do meu sair.

Até que não está tão cheio.

A noite vai ser tranquila hoje.

(...)

Eu te procurei por muito tempo e quando finalmente te achei me acovardei e não tive a coragem de ir até seu encontro.

Espero que minha ajuda esteja sendo relevante para você.

Não quero te assustar mas sei que pode ser inevitável já que no começo a sua existência me assustou bastante.

Talvez o nosso encontro esteja mais próximo do que eu imaginava.

Desconhecido 

Oi

...


AA: Meus Olhos Verdes Só Enxergam Laranja Onde histórias criam vida. Descubra agora