AA: Meus Olhos Verdes Só Enxergam Laranja

capítulo 45

AYSHA BAIKER

LOS ANGELES, CA
16.10.2024
21H19PM

Um som alto nos assusta.

Um tiro atinge a árvore a 10 metros na esquerda de onde estamos.

Allison derruba a gente de costas no chão.

— Se abaixem.

— O que está acontecendo?! 

Tento acalmar Dion enquanto a Sasha mesmo abaixada começa a recolher as coisas.

Em situações de perigo, o sistema nervoso autônomo simpático produz uma série de alterações fisiológicas importantes para o corpo humano. Essa resposta do organismo é chamada de reação de luta ou fuga e provoca a liberação de adrenalina na corrente sanguínea.

— Temos que correr. 

Allison não olha na minha direção.

Está olhando para a floresta.

Seus olhos se movem devagar como se nem piscasse, sua respiração por mais ofegante que esteja não faz barulho.

— Não podemos correr na direção das bicicletas, o tiro veio de lá. Também não podemos ficar aqui nem mais um segundo.

Ela levanta e nós levantamos juntos.

— Essa floresta é muito grande, até chegarmos no lago deve demorar pelo menos 1 hora. 

— Quanto menos a gente fala, mais a gente corre.

Ela pega a mochila do Dion e caminha para dentro do mato.

Nós a seguimos. 

Peguei meu celular e apertei o alerta para avisar meus pais.

Corremos pela floresta até outro tiro ser chicoteado na nossa direção.

— Por que estão atirando na gente?! — Sasha pergunta aparentemente desesperada. 

Allison pede pra ela ficar quieta e correr mais rápido.

Piso em falso.

O mundo a minha volta gira enquanto ouço alguns gritos ao longe, acho que rolei por alguns metros abaixo.

Estava prestando muita atenção nela.

Sinto minha consciência se esvaindo, deve ser por isso que sinto algo meio molhado.

Bati a cabeça.

ALLISON CONTI 
FLORESTA, CA
21H46PM

— Vocês vão na frente.

— Não mesmo, não vamos deixar vocês aqui! 

Respiro fundo porque essa situação só está me deixando estressada.

Não faço a mínima ideia de quem são esses atrás da gente.

Só sei que são amadores e isso é perigoso porque por mais que não estejam na intenção de matar podem acabar matando sem querer. 

Eles só estão aqui pra assustar, isso já ficou claro.

— Cala a boca e respira. Se vocês ficarem aqui só vão me atrapalhar. — Passo a mochila pro Dion e Sasha pega na mão dele. — Sigam essa reta aqui que a gente se encontra lá no final.

Eles correm.

Desço a ladeira e paro ao lado da ruiva.

Inconsciente.

Porra. Ela está sangrando.

Tiro seus óculos quebrados e jogo longe, passo a mão sobre o sangue pra ver a ferida.

Não é profunda.

Respiro fundo e pego ela no colo.

Olho lá pra cima.

Não vou conseguir subir, sigo a reta ali em baixo. 

Não consigo correr, meu corpo está meio em choque. Estou fraca, não estou preparada para situações assim onde há pessoas que dependem de mim. 

Olho para a ruiva em meus braços. 

Um tiro soa perto demais.

Me escondo atrás de uma árvore.

Olho para trás e vejo um cara de chapéu verde com argolas e barba longa. 

Ele atira em outra árvore.

Nem está se esforçando.

Ando o mais rápido que eu consigo.

Depois de algum tempo a ruiva abre os olhos.

Coloco ela sentada com cuidado.

— Consegue me ouvir? Está enxergando alguma coisa? 

Ela olha na minha direção e se levanta.

— Consigo ouvir. Argh! minha cabeça está doendo muito. — Ela tira a xuxa e prende o cabelo. — Estou enxergando embaçado, cadê meu óculos? 

— Quebrou, precisamos ir.

— Cadê o Dion e a Sasha?

— Foram na frente, vamos. 

Seguro sua mão e nós corremos o mais rápido que conseguimos.

Vejo ao longe a abertura pra estrada.

Está perto.

Não ouço mais tiros.

Não ouço mais nada.