capítulo 38

275 38 2
                                    

ALLISON CONTI

LOS ANGELES, CA
07.10.2023
13H24PM

Saímos pelo portão de trás direto pra rua.

— Eu queria agradecer por ontem...

— Bom, ninguém nunca me agradeceu por isso, mas... — Ela fez uma cara estranha.

— O que... Não, não estou agradecendo pelo sexo. — Uma risada me escapa.

Ela fica vermelha no mesmo instante. Gosto de pessoas que ficam vermelhas, é como se não pudessem esconder uma reação.

— Estou agradecendo por ter me ajudado no negócio da piscina, realmente não foi legal. — Ela concorda com a cabeça mas não diz nada. — Mas obrigada pelo sexo também, foi realmente esclarecedor.

Ela finalmente me olha. Nos olhamos andando pela rua.

— Esclarecedor... É a primeira vez que ouço isso, o que eu esclareci? 

— Eu com certeza tenho sentimentos fortes por você. — Ela não desvia o olhar do meu mas não esbanja nenhuma reação. — Só não decidi se são positivos ou negativos. 

— Então não foi tão esclarecedor assim. 

— Verdade, acho que vamos ter que fazer mais vezes. Na minha casa? 

Ela finalmente sorri e me empurra com uma das mãos.

— Babaca.

— Bab- o que? 

— Babaca. 

— Nunca ouvi essa palavra, o que significa? 

— É uma pessoa idiota. — Ela sorri. — Vai, repete comigo. — Nós duas paramos. — Ba...

— Ba.

— Ba...

— Ba.

— Ca. Babaca.

Eu me aproximo e beijo ela.

Seus lábios avançam sobre os meus juntando nossas línguas sobre a mesma velocidade.

Suas mãos em meu rosto enquanto as minhas descansam sobre sua cintura.

Me inclino para trás e ela me acompanha e depois me puxa pra frente e sorri. 

O beijo é lento e com desejo mas também é calmo e carinhoso. Como se estivéssemos brincando em um parque de diversões. 

Dou um último selinho nela enquanto ela sorri e se afasta de mim.

— Sua idiota, você sabe o que é babaca não é? 

— Sim. — Um sorriso se espalha sobre meus lábios. — Mas você estava tão fofa que eu não aguentei. 

Viramos em outra rua.

Ela sorri desacreditada.

Sempre que sorri uma coisa muda na minha cabeça, alguma fada deve nascer no mundo ou algo do tipo. Eu ficaria ao seu lado umas mil vidas e deixaria fazer o que quisesse comigo se esse sorriso durasse para sempre.

Sim ou não, ruiva? 

Você poderia controlar a minha vida inteira, me ter na palma das suas mãos...

Que pensamentos são esses? Não mesmo.

Odeio sua boca macia e seu sorriso bonito, odeio suas mãos nem um pouco delicadas, odeio como você fica tão bem de verde, odeio como seus insultos soam sexy demais aos meus ouvidos, odeio como suas costas são definidas e delicadas, odeio seu cabelo, odeio como os seus fios laranjas fazem um ótimo contraste com os meus fios pretos.

Você é muito difícil de esquecer então talvez eu tenha que te odiar.

— O que foi? — Ela coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha ainda com um meio sorriso nos lábios.

Linda.

— Nada. 

— Aysha? — Uma mulher baixa e bonita vem em nossa direção.

— Oi! Há quanto tempo não nos vemos. 

— Sim! — Elas se abraçam. — Uns 4 anos? 

— Nossa, sim. Olha só pra você, está linda! 

— E você tão ruiva como sempre. — Elas trocam sorrisos.

Sorrisos feios, não gosto desses sorrisos.

— Allison, essa é a Blair minha amiga de infância. Blair, essa é a Allison.

Apertamos as mãos.

E sem dizer nenhuma palavra ela se vira pra ruiva.

Maleducato.

— Acredita que eu ainda tenho todas as fotos do seu aniversário de 9 anos? 

— Não acredito. Jura? 

— Sim, eu posso te mandar por e-mail. 

— Poxa. Eu não trouxe o celular. 

Estranho.

Porque eu lembro muito bem de ver ela colocar o celular no bolso quando chamei ela pra dar uma volta. 

Olho para a menina.

— Ah, então você pode passar lá no meu dormitório, está tudo lá.

Que atirada, ela nem disfarça.

Não está me vendo aqui?

— No seu dormitório?

Se bem que eu não sou ninguém para interferir em nada aqui.

— É aqui perto, pode até dormir lá. A gente faz uma noite das garotas pra relembrar os últimos tempos.

O que.

— Não tem necessidade. — Me intrometo. 

Elas duas me olham.

— Podemos até comer o bolo que a minha mãe fazia pra gente.

Ela acabou de me ignorar?

— Eu estou com o meu celular aqui. Pode me passar que depois eu passo pra ela.

A ruiva me olha feio enquanto disfarça e puxa meu celular da minha mão.

— Vamos fazer o seguinte, você me passa seu endereço que qualquer dia eu apareço por lá.

Ela passa o endereço pra ruiva e se despede. 

 A ruiva se vira pra mim, sorri e sai andando. 

Assisto ela andar de costas pra mim, ela é tão linda.

Precisa desses segundos assim, a vendo se distanciar de mim. 

Ela se vira e me chama.

Meus pés finalmente se movem e me tiram do lugar, observo seus olhos e o seu olhar é a razão pra te querer mesmo se não conseguir me esperar.

AA: Meus Olhos Verdes Só Enxergam Laranja Onde histórias criam vida. Descubra agora